Maria Antónia da Áustria – Wikipédia, a enciclopédia livre
Maria Antónia | |
---|---|
Princesa-Eleitora da Baviera | |
Reinado | 15 de julho de 1685 a 24 de dezembro de 1692 |
Predecessora | Henriqueta Adelaide de Saboia |
Sucessora | Teresa Cunegunda Sobieska |
Dados pessoais | |
Nascimento | 18 de janeiro de 1669 Palácio Imperial de Hofburg, Viena, Áustria, Sacro Império Romano-Germânico |
Morte | 24 de dezembro de 1692 (23 anos) Palácio Imperial de Hofburg, Viena, Áustria, Sacro Império Romano-Germânico |
Sepultado em | Cripta Imperial, Viena, Áustria |
Nome completo | Maria Antónia Teresa Josefa |
Marido | Maximiliano II Emanuel, Eleitor da Baviera |
Descendência | Leopoldo Fernando da Baviera António da Baviera José Fernando da Baviera |
Casa | Habsburgo (por nascimento) Wittelsbach (por casamento) |
Pai | Leopoldo I do Sacro Império Romano-Germânico |
Mãe | Margarida Teresa da Espanha |
Religião | Catolicismo |
Maria Antónia Teresa Josefa de Habsburgo (em alemãol: Maria Antonia Theresia Josepha von Habsburg; 18 de janeiro de 1669 – 24 de dezembro de 1692) foi uma arquiduquesa da Áustria por nascimento e Princesa-Eleitora da Baviera por casamento com Maximiliano II Emanuel. Foi uma figura central na política europeia do final do século XVII por ser durante sua vida a herdeira por direito ao trono espanhol, disputado pelas principais potências da época.
Início de vida
[editar | editar código-fonte]
Por Gerard Du Chateau, c. 1670. No Museu Nacional da Baviera.
Nascida em 18 de janeiro de 1669, no Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, a arquiduquesa Maria Antónia era a segunda filha do Imperador Romano-Germânico Leopoldo I e de sua esposa Margarida Teresa da Espanha,[1][2] a musa da pintura As Meninas de Velázquez.
O seu nascimento é resultado de uma endogamia crônica praticada pelos Habsburgos durante os séculos XVI e XVII.[3] O seu pai Leopoldo era, simultaneamente, tio materno da mãe de Maria Antónia, bem como seu primo co-irmão. Além disso, os seus avós maternos, Filipe IV da Espanha e Maria Ana da Áustria, também eram tio e sobrinha. Seu coeficiente endogâmico era maior do que o de uma criança nascida de um pai e filho, ou irmão e irmã.[3]
Desde a infância, Maria Antónia foi uma jovem inteligente e culta, partilhando a paixão musical de seus pais.[carece de fontes]
O último Habsburgo da Espanha, o rei Carlos II, não teve descendência devido às suas graves deformidades e doenças. De acordo com as leis sucessórias espanholas, Maria Antónia seria a sua legítima sucessora se tivesse vivido o tempo suficiente, uma vez que era a única filha sobrevivente da imperatriz Margarida Teresa, irmã de rei Carlos II. Outra irmã de Carlos II, Maria Teresa, foi desprovida de qualquer direito ao trono espanhol quando do seu casamento com o rei Luís XIV da França, mediante pagamento de um grande dote de 500 000 escudos.[4] No entanto, a Espanha nunca pagou a quantia acordada, o que levou Luís XIV, posteriormente, a reclamar o trono espanhol para os descendentes de Maria Teresa.[5]
Durante a sua infância, ficou decidido que ela casaria com o seu tio materno, o rei Carlos II, mas este plano acabou por se gorar por circunstâncias políticas.[6][7] Como alternativa, pensou-se em casá-la com Vítor Amadeu II, Duque de Saboia, projeto que também falhou.[8] Em 1680, sua tia materna, Maria Teresa tentou casá-la com seu filho, o Grande Delfim da França, mas o plano foi frustrado pelo próprio Luís XIV, que decidiu casar o Grande Delfim com Maria Ana Vitória da Baviera. De qualquer forma, o pai de Maria Antónia, o imperador Leopoldo I, não queria fazer uma aliança com a França.[8]
Casamento
[editar | editar código-fonte]
Finalmente, Maria Antónia casou com Maximiliano II Emanuel, o Príncipe Eleitor da Baviera, da casa de Wittelsbach, em 15 de julho de 1685 em Viena.[9][10] Maximiliano casou-se com ela movido pela ambição de herdar o trono espanhol. Na altura do casamento, houve um desacordo entre a avó materna de Maria Antónia, a rainha Maria Ana da Espanha, e seu pai imperador Leopoldo I. Maria Ana era leal aos direitos dinásticos da neta acima dos da casa de Habsburgo,[11][12] ao passo que Leopoldo I defendia a hegemonia da dinastia sobre os territórios que reinava e, numa tentativa de fortalecer a reivindicação de seu filho José,[13] fez Maria Antónia renunciar a seus direitos ao trono logo após seu casamento.[14][15][16] Em troca, Leopoldo I fez do genro o novo governador dos Países Baixos Espanhóis.[17]
O casamento deles foi muito infeliz,[15] pois o extrovertido Maximiliano e a introvertida e séria Maria Antónia tinham pouco em comum. Apesar das diferenças, o casal teve três filhos: Leopoldo Fernando (1689), Antônio (1690) e José Fernando (1692–1699),[18] herdeiro do trono espanhol. Maria Antónia teria sido ofendida pela constante infidelidade de Maximiliano e, quando foi nomeado governador dos Países Baixos Espanhóis, e partiu para Bruxelas na companhia de sua amante Condessa Canozza, Maria Antónia partiu para o pai em Viena para dar à luz, e manifestou que não pretendia voltar para o marido. O imperador Leopoldo I ficou ofendido com o comportamento do genro, pois enquanto Maria Antónia estava grávida. Quando o imperador lhe escreveu pedindo que se separasse da condessa, Maximiliano Emanuel respondeu, indignado, que ele deveria ficar fora da sua vida conjugal.
No entanto, Maximiliano Emanuel também queria ter boas relações com os parentes espanhóis de sua esposa, como evidenciado pelas cartas que ele costumava escrever para a avó dela, a rainha Maria Ana da Espanha. Por exemplo, um mês antes de Maria Antónia dar à luz, Maximiliano Emanuel escreveu à rainha espanhola:
«Minha querida esposa continua sua gravidez em Viena com ótima saúde. Pensei que deveria retornar a Munique para dar a mim mesmo e aos meus súditos o conforto de ela dar à luz lá; Mas já que os médicos em Viena explicaram as más consequências que a viagem poderia trazer, tenho que me privar desse consolo. Caso contrário, peço a Deus que tudo fique bem...» |
Morte e consequências
[editar | editar código-fonte]Maria Antónia morreu em 18 de janeiro de 1669, no Palácio Imperial de Hofburg, em Viena, de complicações no pós-parto do terceiro e último filho, José Fernando.
Como sobrinha de Carlos II da Espanha, Maria Antónia foi de grande relevância em conexão com a sucessão ao trono espanhol,[19] que era uma questão política importante no final da Europa do século XVII. Um de seus filhos, José Fernando, era de importância central para a política européia no final do século XVII, apesar de sua juventude, como pretendente ao trono da Espanha em antecipação à mãe após a mãe da extinção da Casa de Habsburgo em aquele país.[9][11] A morte de José Fernando antes da de Carlos II, o último rei dos Habsburgos da Espanha, ajudou a desencadear a Guerra da Sucessão Espanhola..[20] Se ele tivesse sobrevivido a Carlos, as potências européias provavelmente o teriam permitido entrar no trono da Espanha.[21][22]
Árvore genealógica
[editar | editar código-fonte]Filipe III da Espanha[23][24] 1578–1621 | Margarida da Áustria[23][24] 1584–1611 | Fernando II Imperador Romano-Germânico[25] 1578–1637 | Maria Ana da Baviera[25] 1574–1616 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Maria Ana da Espanha[25] 1606–46 | Fernando III Imperador Romano-Germânico[25] 1608–57 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Filipe IV da Espanha[26] 1605–65 | Maria Ana da Áustria[26] 1634–96 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Margarida Teresa da Espanha 1651–1673 | Leopoldo I Imperador Romano-Germânico 1640–1705 | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Maria Antónia da Áustria 1669–1692 | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
Referências
- ↑ Spielman 1977, p. 57.
- ↑ Frey & Frey 1983, p. 14.
- ↑ a b Ceballos, F C; Álvarez, G (2013). «Royal dynasties as human inbreeding laboratories: the Habsburgs». Heredity. 111 (2). p. 114–121. ISSN 0018-067X. PMC 3716267
. PMID 23572123. doi:10.1038/hdy.2013.25
- ↑ Dunlop 2000, p. 54.
- ↑ Wolf 1968, p. 117.
- ↑ Karl Möckl, ed. (1990). «Maria Antonia, Erzherzogin von Österreich». Neue Deutsche Biographie (NDB) (em alemão). 16. 1990. Berlim: Duncker & Humblot. pp. 180 et seq..
- ↑ Karl Möckl: Maria Antonia. In: Brigitte Hamann (Hrsg.): Die Habsburger, 1988, S. 304.
- ↑ a b Oliván Santaliestra, Laura; Anderson, Roberta; Suner, Suna (2021). «The Influence of the Sucession Crisis of the Second Half of the Seventeenth Century Over Royal Marriage Alliances: The Cases of Prince Baltasar Carlos, Felipe IV, Leopold I and Carlos II». In: Rocío Martínez López. Gender and Diplomacy: Women and Men in European Embassies from the 15th to the 18th Century (em inglês). [S.l.]: Hollitzer Wissenschaftsverlag. ISBN 978-3-9901-2835-0
- ↑ a b Langdon-Davies 1963, p. 88.
- ↑ Spielman 1977, p. 125.
- ↑ a b Mitchell 2013, p. 411.
- ↑ Langdon-Davies 1963, p. 145.
- ↑ Mitchell 2019, p. 229.
- ↑ Gaxotte, Pierre (1970). The Age of Louis XIV. Traduzido por Michael Shaw. Nova Iorque: Macmillian Company. p. 288–289. Consultado em 24 de novembro de 2023
- ↑ a b Spielman 1977, p. 171.
- ↑ Frey & Frey 1983, p. 13.
- ↑ Spielman 1977, p. 170.
- ↑ Frey & Frey 1983, p. 6-7.
- ↑ Mitchell 2013, p. 422.
- ↑ Wheatcroft 1996, p. 204.
- ↑ Bluche, François (1990). Louis XIV. Traduzido por Greengrass, Mark. Nova Iorque: Franklin Watts. p. 516. ISBN 978-0-531-15112-9. Consultado em 21 de novembro de 2023
- ↑ Kamen, Henry (1969). The War of Succession in Spain, 1700-15. Londres: Weidenfeld & Nicolson. p. 3. ISBN 978-0-297-17777-7. Consultado em 21 de novembro de 2023
- ↑ a b Wurzbach, Constantin von, ed. (1861). "Habsburg, Maria Anna von Spanien". Biographisches Lexikon des Kaiserthums Oesterreich (em alemão). Vol. 7. p. 23 – via Wikisource.
- ↑ a b Wurzbach, Constantin von, ed. (1861). "Habsburg, Philipp IV". Biographisches Lexikon des Kaiserthums Oesterreich (em alemão). Vol. 7. p. 122 – via Wikisource.
- ↑ a b c d Wurzbach, Constantin von, ed. (1861). "Habsburg, Maria Anna (Königin von Spanien)". Biographisches Lexikon des Kaiserthums Oesterreich (em alemão). Vol. 7. p. 24 – via Wikisource.
- ↑ a b
Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Charles II. (King of Spain)». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Friedrich Weissensteiner: Liebeshimmel und Ehehöllen - Heyne Taschenbuchverlag 1999 - ISBN 3-453-17853-X
- Frey; Frey, Marsha (1983). A Question of Empire: Leopold I and the War of Spanish Succession, 1701–1705. Nova Iorque: Columbia University Press. p. 6,13,14. ISBN 0-88033-038-4
- Langdon-Davies, John (1963). Carlos: The King Who Would Not Die. Englewood Cliffs, NJ: Prentice Hall
- Mitchell, Silvia Z (2013). Mariana of Austria and Imperial Spain: Court, Dynastic, and International Politics in Seventeenth-Century Europe . Consultado em 21 de novembro de 2023
- Mitchell, Silvia Z. (30 de maio de 2019). Queen, Mother, and Stateswoman: Mariana of Austria and the Government of Spain. [S.l.]: Penn State Press. ISBN 978-0-271-08412-1
- Spielman, John Philip (1977). Leopold I. Londres: Thames and Hudson. ISBN 978-0-500-87005-1
- Wheatcroft, Andrew (1996). The Habsburgs: Embodying Empire. Londres: Penguin Books. ISBN 978-0-14-023634-7. Consultado em 21 de novembro de 2023
Maria Antónia da Áustria Casa de Habsburgo 18 de janeiro de 1669 – 24 de dezembro de 1692 | ||
---|---|---|
Precedida por Henriqueta Adelaide de Saboia | ![]() Princesa-Eleitora da Baviera 1685 — 1692 | Sucedida por Teresa Cunegunda Sobieska |
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Maria Antonia of Austria».