Miolo de Salvador – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Bairro do Brasil | ||
Localização | ||
Coordenadas | ||
Unidade federativa | Bahia | |
Município | Salvador | |
Características geográficas | ||
Área total | 115 km[1] | |
Outras informações | ||
Limites | Orla de Salvador, Subúrbio Ferroviário[2] |
O Miolo de Salvador é a denominação dada à região onde existem 41 bairros em conjunto ocupando 36,74%% do espaço da cidade.[1] O processo de urbanização e crescimento da cidade de Salvador foi influenciado e construído a partir desta região na década de 1950.[1] Tem seus limites no Subúrbio Ferroviário e na Orla de Salvador.[2]
O crescimento da cidade seguiu o padrão brasileiro, que é o processo oposto da América Anglo-Saxônica, onde a população era realocada para longe dos centros urbanos, porém mantendo um padrão elevado de qualidade de vida nas periferias.[1]
História
[editar | editar código-fonte]1940-1960
[editar | editar código-fonte]O miolo era em sua maior parte uma área rural até o final da década de 1940.[1] Na década de 1950, com a expansão da cidade e a segregação urbana foram formados centros periféricos.[1] Foram feitas alterações no sistema de transporte na década de 1960.[1] A lei nº 2.181 de Reforma Urbana de 1968 tirou uma das possibilidades do município de resolver o problema de habitação urbana.[1] Esta lei transferiu as terras públicas para o mercado imobiliário.[1]
Década de 1970
[editar | editar código-fonte]Na década de 1970 as áreas mais habitadas do Miolo eram o Cabula, Pernambués, Pau da Lima e São Gonçalo do Retiro.[1] Ao redor a população se encontrava dispersa em centros aleatórios, como a Palestina, ou no bairro planejado Castelo Branco.[1]
Neste período resistiam no Miolo os proprietários agrícolas de classe média-alta e alta renda enquanto número de invasões dispararam em larga escala.[1] Também neste momento o Estado brasileiro executa planos de infraestrutura urbana e desenvolve programas de habitação, consolidando projetos como os atuais bairros de Castelo Branco, Narandiba, Mussurunga e Cajazeiras.[1] Estes projetos e o aumento dos custos das terras aceleraram o crescimento das periferias.[1] O Milagre econômico brasileiro ajudou os programas urbanos, porém a má distribuição de renda da época deteriorou a qualidade de vida urbana, culmimando com o crescimento do número de invasões de terra.[1]
"Este tipo de crescimento urbano é recente, caótico e extremamente expressivo e corresponde ao mecanismo que ocorre nas grandes cidades do mundo subdesenvolvido. Estamos falando da expulsão dos pobres, imigrantes ou nascidos na cidade, dos centros urbanos para áreas mais distantes."[1]
(…)
"O processo de formação da periferia é um reflexo espacial da atual articulação entre agentes financeiros, econômicos, políticos, sociais, institucionais e ideológicos tanto na escala local como na global, articulação esta que expressa as relações entre as distintas classes sociais. É a necessidade de satisfação do problema da habitação que gera o processo de formação da periferia."[1]
(…)
"Vale a pena ressaltar que o próprio governo impulsiona este tipo de crescimento urbano quando, como no caso de Salvador por exemplo, constrói grandes conjuntos habitacionais através do Sistema Financeiro de Habitação (SFH) em lugares distantes e quase sem infraestrutura.– Rosali Braga Fernandes, professora da UEFS, UNEB e UCSal[1]
1980-presente
[editar | editar código-fonte]O miolo de Salvador cresceu em níveis superiores ao restante da cidade nas décadas de 1980 e 1990, formando um imenso eixo para o crescimento da cidade que se densificou ainda mais com o tempo.[1]
O Plano de Ocupação para a Área do Miolo de Salvador (Conder; PMS, 1985) apontou que o local era um instrumento de pesquisa fundamental na região, por oferecer condições físico-ambientais e geográficas favoráveis à habitação.[1]
Na década de 2000 a região foi ocupada aceleradamente pela população de baixa renda, através de programas do governo ou por trabalho próprio.[1] O miolo recebe grandes investimentos dos setores secundário e terciário da economia.[1] Apesar de sua relevância o local é pouco conhecido pela população.[1]
Etimologia e localização
[editar | editar código-fonte]O termo miolo foi atribuído ao local por situar-se geograficamente na parte central da metrópole.[1] A denomição foi atribuído ao local a partir dos estudos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano para a vida de Salvador (PLANDURB), na década de 1970.[1] Possui cerca de 115 km e está entre a BR-324 e a Avenida Luís Viana Filho, também conhecida como Avenida Paralela, estende-se a partir da invasão Saramandaia indo até o limite do município ao norte.[1]
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z Rosali Braga Fernandes (20 de julho de 2004). «Processos Recentes de Urbanização / Segregação em Salvador: O Miolo, Região Popular e Estratégica da cidade». Universidade de Barcelona. www.ub.edu. Consultado em 9 de maio de 2019
- ↑ a b Redação (12 de dezembro de 2014). «Novos ônibus coletivos de Salvador terão entrada pela dianteira». Correio (jornal). Rede Bahia. Consultado em 24 de junho de 2019