Palacete Faciola – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Fundação | |
Orientação | norte-noroeste (d) |
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Proprietário | |
Estatuto patrimonial | bem de interesse histórico em Belém (d) |
Localização |
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O Palacete Facióla (anteriormente denominado Palacete Silva Santos) é um casarão histórico localizado na Avenida Nazaré no bairro homônimo, na cidade brasileira de Belém (Pará), construído em 1901 no contexto da Belle Èpoque (apogeu de 1890 à 1920).[1][2] Foi morada do senador e intendente Antônio Almeida Fascíola (1865-1936).[3]
O edifício chegou a estar em estado de abandono. O estudo de desapropriação do Palacete Faciola e suas duas casas adjacentes iniciou no ano de 2008 para servir como sede do antigo Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social do Pará (IDESP), mas sua desapropriação só se concretizou em 2016, quando passou a integrar o patrimônio do Governo do Estado, como mais um equipamento da Secult.[4]
História
[editar | editar código-fonte]Após falecimento de Bento José da Silva Santos Junior, um dos herdeiros do Palacete Silva Santos,[5] o prédio foi adquirido pelo arquiteto, pianista e político Antônio Almeida Facióla (livreiro proprietário da livraria Maranhense), patriarca de uma tradicional família de comerciantes de Belém, onde residiu provavelmente a partir de 1916, após mudar-se da Chácara Bem-Bom (Solar Facióla), situada na antiga avenida Tito Franco no bairro do Marco da Légua.[5]
Facióla estudou e diplomou-se em piano pelo Conservatório de Milão e era amigo de Carlos Gomes. Durante a época da extração da borracha, também conhecida como "belle-époque", Belém foi considerada uma das mais importantes cidades do Brasil e o crescimento da economia da borracha impulsionou sua urbanização, com a construção de avenidas, edificações e palacetes residenciais de luxo no centro da cidade.
O palacete foi projetado em 1895 e concluído em 1901, por José de Castro Figueiredo, arquiteto e desenhista paraense, reconhecido como um dos primeiros engenheiros-arquitetos da região. A edificação é o resultado de um período de mudanças sociais e urbanas, marcado pela modernização da cidade inspirada pela chamada sociedade da borracha.
Arquitetura
[editar | editar código-fonte]O palacete, localizado em uma esquina, tinha sua fachada principal alinhada à rua, com um afastamento lateral, onde também existia uma outra entrada social para a casa, feita por um alpendre com lambrequins de madeira e guarda-corpo em ferro. O piso no interior da casa era feito de acapu e pau-amarelo, formando diferentes desenhos. O forro em madeira também era ricamente trabalhado.[6]
Tinha o primeiro pavimento destinado à área social, com as diferentes salas (saleta e sala de estar, saleta nobre, sala de jantar e sala de café), gabinete, varanda, quartos (provavelmente de hóspedes) e onde também se encontravam a área de serviços, a cozinha, os quartos de empregada e os banheiros. Neste pavimento também se encontravam assentados azulejos de origem alemã com motivos florais.[6] O segundo pavimento, de caráter mais privado, contava com os seis quartos da família, integrados por portas, que formavam um grande salão. Neste pavimento havia também um oratório, além do escritório e um banheiro.[6]
Em seu interior, o palacete possui tetos com pinturas em profusões de flores e guirlandas, como se fossem desenhados à mão. O estilo arquitetônico neoclássico do local é herança do artista Antônio José Landi [carece de fontes]. Quando o palacete foi apropriado pelo Estado, este teve a oportunidade de adquiri-lo com todo o mobiliário de época e a diversificada coleção de obras de arte, que fora reunida por Antonio Facióla desde 1936, como vasos de cristal, esculturas, lustres e quadros. As peças desta coleção de Antonio eram assinadas por artistas consagrados no mercado europeu e internacional, como Antonin Larroux, Émile Gallé, Félix Charpentier, entre outros. Foram adquiridos por ele em Paris. Porém essa compra acabou não se concretizando e o acervo cuidadosamente guardado por sua filha foi dissipado após a morte dela em 1982.[6]
O palacete possui na fachada o monograma FS (Família Silva Santos), presente em alguns móveis, vidraças e, cristais.[5]
Restauração
[editar | editar código-fonte]Em janeiro de 2020, o governo do Pará, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (Secult), publicou o edital de licitação para as obras de restauração completa do Palacete Faciola, que estava fechado havia quase dezoito anos. O investimento previsto foi de aproximadamente R$ 16 a 18 milhões, com previsão inicial de duração de dois anos e três meses. A expectativa foi entregar o palacete restaurado em 2023. Todo o inventário do palacete já havia sido realizado anteriormente, e a proposta contempla a recomposição completa, desde a fachada com seus azulejos até a parte interna.[7]
A primeira fase do processo para as obras de restauro, revitalização e requalificação do Palacete iniciou em outubro de 2020, com os técnicos do Departamento de Projetos e do Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) da Secult acompanhando a limpeza e catalogação de peças. No canteiro, foram separadas peças como azulejos, ladrilhos e cerâmicas, gradis, portas e adereços de fachada enquanto a equipe aguarda as licenças dos órgãos para poder iniciar as obras.[8]
A obra do Palacete envolve a restauração das fachadas, recomposição espacial dos edifícios, portas e janelas em madeira, reintegração de pisos e forros, recomposição do sistema de cobertura, reintegração de rebocos e revestimentos internos além da urbanização e paisagismo da área externa. Também serão necessários a instalação de sistemas elétricos, hidro sanitários, acústico, de ar condicionado, logística e de prevenção e combate a incêndio.[7][9]
Referências
- ↑ «ROTEIRO AE». belempara. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ «Belém Époque: Palacete Faciola». Belém Époque. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ «O Intendente Senador Antonio Facióla». Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFPA). Universidade Federal do Pará. 24 de setembro de 2011. Consultado em 4 de agosto de 2019
- ↑ «Palacete Faciola será totalmente restaurado em 2020». agenciapara.com.br. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ a b c «Bem-bom a casa dos Faciólas». Laboratório Virtual da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU/UFPA). Universidade Federal do Pará. 24 de setembro de 2011. Consultado em 4 de agosto de 2019
- ↑ a b c d Soares, Karol Gillet (2008). «AS FORMAS DE MORAR NA BELÉM DA BELLE-ÉPOQUE (1870-1910)» (PDF). Universidade Federal do Pará. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ a b «Secult inicia primeira fase do projeto de requalificação do Palacete Faciola». SEPLAD - Secretaria de Planejamento e Administração. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ «Governo autoriza início das obras no Palacete Faciola». Agência Pará de Notícias. Consultado em 1 de abril de 2021
- ↑ Belém.com.br. «Há quase 18 anos fechado, palacete Faciola será restaurado». Belém.com.br. Consultado em 1 de abril de 2021