Manta Rota – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Povoação do Concelho de Vila Real de Santo António | ||
Localização | ||
País | Portugal | |
Região | Algarve | |
Concelho | Vila Real de Santo António | |
Freguesia | Vila Nova de Cacela | |
Características geográficas | ||
População total (2011) | 957 hab. |
Manta Rota é uma pequena localidade da freguesia de Vila Nova de Cacela, e do concelho de Vila Real de Santo António, famosa pela sua praia, que constitui uma das principais estâncias balneares do Algarve. A sua grande extensão, aliada a um clima mediterrânico caracterizado por temperaturas agradáveis todo o ano e a águas calmas e tépidas durante o período balnear são factores que atraem todos os anos milhares de turistas nacionais e estrangeiros.
Localização[editar | editar código-fonte]
A praia da Manta Rota localiza-se a cerca de dois quilómetros da sede de freguesia, dez quilómetros a ocidente da sede do concelho, quinze quilómetros a ocidente da Ponte Internacional do Guadiana, dez quilómetros a oriente de Tavira, quarenta quilómetros a oriente da capital de distrito (Faro) e a quarenta e cinco quilómetros do Aeroporto Internacional do Algarve. Possui acesso à Estrada Nacional 125. A praia dista ainda dois quilómetros de Vila Nova de Cacela.
Demografia[editar | editar código-fonte]
Segundo o censo de 2011, a localidade tinha 957 habitantes.
História[editar | editar código-fonte]
Na região em torno da Manta Rota foram encontrados importantes vestígios da colonização romana. Junto da nora de uma quinta foi achado um vaso cerâmico com moedas; datava dos séculos III e IV d.C. No século XIX ainda eram visíveis os alicerces de grandes edifícios e profusão de ânforas e lucernas. A villa da Manta Rota foi estudada por Leite de Vasconcelos e Estácio da Veiga refere a existência de vestígios islâmicos.
Durante a ocupação romana a região de Cacela integrava-se na circunscrição administrativa da cidade de Balsa. As principais produções eram azeite, vinho, carne, produtos hortícolas e frutos, com destaque para a produção de figos. Estrabão referiu que a prosperidade da região se devia ao comércio marítimo feito em navios mercantes ao longo da costa e em pequenas embarcações nos rios e estuários.
Ao longo da costa do sotavento algarvio existem diversos vestígios de estruturas fabris, incluindo a região da Manta Rota, que exploravam as riquezas do mar e da ria através da pesca, da recolha de púrpura do búzio ''Murex brandaris'', da salga e preparação de molhos de peixe e da produção de sal. A pesca da sardinha, espécie abundante na baía de Monte Gordo, foi a actividade dominante. A pesca da baleia, atum e espadarte também desempenharam um importante papel na economia local.
Durante o domínio islâmico, Cacela foi o centro administrativo e militar de uma região agrícola, iqlim, que se estendia até Alcoutim, e tinha como fronteira oriental o território de Niebla. A região foi governada pela família Darrag.
Após a conquista do castelo de Cacela pelas tropas da Ordem de Santiago de Espada, em 1240, o rei D. Sancho II doou esta fortificação, cabeça de comenda de uma extensa região, àquela ordem militar. D. Dinis concedeu carta de foral a Cacela em 1283. A vila e seu termo passaram a ter conselho de homens-bons e alcaide. As terras foram então divididas entre a Coroa e a Igreja. Nos séculos seguintes, devido aos constantes ataques de corsários e piratas do Magrebe, o litoral ficou despovoado, e a população dispersou-se pelas quintas situadas entre a serra e o litoral. O assoreamento e alterações da linha costeira também contribuíram para a fuga da população.
Com a construção de Vila Real de Santo António o antigo concelho de Cacela, que integrava territórios das actuais freguesias de Odeleite e do Azinhal foi extinto. Em 1774 Cacela passou a integrar o novo concelho de Vila Real de Santo António.
A 24 de Junho de 1833 D. António José de Sousa Manuel e Meneses Severim de Noronha, Conde de Vila Flor e Duque da Terceira, desembarcou na praia da Lota com um contingente de 2500 homens. As tropas liberais atravessaram então o Algarve e o Alentejo e seguiram vitoriosas rumo a Lisboa. Este evento revelou-se fundamental para a vitória de D. Pedro IV contra os apoiantes de D. Miguel I durante a guerra civil portuguesa.
Características Naturais[editar | editar código-fonte]
A praia da Manta Rota faz parte de uma vasta área arenosa litoral que se estende desde a foz do rio Guadiana até à Península de Cacela. A oeste da praia da Manta Rota situa-se a Praia de Cacela Velha, também conhecida como praia de Cacela, e a leste encontra-se a Praia da Lota, também designada por praia do Alto ou praia do Sítio do Alto.
O clima apresenta as características comuns ao restante litoral do sotavento algarvio.
Os verões são longos, secos e quentes, embora as temperaturas médias máximas em Julho e Agosto rondem os 28/30 °C, bem inferiores àquelas que se verificam noutras regiões do sul de Espanha e de Portugal; por outro lado, é considerável o número médio de noites tropicais (noites em que a temperatura não desce abaixo dos 20°C) do litoral algarvio nesta estação. Os Invernos são curtos, chuvosos e suaves. Nesta altura do ano as temperaturas mínimas médias rondam os 9°C.
O litoral do sotavento algarvio é uma das regiões mais quentes de Portugal Continental. A sua temperatura média anual ronda os 18°C.
Uma das características do litoral do sotavento algarvio é a influência acentuada dos ventos de leste. A presença destes ventos anuncia normalmente um aumento considerável temperatura da água do mar, que em anos recentes atingiu os 28°C. São os chamados dias de «levante».
Pontos de interesse[editar | editar código-fonte]
A praia da Manta Rota localiza-se no extremo oriental do Parque Natural da Ria Formosa, importante zona húmida e ponto de observação de aves migratórias.
A partir desta praia podem ser feitas caminhadas junto à Ria Formosa até à aldeia histórica de Cacela Velha, permitindo a observação de uma arriba fóssil, de vestígios de uma calçada de origem romana e de diversos ecossistemas, tais como dunas litorais ou sapais . Na foz da Ribeira de Cacela existe uma importante jazida fóssil, com características únicas a nível nacional e europeu. A fauna e a flora são muito diversificadas, sendo importante salientar a presença de um grande número de espécies de aves aquáticas, bem como uma importante população de camaleão.
A Península de Cacela constitui a continuação do areal e do cordão dunar da praia da Manta Rota para nascente; o restinga arenoso separa o mar da ria. Em 2009 a praia de Cacela Velha foi considerada uma das dez melhores praias da Europa para a prática de caminhadas.[1] A península arenosa, devido ao seu isolamento, é frequentada pelos amantes do naturismo.[2] A pequena península é também popular entre a comunidade gay e lésbica [3]
No final do mês de agosto realizam-se as festas em honra de São João da Degola, tendo o seu ponto alto com o banho santo na manhã de 29 de Agosto, evocando os tempos em que os habitantes da Serra do Caldeirão desciam ao litoral para se banharem no oceano.
O ex-primeiro-ministro Pedro Passos Coelho foi um dos mais famosos veraneantes da Manta Rota, assim como o artista Pedro Cabrita Reis, a apresentadora de televisão Maya ou o escritor e jornalista João Lopes Marques.
Equipamentos de apoio turístico[editar | editar código-fonte]
A praia encontra-se certificada com bandeira azul, possuindo normalmente duas concessões bem equipadas. Nos últimos anos tem existido equipamento de apoio para deficientes motores. Em 2007 terminou o processo de reordenamento urbanístico e ambiental da praia, que incluiu a colocação de passadeiras de madeira sobreelevadas, calcetamento dos parques de estacionamento nascente e poente, criação de uma praceta pública, requalificação do cordão dunar e abertura de novos estabelecimentos comerciais e de restauração. Em 2008, por iniciativa da autarquia, abriu o primeiro clube de praia estival do sotavento algarvio, pelo qual passaram nas suas três edições alguns dos principais nomes da música de dança nacional e internacional. No Verão de 2010 ocorreu a abertura do segundo clube de praia da Manta Rota. Em 2011, a praia da Manta Rota foi considerada uma das melhores praias do país pela associação ambientalista Quercus.
Na Manta Rota, bem como nos seus arredores, encontram-se diversos alojamentos (pensões, residenciais, turismo rural, hotéis, apartotéis), estando projectados novos alojamentos de qualidade. Existem ainda quatro campos de golfe: Quinta da Ria e Quinta de Cima (junto à aldeia da Fábrica), Monte Rei e Benamor (já na freguesia de Conceição de Tavira).
A gastronomia nesta região do sotavento algarvio é muito diversificada. Nos restaurantes locais predominam os pratos à base de peixe fresco, marisco, polvo e chocos, típicos da alimentação tradicional do litoral algarvio. Contudo, a variedade gastronómica local não se fica por aqui, incluindo alguns pratos únicos como sopas e saladas frias (gaspacho algarvio, salada de ovas frescas, estopeta de atum), e ainda papas de milho com conquilhas, feijoada de lingueirão e açorda de galinha caseira.