Marianne Peretti – Wikipédia, a enciclopédia livre
Marianne Peretti | |
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Marianne Peretti, então com 83 anos, na sede no STJ. | |
Nome completo | Marie Anne Antoinette Hélène Peretti |
Nascimento | 13 de dezembro de 1927 Paris, Île-de-France, França |
Morte | 25 de abril de 2022 (94 anos) Recife, Pernambuco, Brasil |
Nacionalidade | brasileira francesa |
Prémios |
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Área | Vitrais Pintura Desenho Escultura |
Website | http://www.marianneperetti.com.br/ |
Marie Anne Antoinette Hélène Peretti, conhecida como Marianne Peretti (Paris, 13 de dezembro de 1927 — Recife, 25 de abril de 2022), foi uma artista plástica brasileira. Viveu em Pernambuco, estado de origem de sua família paterna[2][3].
Considerada a mais importante vitralista do Brasil, foi a única mulher a integrar a equipe de artistas da construção de Brasília.[3]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Filha da modelo francesa Antoinette Louise Clotilde Ruffier e do historiador pernambucano João de Medeiros Peretti, Marie Anne Antoinette Hélène Peretti nasceu em Paris, França, no dia 13 de dezembro de 1927.[3] Cresceu e foi educada em Paris, tendo sido expulsa do Lycée Molière e do Lycée Victor Duruy por fugir da escola para pintar. Ainda lá, estudou desenho e pintura, como a aluna mais jovem, com 15 anos, na École Nationale Supérieure des Arts Décoratifs e depois foi para a Académie de La Grande Chaumiére, em Montparnasse,[4][5] onde foi aluna de Édouard Goerg e de François Desnoyer; fez sua primeira exposição individual na Gallerie Mirador.[6][5]
Veio morar em definitivo no Brasil em 1956, onde passou a desenhar e pintar pelo Ceará, Pernambuco e Bahia.[5] Participou da 5ª Bienal em São Paulo, onde ganhou o prêmio de melhor capa pelo livro, As Palavras, de Jean-Paul Sartre. Realizou várias exposições, individuais e coletivas, em Paris, São Paulo, Olinda, Rio de Janeiro e outras cidades.[6] Também executou esculturas, vitrais e relevos para edifícios públicos e residências particulares, em grandes cidades do Brasil, especialmente São Paulo, Brasília e Recife, e países da Europa, principalmente França e Itália.[5]
Brasília
[editar | editar código-fonte]Oscar Niemeyer conheceu o trabalho dela já no Brasil, em um vitral feito para a arquiteta Janete Costa, ele a convidou para participar de seus projetos. A partir de então, passou a se concentrar mais nessa arte.[5]
Sobre a construção da capital nacional ela afirma, “Era tudo de repente e tudo muito rápido, porque a cidade estava sendo inventada e tínhamos de nos adaptar a esse ritmo, de fazer o melhor em pouco tempo”. O primeiro vitral foi o da capela do Palácio do Jaburu.[4]
“Me emocionava vê-la durante meses debruçada a desenhar os vitrais. Eram centenas de folhas de papel vegetal que coladas representavam um gomo da catedral”.[4] Marianne Peretti é uma artista de excepcional talento, os vitrais maravilhosos que criou para a Catedral de Brasília, são comparáveis pelo seu valor e esforço físico as obras da renascença. Sua preocupação invariável é inventar novas coisas, influir com seu trabalho no campo das artes plásticas.[6]— Oscar Niemeyer
Controvérsia
[editar | editar código-fonte]Em 2016, o jornal O Estado de S. Paulo denunciou que a principal obra da artista então situada no Senado Federal, um painel doado por ela em 1978, com mais de 200 peças de vidro, chamado "Alumbramento", havia sido desmontada e abandonada no depósito do Senado nos anos 1990, onde teria ficado por duas décadas esquecida e só agora voltava a ficar exposta. A artista teria dito que, “Estava jogado no chão, como num ferro-velho. Quem fez isso não tem a sensibilidade necessária, deveriam buscar saber quem foi o responsável”[7].
A iniciativa de restaurar a obra teria partido de uma empresa de produção cultural privada (B52 Desenvolvimento Cultural, de Recife). O Senado teria aceitado ceder os restos da estrutura para uma exposição, com a condição de que a produtora pagasse todos os custos e devolvesse a obra pronta.[7]
O Senado emitiu nota, negando com veemência o suposto descaso praticado com Marianne Peretti, declarando que a obra sofreu danos com os anos e precisava de restauração, por iniciativa única da instituição a restauração foi possível, com concordância da artista e solicitação de uso posterior da B52 Desenvolvimento Cultural.[8] Em 8 de novembro de 2016 a obra pôde ser reinaugurada pelos presidentes do Senado, Renan Calheiros e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia.[9]
Morte
[editar | editar código-fonte]Marianne Peretti morreu no dia 25 de abril de 2022, no Real Hospital Português do Recife. A causa da morte não foi informada.[10]
Foi enterrada em 30 de abril de 2022 no Cemitério Campo da Esperança, em Asa Sul, Brasília.[11]
Principais obras
[editar | editar código-fonte]Vitrais
[editar | editar código-fonte]- Catedral de Brasília - Brasília, Distrito federal.
- Panteão da Pátria - Brasília, Distrito federal.
- Palácio do Jaburu - Brasília, Distrito federal.
- Superior Tribunal de Justiça - Brasília, Distrito federal.
- Câmara dos Deputados - Brasília, Distrito federal.
- Memorial JK - Brasília, Distrito federal.
- Capela do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF/5ª) - Recife, Pernambuco.
- Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) - Recife, Pernambuco.
- Memorial da Cabanagem - Belém, Pará.
- Memorial Teotônio Vilela - Maceió, Alagoas.
- Edifício do Grupo Burgo - Turim, Itália.
Murais e esculturas
[editar | editar código-fonte]- Escultura em bronze, no hall de entrada da Escola de Contas Públicas Professor Barreto Guimarães, do TCE-PE. - Recife, Pernambuco.
- Escultura em ferro da Assembleia Legislativa do Piauí - Teresina, Piauí.
- Escultura em bronze do Teatro Nacional Cláudio Santoro - Brasília, Distrito federal.
- Escultura da biblioteca do Memorial da América Latina - São Paulo, São Paulo.
- Escultura para o Le Volcan (Centro Cultural Le Havre) - Le Havre, França.
- Escultura para a Editora Mondadori - Milão, Itália.
- Painéis esculturais do Senado Federal - Brasília, Distrito federal.
- Mural do Museu do Carnaval - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
- Mural da Câmara Sindical de Eletricidade - Paris, França.
Livro
[editar | editar código-fonte]- Marianne Peretti: A Ousadia da Invenção (B52 Desenvolvimento Cultural, 2015)
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Lúcio Costa
- Oscar Niemeyer
- Joaquim Cardozo
- Arquitetura moderna
- Arquitetura de catedrais e grandes igrejas
- Rosácea (arquitetura)
Referências
- ↑ «DIÁRIO OFICIAL DA UNIÃO - Seção 1 | Nº 180, quarta-feira, 20 de setembro de 2023». Imprensa Nacional. 20 de setembro de 2023. p. 5. Consultado em 31 de janeiro de 2024
- ↑ «Morre aos 94 anos Marianne Peretti, artista responsável por vitrais de Brasília e única mulher da equipe de Oscar Niemeyer». G1. Consultado em 29 de abril de 2022
- ↑ a b c «Marianne Peretti». GPS Brasília. Consultado em 4 de novembro de 2016
- ↑ a b c Ferraz, Ana (setembro de 2015). «Luz monumentalːLivro revisita a trajetória de Marianne Peretti, modernizadora do vitral». Editora Confiança. Carta Capital (865). Consultado em 8 de novembro de 2016
- ↑ a b c d e «Marianne Peretti». Netsaber. Consultado em 7 de novembro de 2016
- ↑ a b c «Artista». Site Oficial Marianne Peretti. Consultado em 7 de novembro de 2016. Arquivado do original em 2 de março de 2012
- ↑ a b Bonfim, Isabela (3 de outubro de 2016). «O painel 'Alumbramento' volta para o Senado». O Estado de S. Paulo. Consultado em 7 de novembro de 2016
- ↑ «Senado esclarece instalação do painel "Alumbramento", de Marianne Peretti». Assessoria de Imprensa do Senado Federal. 3 de outubro de 2016. Consultado em 7 de novembro de 2016
- ↑ «Presidentes do Senado e da Câmara inauguram painel de Marianne Peretti». Senado Federal. 8 de novembro de 2016. Consultado em 25 de junho de 2017
- ↑ «Ibaneis sobre morte de Peretti: "Merece ser lembrada entre os grandes"». Metrópoles. 29 de abril de 2022. Consultado em 29 de abril de 2022
- ↑ «Corpo da vitralista Marianne Peretti é sepultado em Brasília». G1. Consultado em 30 de abril de 2022