Regionalismo (literatura) – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Regionalismo é uma corrente literária. No Brasil, está associada ao movimento do romantismo.[1][2]
No Brasil
[editar | editar código-fonte]Devido ao fato de a povoação do Brasil ter ocorrido em regiões distintas e distantes entre si (litoral nordestino, litoral fluminense e interior mineiro, por exemplo), o traço cultural de cada região influenciou o próprio desenvolvimento idiomático do português, ao longo da história. Em outras palavras, em cada região brasileira a língua portuguesa sofreu diferentes influências culturais, e por isto incorporou diferentes formas de expressão, o que aos poucos deu origem a diferentes dialetos, diferentes modos de expressar ou representar uma mesma ideia ou história, um mesmo sentimento ou conceito.[1][2]
Contexto histórico
[editar | editar código-fonte]Ao longo do século XIX, surgem escritores voltados à produção de obras saudosistas, que se propõem a realizar uma retomada romântica do Brasil dos séculos XVI, XVII e XVIII.[1][2]
Por conta disto, costuma-se estudar o regionalismo a partir dos romances coloniais de José de Alencar e das poesias indianistas de Gonçalves Dias, que no século XIX nascem daquela aspiração patriótica de fundar a nobreza do país em um passado mítico. Esta aspiração põe o regional acima do nacional, e esta pode ser a definição mais simples e eficiente a respeito do que vem a ser o sentimento regionalista. São obras simbólicas dessa época O Gaúcho e O Sertanejo, ambas de José de Alencar.[1][2]
No começo do século XX a matéria rural voltou a ser tomada a sério, assumida nos seus precisos contornos físicos e sociais dentro de uma concepção mimética de prosa. É o caso do regionalismo de Valdomiro Silveira e de Simões Lopes Neto, que resultou de um aproveitamento literário das matrizes regionais.[1][2]
Simões Lopes Neto chega a transpor para o português escrito a linguagem própria do gaúcho, com termos castelhanos e expressões características. Algo muito semelhante fazem os Modernistas, ao buscar no interior do país a síntese do próprio Brasil. Macunaíma, de Mário de Andrade, também transpõe a linguagem do brasileiro — no caso, do nortista e do nordestino – com termos indígenas e expressões populares.[1][2]
Mais tarde, em Guimarães Rosa, o regionalismo sofre uma metamorfose que o trará de novo ao cerne da ficção brasileira. É a permanência e transformação do regionalismo no Romance de 30 de escritores como o baiano Jorge Amado, o gaúcho Érico Veríssimo, o paraibano José Lins do Rego, o paraense Dalcídio Jurandir e o alagoano Graciliano Ramos. Aqui, o autor realista descreve sua terra e sua gente não com exaltação, mas de maneira mais centrada e reflexiva, numa tentativa de compreender o momento presente, as desigualdades sociais, a formação da elite, etc.[1][2]
Esta é, aliás, a grande diferença entre o regionalismo visto pelos românticos e o regionalismo ressaltado pelo Realismo. No primeiro havia um sentimento de idealização, de caráter otimista, de exotismo, ao passo que no segundo investiga-se o humano em suas relações com o meio, com a linguagem, a paisagem e a cultura de uma determinada região.[1][2]
Contemporaneamente, alguns textos (especialmente os de investigação histórica) preservam matizes fortes de regionalismo, como no caso dos gaúchos Luiz Antônio de Assis Brasil, Fernando Neubarth, Valesca de Assis, Pedro Stiehl e Pedro Jalvi.[1][2]
Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- BOSI, Alfredo (1994). História concisa da Literatura Brasileira 42 ed. São Paulo: Cultrix
- MOREIRA, Maria Eunice (1982). Regionalismo e Literatura no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: EST