Pecado capital – Wikipédia, a enciclopédia livre
Os conceitos incorporados no que se conhece hoje como os sete pecados capitais tratam de uma classificação de condições humanas conhecidas atualmente como vícios, que precedem o surgimento do cristianismo, mas que foram usadas mais tarde pelo catolicismo com o intuito de educar os seguidores, de forma a compreender e controlar os instintos básicos do ser humano e assim se aproximar de Deus.
O sete pecados capitais também pode ser compreendidos como vícios emocionais ou mais precisamente como ´paixões´. Nascemos com um repertorio pré-definido de emoções. Vaidade, orgulho, avareza, luxuria, inveja, .... nada mais são do que mecanismos emocionais que nos ajudaram e nos ajudam em nossa sobrevivência. Mas quando tais mecanismos começam a atuar sem causas aparentes tornando-se o centro de nossa personalidade, denominamos ´paixões´.
A lista final, apresentada no século XIII, é a versão aprimorada de uma primeira versão, datada do Século IV. Todo esse esforço em descrever defeitos de conduta tinha um motivo: facilitar o cumprimento dos Dez Mandamentos.[1] Assim, a Igreja Católica classificou e selecionou os pecados da seguinte forma: a tríplice concupiscência que é a raiz dos pecados capitais; pecados capitais que são os pais dos outros vícios; pecados veniais que são perdoáveis sem a necessidade do sacramento da confissão e os pecados mortais que são merecedores de condenação por ferirem os dez mandamentos de Deus.[2] A partir de inícios do século XIV a popularidade dos sete pecados capitais entre artistas da época resultou numa popularização e mistura com a cultura humana no mundo inteiro.
Os sete pecados capitais
[editar | editar código-fonte]Gula
[editar | editar código-fonte]A gula é o desejo insaciável por comida e por bebida. Segundo tal visão, a gula também está relacionada com o egoísmo humano: querer adquirir sempre mais e mais, não se contentando com o que já tem, uma forma de cobiça.
Ganância (Avareza)
[editar | editar código-fonte]A ganância (ou avareza) é o apego excessivo e descontrolado ao se ter tudo o que se deseja, fazendo de forma certa ou errada para se obter algo que sempre quis possuir.
Sua virtude oposta é a generosidade.
Luxúria
[editar | editar código-fonte]A luxúria (do latim luxuria) é o desejo passional e egoísta por todo o prazer sensual e material. Também pode ser entendido em seu sentido original: “deixar-se dominar pelas paixões”.
Consiste no apego aos prazeres carnais, corrupção de costumes; sexualidade extrema, lascívia e sensualidade.
Sua virtude oposta é a castidade.
Ira
[editar | editar código-fonte]Conhecida também por cólera, é o sentimento humano de externar a raiva e o ódio por alguma coisa ou alguém. É o forte desejo de causar mal ao outro, e um dos grandes responsáveis pela maior parte dos conflitos humanos no transcorrer das gerações.
Sua virtude oposta é a paciência.
Inveja
[editar | editar código-fonte]A inveja (do latim invidia) 'é o desejo exagerado por posses, status, habilidades e tudo que outra pessoa tem e consegue. A pessoa invejosa ignora suas próprias conquistas e prioriza o status de outra pessoa no lugar do próprio crescimento. O invejoso ignora tudo o que possui, para cobiçar o que é do próximo.
Sua virtude oposta é a caridade.
Preguiça
[editar | editar código-fonte]Do latim acedia. A pessoa com este pecado capital é caracterizada pela Igreja Católica como alguém que vive em estado de falta de capricho, de esmero, de empenho, em negligência, desleixo, morosidade, lentidão e moleza, de causa orgânica ou psíquica, que a leva a uma inatividade acentuada.
Sua virtude oposta é a diligência.
Orgulho (Soberba)
[editar | editar código-fonte]O orgulho está associado à arrogância, soberba, presunção e futilidade. A Vaidade consiste em ser superior a todos. Isso fez com que Lúcifer se sentisse superior a Deus.
Segundo o teólogo São Tomás de Aquino, o orgulho era um pecado tão grande que deveria ser tratado em separado dos demais pecados capitais, merecendo atenção especial. Foi inclusive, chamada de o rei de todos os pecados capitais, porque orgulho tem a ver com o próprio ego e todos os pecados capitais antes de serem vivenciados, pensam somente em si e no prazer que podem adquirir. A Igreja Católica, tira a orgulho e unifica a vanglória de vã glória, auto glorificação, ao orgulho e em consequência á vaidade. Que além da questão estética tem a ver com o narcisismo, a autoafirmação, a arrogância e o orgulho.
Sua virtude oposta é a humildade.
Nome em Latim
[editar | editar código-fonte]- Orgulho, em latim superbia
- Avareza, em latim avaritia
- Luxúria, em latim luxuria
- Inveja, em latim invidia
- Gula, em latim gula
- Ira, em latim ira
- Preguiça, em latim acedia
Com as iniciais destas palavras latinas, formava-se o termo saligia, utilizado como referência aos pecados capitais como um só.
Comparação com os demônios
[editar | editar código-fonte]Em 1589, Peter Binsfeld associou cada um dos pecados capitais com seus respectivos demônios seguindo os significados mais usados. De acordo com Binsfeld's Classification of Demons, esta comparação segue o esquema:
- Asmodeus - Luxúria
- Belzebu - Gula
- Mammon - Ganância
- Belphegor - Preguiça
- Azazel - Ira
- Leviatã - Inveja
- Lúcifer - Orgulho
As 7 Virtudes Humanas
[editar | editar código-fonte]Para cada um dos 7 pecados, também tem uma virtude oposta a ele, que são:
- Vaidade – Humildade
- Avareza – Generosidade
- Luxúria – Integridade
- Inveja – Caridade
- Gula – Moderação
- Ira – Resiliência
- Preguiça – Plenitude
Teoria dos 7 Pecados
[editar | editar código-fonte]Segundo Evágrio do Ponto
[editar | editar código-fonte]De acordo com o livro Sacred Origins of Profound Things (Origens Sagradas de Coisas Profundas), de Charles Panati, o teólogo e monge grego Evágrio do Ponto (345 – 399) teria escrito uma lista de oito crimes (culpas) e "paixões" humanas, em ordem crescente de importância (ou gravidade):
- Gula (desequilíbrio da alimentação)
- Avareza (ganância, desequilíbrio do ter)
- Luxúria (desequilíbrio do prazer que o luxo traz, normalmente ligado ao sexo)
- Ira (desequilíbrio da emoção)
- Melancolia (depressão, desequilíbrio da autoestima para baixo)
- Preguiça (desequilíbrio do descanso)
- Orgulho (desequilíbrio da autoestima para cima)
- Vanglória (vaidade, desequilíbrio da humildade)
Para Evágrio os pecados tornavam-se piores à medida que tornassem a pessoa mais egocêntrica, com o orgulho ou soberba sendo o suprassumo dessa fixação do ser humano em relação a si mesmo. Isso o afastaria do espírito, que é sua origem em Deus.
Segundo Papa Gregório I
[editar | editar código-fonte]No final do século VI o Papa Gregório I transformou o texto avulso numa recomendação oficial da Igreja, reduzindo a lista a sete itens, juntando "vaidade" e "orgulho" (ou "soberba"), e trocando "acídia" (ou "preguiça") por "indolência" e "melancolia" por "inveja". Para fazer sua própria hierarquia, o pontífice colocou em ordem decrescente os pecados que mais ofendiam ao amor:
Segundo Tomás de Aquino
[editar | editar código-fonte]Mais tarde, outros teólogos, entre eles, Tomás de Aquino analisaram novamente a gravidade dos pecados e fizeram mais uma lista. No século XVII, a igreja substituiu "melancolia" – considerado um pecado demasiado vago – por "preguiça".
A lista de Tomás de Aquino dos pecados capitais era:
Os pecados são diretamente opostos às sete virtudes, que pregam o exato oposto dos sete pecados capitais.
Dante Alighieri e o Malebolge
[editar | editar código-fonte]Dante Alighieri foi quem de fato popularizou o conceito dos pecados mortais. Na sua obra-prima, A Divina Comédia, descreveu os diferentes círculos do Inferno e os associou a cada um dos pecados. Na primeira parte da Divina Comédia, Inferno, Dante teve que descer os nove andares do chamado Malebolge (um Inferno em funil). Cada um era dedicado a um pecado, e quanto mais baixo mais graves eram. Os pecados eram: Orgulho, Avareza, Luxúria, Inveja, Gula, Ira, Preguiça, Heresia e Mentira. Os Sete pecados capitais aparecem no Purgatório: Orgulho, Inveja, Ira, Preguiça, Avareza, Gula e Luxúria. Depois do Purgatório, Dante segue para o Paraíso.
Heresia
[editar | editar código-fonte]A heresia é a crença em qualquer outro deus que não Deus, que seriam vistos como demônios. Um herege não tinha fé em Deus, fazendo da heresia um pecado que levava a alma diretamente ao Inferno. Toda e qualquer religião, culto ou crença que não contempla o Deus Judaico-Cristão é considerada pelos cristãos como herege.
Mentira
[editar | editar código-fonte]Distorcer a verdade. A mentira é um pecado gravíssimo, pois uma pessoa pode mentir por diversos motivos, a maioria pecados. Um mentiroso não cumpre um dos seus deveres para com Deus: a confissão.
Papa Bento XVI
[editar | editar código-fonte]Segundo Bento XVI, além da Saligia, os humanos teriam desenvolvido sete pecados capitais modernos. Eles são:
- Pressa: uma pessoa apressada não tem tempo para Deus. A Pressa origina Ira e causa acidentes.
- Manipulação genética: isso seria "brincar de Deus", algo inaceitável.
- Interferir no Meio Ambiente: adicionar imperfeições na Criação de Deus.
- Causar pobreza: retirar dinheiro dos outros por Avareza.
- Ser muito rico: causa desigualdade social, o que é inaceitável pois todos são iguais perante Deus.
- Usar drogas: interferir em seu organismo.
- Causar injustiça social: preconceito e bullying, em sua maioria.
O Vaticano divulgou essa lista ainda neste século, sendo eles os pecados capitais do Século XXI.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ mundoestranho.abril.com.br/ Quem definiu os sete pecados capitais?
- ↑ Canção Nova (24 de setembro de 2010). «Pecado». Wiki Canção Nova. Consultado em 11 de fevereiro de 2015