Omnipotência – Wikipédia, a enciclopédia livre

Separação da luz das trevas por Michelângelo

Omnipotência (português europeu) ou onipotência (português brasileiro) [1] é a qualidade de um ser que tem a capacidade ilimitada de fazer qualquer coisa.

A onipotência é um dos atributos incomunicáveis do ser divino. Diz-se "incomunicável" pois refere-se a um atributo exclusivo, constituinte da natureza mesma de Deus e, portanto, diferente dos chamados "atributos comunicáveis" como por exemplo o amor, sabedoria, santidade, poder, que podem ser compartilhados entre suas criaturas.[2]

Não se pode associar onipotência a fazer o mal, o que cria uma situação relativa entre euteístas e disteístas.

Na psicologia

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Previamente à psicanálise, Freud enxergava a onipotência como algo intrínseco à primeira infância. 'Como Freud e Ferenczi compartilharam, a criança vive em uma espécie de megalomania por um grande período...a " ficção da onipotência".[3] Ao nascer "o bebê é tudo tudo o que ele conhece - "todo poderoso"... cada passo que ele dá em direção a estabilizar seus próprios limites será doloroso pois ele terá que perder esse sentimento de onipotência como se fosse Deus'.[4]

Freud considerou que em um neurótico 'atribui a onipotência a seus pensamentos e sentimentos... é um reconhecimento franco de uma relíquia da antiga megalomania da infância'.[5] Para alguns narcisistas, o 'período primário do narcisismo que subjetivamente acredita não necessitar de nenhum objeto inteiramente independente... talvez reteve ou regrediu progressivamente o... "comportamento onipotente".[6]

D. W. Winnicott teve um olhar mais positivo na crença da onipotência inicial, enxergava como essencial para o bem-estar infantil; e que possuir uma mãe "suficientemente boa" seria essencial para habilitar o 'aprendizado com o imenso choque da perda da onipotência' - oposto a qualquer 'força prematura que o faça sair de seu universo narcisista'.[7][8]

Referências

  1. «omnipotência». Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. Consultado em 9 de dezembro de 2014 
  2. Vickers, Douglas (24 de junho de 2011). Discovering the Christian Mind: Reason and Belief in Christian Confession (em inglês). [S.l.]: Wipf and Stock Publishers 
  3. Moran, E. (setembro de 1975). «The Psychology of Gambling. Edited by Jon Halliday and Peter Fuller. Allen Lane. 1974. Pp. 310. Price £4.50.». British Journal of Psychiatry. 127 (3): 297–297. ISSN 0007-1250. doi:10.1192/bjp.127.3.297-a 
  4. Skynner, Robin (agosto de 1984). «Institutes and how to Survive Them». Group Analysis. 17 (2): 91–107. ISSN 0533-3164. doi:10.1177/053331648401700203 
  5. Freud, Sigmund (1971). «Studies on Hysteria (1893-1895). Chapter II. Case histories: 2. Frau Emmy von N. (Freud)». PsycEXTRA Dataset. Consultado em 18 de junho de 2020 
  6. Fenichel, Otto (16 de janeiro de 2006). «The Psychoanalytic Theory Of Neurosis». doi:10.4324/9780203981580 
  7. Gladwell, Stephen (fevereiro de 1994). «On Kissing, Tickling and Being Bored. By Adam Phillips. London: Faber and Faber. 1993. 143 pp. £14.99.». British Journal of Psychiatry. 164 (2): 278–279. ISSN 0007-1250. doi:10.1192/s0007125000051072 
  8. «In psychology, what is infantile omnipotence?». eNotes (em inglês). Consultado em 18 de junho de 2020 
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