Palácio do Raio – Wikipédia, a enciclopédia livre

Palácio do Raio
Palácio do Raio
Palácio do Raio, Braga.
Informações gerais
Estilo dominante Barroco joanino
Arquiteto André Soares
Construção 1752-55
Património de Portugal
DGPC 74588
SIPA 48
Geografia
País Portugal
Cidade Braga
Coordenadas 41° 32′ 54″ N, 8° 25′ 21″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

O Palácio do Raio, também referido como Casa do Mexicano localiza-se na Rua do Raio, n.º 400, na freguesia de Braga (São José de São Lázaro e São João do Souto), na cidade e no município de Braga, no Distrito de Braga, em Portugal.[1] Este palácio é propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Braga.[2]

É um dos mais notáveis edifícios de arquitectura civil da cidade, em estilo barroco joanino. Na fachada sobressai a exuberância da decoração, desde logo da porta central ricamente trabalhada e também das 11 janelas dividas pelos dois pisos. Os ornatos são assimétricos, dando ao edifício uma dinâmica e um dramatismo que são comuns na obra do arquitecto André Soares.

A obra teve depois uma segunda campanha, nos finais do século XIX, altura em que foram colocados os azulejos que dão o tom azul à fachada, bem como uma porta de vidros coloridos que separa o átrio da caixa de escadas. É desta altura também a pintura dos tectos e da caixa de escadas, atribuída a José Maria Pereira Júnior mais conhecido por Pereira Cão.

O Palácio do Raio está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1956.[3]

D. Miguel José Raio, 1.º Visconde de São Lázaro

Constitui-se em um palácio, erguido entre 1754-1755 por encomenda de João Duarte de Faria, poderoso comerciante de Braga, com projeto do arquitecto bracarense André Soares.

O imóvel foi vendido em 1853 por José Maria Duarte Peixoto, a Miguel José Raio, visconde de São Lázaro, ficando desde então conhecido como "Palácio do Raio". O visconde, nascido em Braga, fizera fortuna no Brasil. Em 1863, abriu a rua em frente ao palácio, para permitir uma melhor visão da sua casa e poder construir duas habitações para as suas filhas.

Com o seu falecimento, em 1882, devido a dificuldades económicas os herdeiros entregaram o palácio ao Banco do Minho em 28 de dezembro de 1882 que, por sua vez, o revendeu, em 1 de outubro de 1883 à Santa Casa de Misericórdia, que nela instalou alguns serviços do Hospital de São Marcos.

Retornou à posse da Misericórdia de Braga em 1912 que realizou obras de restauro profundas.

Encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1956.

Escadaria principal no interior do palácio
Teto pintado

Restaurado em 2015, é o Centro Interpretativo das Memórias da Misericórdia de Braga, recebendo espólio da instituição e dos cuidados de saúde na região. Para isso foi integralmente reabilitado para acolher o núcleo museológico, bem como o acervo documental da instituição.

Do seu acervo fazem parte, máquinas e aparelhos usados nos cuidados médicos, bem como outros utensílios dos antigos hospitais. A iniciativa teve um orçamento de 4,2 milhões de euros usados na reabilitação integral do edifício.

O Centro Interpretativo é constituído por dez salas temáticas com uma resenha histórica e um suporte digital.

O legado artístico de André Soares — autor da obra do palacete do Raio — e de Carlos Amarante em Braga são o ponto de partida para este percurso de ‘memórias’ onde cabem também, por salas, a história da Misericórdia de Braga e das misericórdias no mundo; o Hospital de S. Marcos, com muitos objectos alusivos; a liturgia; a celebração; as procissões, com destaque para a Semana Santa; a pintura religiosa; a escultura religiosa; uma sala dedicada à temática da visitação retratada por um conjunto escultórico para terminar com a ‘galeria’ dos beneméritos e provedores da instituição.

A visita começa com a evocação de dois dos maiores símbolos da arquitetura Bracarense: André Soares e Carlos Amarante. Além da história do próprio Palácio e de todo o processo de recuperação a que foi sujeito, aqui é apresentado o legado artístico dos dois arquitetos e a forma como marcaram a Cidade.

A partir daqui, o visitante é convidado a conhecer a história da Irmandade e da Misericórdia de Braga, com enfoque ao papel desempenhado no assistencialismo e apoio aos mais necessitados.

Nas paredes estão expostos retratos dos Arcebispos que contribuíram para o crescimento da Instituição, enquanto nas vitrinas observam-se diversos objetos, desde as ‘Varas de Mesário’, símbolo de poder na Instituição, passando pela Senhora do Manto Largo, padroeira da Misericórdia, até à ‘Caixa de Despacho’, uma peça do século XVIII quase única no universo das Misericórdias.

E porque falar da Misericórdia é também falar do Hospital de S. Marcos, fundado em 1508, o Centro Interpretativo mostra artigos ligados à botica e utensílios médicos do antigo hospital. Expostos estão ainda documentos dos Séculos XVI, XVII e XVIII que guardam o passado dos cuidados de saúde prestados no Hospital de S. Marcos.

A imponente escadaria do Palácio do Raio é um dos pontos altos da visita. Os painéis de azulejos, a pintura mural e o lanternim merecem uma observação atenta, mas ninguém ficará indiferente ao ‘Turco’, uma escultura situado no topo da escadaria, atribuída também a André Soares.

Grupo escultórico da Visitação proveniente da Igreja da Misericórdia de Braga.

Segue-se um percurso pelas salas dedicadas à Liturgia, onde é exposta parte da coleção de paramentos, e à Celebração, com a apresentação de um conjunto de alfaias litúrgicas de grande valor artístico.

No Centro Interpretativo destaca-se também o património imaterial da Santa Casa relacionado com as Solenidades da Semana Santa. Lanternas e bandeiras processionais, o farricoco e os fogaréus remetem o visitante para a procissão do Senhor Ecce Homo, organizada desde tempos antigos pela Misericórdia.

Noutras duas salas, estão reunidas algumas das mais valiosas peças das coleções de Pintura e Escultura da Santa Casa. Além dos quadros dos Séculos XVII e XVIII, há um conjunto de ex-votos e outras peças de grande interesse histórico e artístico. Na Escultura sobressai o conjunto da Visitação em terracota do Século XVII, originalmente colocado na fachada lateral da Igreja da Misericórdia.

A visita termina com a homenagem aos Provedores e Benfeitores da Santa Casa da Misericórdia de Braga. Neste espaço, são apresentados inúmeros retratos, devidamente identificados e legendados, de grandes personalidades da sociedade Bracarense que, ao longo dos tempos, contribuíram para o crescimento da multisecular Instituição.

A inauguração foi em 28 de dezembro de 2015.

O projecto venceu o Prémio Nacional de Reabilitação Urbana 2016, na categoria Impacto Social.

Referências

  1. Ficha na base de dados SIPA
  2. «Misericórdia de Braga». www.scmbraga.pt. Consultado em 28 de setembro de 2023 
  3. Ficha na base de dados da DGPC

Ligações externas

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