Manuel Gomes da Costa – Wikipédia, a enciclopédia livre

Manuel Gomes da Costa
Manuel Gomes da Costa
10.º Presidente da República Portuguesa
Período 17 de junho de 1926[1]
a 9 de julho de 1926
Antecessor(a) José Mendes Cabeçadas
Sucessor(a) Óscar Carmona
Presidente do Ministério de Portugal
Período 17 de junho de 1926
a 9 de julho de 1926
Antecessor(a) José Mendes Cabeçadas
Sucessor(a) Óscar Carmona
Dados pessoais
Nome completo Manuel de Oliveira Gomes da Costa
Nascimento 14 de janeiro de 1863
Lisboa, Portugal
Morte 17 de dezembro de 1929 (66 anos)
Lisboa, Portugal
Cônjuge Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936)
Partido Independente (até 1917 e 1918–1929), Partido Centrista Republicano (1917–1918)
Profissão militar
Assinatura Assinatura de Manuel Gomes da Costa
Serviço militar
Lealdade Portugal
Serviço/ramo Exército Português
Anos de serviço 1884-1929
Graduação Marechal do Exército
Comandos 1º e 16º regimentos de infantaria (1915-1917);
1ª Brigada da Força Expedicionária Portuguesa em França (1917-1918);
4ª divisão (1921-1922)
Conflitos Primeira Guerra Mundial

Manuel de Oliveira Gomes da Costa, também conhecido como Marechal Gomes da Costa GOAGOTEGCA (Santa Isabel, Lisboa, 14 de janeiro de 1863São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 17 de dezembro de 1929) foi um militar e político português, presidente do Ministério acumulando com a chefia do Estado, fazendo dele o de facto décimo presidente da República Portuguesa e o segundo da Ditadura Nacional.

Nasceu em Lisboa, na Rua do Sol ao Rato, número 205, da freguesia de Santa Isabel, descendente de militares, era filho de Carlos Dias da Costa, à data sargento quartel mestre do Regimento de Infantaria n.º16, natural de Pombalinho, Soure, e de Madalena Rosa de Oliveira, natural de Lisboa. Cresceu com duas irmãs mais novas, Amália e Lucrécia, iniciando o seu percurso militar aos 10 anos, ingressando no Colégio Militar.

Carreira militar

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Generais Tamagnini, Haking e Gomes da Costa

Enquanto soldado, destacou-se nas campanhas de pacificação das colónias, na Índia e em África, e ainda na I Grande Guerra. Ao lado dos Aliados, em inícios de 1917, comandou a Segunda Divisão do Corpo Expedicionário Português. Durante a Batalha de Lys, em 9 de abril de 1918, o CEP teve 400 baixas e cerca de 6 500 prisioneiros, um terço de suas forças na linha de frente. A divisão de Gomes da Costa foi particularmente atingida e foi praticamente exterminada.

A 15 de Fevereiro de 1919 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis,[2] a 14 de Setembro de 1920 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar da Torre e Espada e a 5 de Outubro de 1921 foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de Avis.[3]

Um monárquico convicto, Gomes da Costa tinha convivido com pessoas de várias convicções políticas. Isso e a sua reputação de soldado levaram-no a liderar a direita conservadora, cujos revolucionários lideraram o golpe de estado de 28 de maio de 1926 em Braga, que derrubou a Primeira República, depois da morte do general Alves Roçadas, sua escolha original, que deveria ter sido seu chefe.[2]

Depois do sucesso da revolução, ele não assumiu o poder a princípio, confiando os cargos de Presidente da República e Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) a José Mendes Cabeçadas, o líder da revolução em Lisboa. Logo os líderes do golpe não gostaram da atitude de Mendes Cabeçadas, uma escolha do anterior presidente Bernardino Machado e ainda simpatizante da antiga república. Ele foi substituído por Gomes da Costa em ambos os cargos numa reunião do quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926. O novo governo foi o primeiro a incluir o depois primeiro-ministro e ditador de Portugal, António de Oliveira Salazar, como ministro da Fazenda.

Marcha de tropas de Gomes da Costa em Lisboa, 28 de Maio de 1926

O governo de Gomes da Costa durou tanto quanto o de Mendes Cabeçadas, porque foi derrubado por um novo golpe em 9 de julho do mesmo ano. Esta contrarrevolução foi chefiada por João José Sinel de Cordes e Óscar Carmona, depois de Gomes da Costa tentar remover Carmona como ministro das relações exteriores e de se revelar incapaz de lidar com os dossiers governativos.

Exílio e posteridade

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Carmona, agora presidente do Ministério, enviou-o para o exílio nos Açores, e fê-lo marechal do Exército Português, usando o pretexto de que Gomes da Costa era "inapto para o cargo".[2] Ainda exerceu algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Em Setembro de 1927,[4] regressou já doente ao Continente, tendo falecido em condições miseráveis, sozinho, pobre e desligado do poder, dois anos depois.[2][4] Faleceu em casa, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, sendo a causa de morte insuficiência cardiorrenal. O funeral seguiu para o Cemitério do Alto de São João.

Parte do seu espólio literário encontra-se na Biblioteca Nacional de Portugal. Encontra-se colaboração sua na revista Contemporânea[5] (1915-1920).

Gomes da Costa foi casado com Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936), cujo matrimónio ocorreu em Penamacor, a 15 de Maio de 1885. Deste casamento tiveram três filhos: Estela de Mira Godinho Gomes da Costa (1889-1968),[6] que casou com Pedro Francisco Massano de Amorim (1862-1929), Governador da Índia, viúvo de Elvira Gorjão de Oliveira Amorim, sem descendência; Manuela de Mira Godinho Gomes da Costa (1891-1969),[6] que casou com João Herculano de Melo e Moura (1893-1990), com descendência, e posteriormente no estado de divorciada com Joaquim Nunes Ereira, de quem não teve filhos; Carlos Gomes da Costa (1892-1967),[6] que casou com Helena do Carmo May de Oliveira, com descendência.

Condecorações

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Condecorações Nacionais

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Obras publicadas

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Escultura de Gomes da Costa, do escultor Barata Feyo
  • Gaza: 1897-1898. Lisboa: M. Gomes, 1899.
  • A Grande Batalha do C. E. P. (A Batalha do Lys) 9 de Abril de 1918. Lisboa : Livraria Popular de Francisco Franco, 1919.
  • O Corpo de Exército Português na Grande Guerra: A Batalha do Lys: 9 de Abril de 1918. Porto : Tip. Renascença Portuguesa, 1920.
  • A guerra nas colonias: 1914-1918. Lisboa :Portugal-Brasil, 192_.
  • Soldados de Portugal. Macau: Imprensa Nacional, 1923.
  • Descobrimentos e conquistas. Lisboa: Serv. Gráf. do Exército, 1927.
  • Descobrimentos e conquistas: Afonso de Albuquerque: 1569-1915. Lisboa: Imprensa Nacional, 1929.
  • Memórias. Prefácio de Aires de Ornelas; posfácio do Coronel Ferreira do Amaral. Lisboa: A. M. Teixeira & C.ª, 1930.
  • A revolta de Goa e a campanha de 1895-1896. Lisboa : Soc. Ind. de Tipografia, 1939.

Referências

  1. Braga, Paulo Drumond (2010). «Os Presidentes da República Portuguesa : sociologia de uma função» (pdf) 
  2. a b c d «Gomes da Costa». Porto Editora. Infopédia. Consultado em 17 de dezembro de 2012 
  3. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Manuel de Oliveira Gomes da Costa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 28 de novembro de 2014 
  4. a b «Manuel Gomes da Costa». Presidência da República Portuguesa. Consultado em 22 de setembro de 2024 
  5. Contemporânea [1915]-1920) (cópia digital, Hemeroteca Digital)
  6. a b c «Manuel Gomes da Costa». Museu da Presidência da República. Consultado em 18 de setembro de 2024 
  7. a b c «Entidades nacionais agraciadas com ordens portuguesas - Página oficial das ordens honoríficas portuguesas». www.ordens.presidencia.pt. Resultado da busca de "Manuel Gomes da Costa". Presidência da República. Consultado em 20 de dezembro de 2020 

Ligações externas

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