Razão de Viver (1996) – Wikipédia, a enciclopédia livre

Razão de Viver
Razão de Viver (1996)
Informação geral
Formato Telenovela
Gênero
Duração 50 minutos
Criador(es) Analy Pinto
Zeno Wilde
Baseado em Meus Filhos, Minha Vida, de Ismael Fernandes
Elenco
País de origem  Brasil
Idioma original língua portuguesa
Episódios 168
Produção
Diretor(es) Nilton Travesso
Roteirista(s) Nara Gomes
Tema de abertura "Redescobrir", Elis Regina
Composto por Gonzaguinha
Exibição
Emissora original Brasil SBT
Formato de exibição 480i (SDTV)
Transmissão original 6 de maio – 6 de dezembro de 1996
Cronologia
Programas relacionados Meus Filhos, Minha Vida

Razão de Viver é uma telenovela brasileira produzida e exibida pelo SBT entre 6 de maio a 6 de dezembro de 1996 em 168 capítulos, substituindo Sangue do Meu Sangue e sendo substituída por Dona Anja.

Escrita Analy Pinto e Zeno Wilde, com colaboração de Nara Gomes, supervisão de texto de Chico de Assis, sob direção de Antonino Seabra, Bete Coelho e Del Rangel e direção geral de Nilton Travesso e Henrique Martins. É um remake de telenovela brasileira Meus Filhos, Minha Vida, escrita por Ismael Fernandes em 1984.

Conta com Irene Ravache, Fúlvio Stefanini, Joana Fomm, Adriana Esteves, Marco Ricca, Mayara Magri, Ana Paula Arósio e Eduardo Conde nos papéis principais.

A confecção, cenário de maior parte da trama, se situa no distrito de Santo Amaro, zona sul de São Paulo.

Em 1995 o SBT decidiu produzir um remake de Meus Filhos, Minha Vida (1985), primeira novela original exibida pelo canal uma década antes, após nove adaptação de textos mexicanos.[1] A decisão veio após a emissora avaliar que a original teve uma história elogiada, mas com uma cenografia e técnica pobres pelo momento embrionário da dramaturgia, enquanto já na década de 90 a emissora tinha estabelecido um departamento dramatúrgico com mais qualidade.[2] Ismael Fernandes, autor da original, foi chamado para adaptar a nova versão para a linguagem e temáticas do momento, mas recusou por já ter outros compromissos.[3][4]

Roda da Fortuna, Pedaço de Mim, Amor de Mãe e A Dona do Jogo foram títulos cogitados para o remake, que acabou sendo renomeado como Razão de Viver – título que o próprio SBT já havia usado para uma novela de 1983, porém sem nenhuma relação com esta em questão.[5] Para atualizar obra, Regina criou novos núcleos e buscou inspiração nas relações familiares conflituosas do filme Laços de Ternura (1983).[6] Foi a primeira novela contemporânea produzida pelo SBT desde a retomada da dramaturgia em 1994, fato que animou o diretor Nilton Travesso, que alegou em entrevista que estava com saudades de gravar com "barulho de helicóptero, de trânsito, de celular".[7] A atriz Bete Coelho conseguiu a chance de estrear como uma das diretoras da novela.[8]

As gravações começaram em 10 de março de 1996 e cada capítulo teve um orçamento de 35 mil dólares.[9][10][11]

Escolha do elenco

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A primeira atriz selecionada para compor o elenco da telenovela foi Adriana Esteves, que aceitou protagonizá-la ao lado de seu marido, Marco Ricca. Esteves, conhecida por inúmeros papéis na Rede Globo, afirmou que almejava "ver como [se sairia] em outra emissora".[12] Em seguida, outras personalidades assinaram contrato com o SBT para atuar em Razão de Viver: Irene Ravache, Joana Fomm, Fúlvio Stefanini e Mayara Magri.[13] Todas as cenas foram gravadas na cidade de São Paulo e grande parte da cidade cenográfica que serviu à telenovela Éramos Seis foi reaproveitada.[14]

Os últimos atores escolhidos para a telenovela de Fernandes foram Petrônio Gontijo e Cláudia Liz, a qual teve aulas em uma autoescola para aprender a conduzir uma motocicleta, necessária para a construção da trama.

[15][16][17][18][19]

Em Santo Amaro, subúrbio de São Paulo, vive Luzia (Irene Ravache), uma viúva honesta e batalhadora que criou sozinha os três filhos: André (Marco Ricca), Mário (Gabriel Braga Nunes) e Pedro (Petrônio Gontijo). Ela trabalha como costureira na confecção da Yara (Joana Fomm), uma estilista arrogante casada com o ricaço Pascoal (Sebastião Campos) e que mantém um caso há anos com Álvaro (Eduardo Conde), passando a infernizar a empregada quando seu amante se apaixona por ela. Luzia, porém, redescobre o amor na maturidade ao conhecer Renato (Fúlvio Stefanini), um delegado que se vê em uma encruzilhada moral, já que está investigando a quadrilha de roubo de jóias comandada pelo filho dela, Mário, e seu amigo Ruffo (Raul Gazolla).

André é um rapaz ambicioso que sempre sonhou com uma vida luxuosa e, mesmo apaixonado pela talentosa costureira Zilda (Adriana Esteves), decide conquistar a rica Olga (Mayara Magri), filha de Yara. Enganadas, Zilda se prepara para casar-se com André sem imaginar que será abandonada, enquanto Olga acredita que encontrou o homem de sua vida sem saber do golpe. Quem ama Zilda em segredo é Pedro, o único filho honesto de Luzia, um mecânico romântico e tímido, que é alvo da bem humorada Júnia (Cláudia Liz), motoqueira que sempre fez de tudo para conquista-lo. Alcides (Gianfrancesco Guarnieri) é um assistente social que tenta tirar da marginalidade Pata (Fernanda Souza), Rato (Luciano Amaral) e Nino (Rafael Pardo). Já Bruna (Ana Paula Arósio) é uma aspirante a modelo que acaba envolvida com Ruffo e usada por ele para atrair alvos de sua quadrilha para desespero da irmã, Silvia (Vera Zimmermann), uma mulher amargurada que vive como prostituta para sustentar as duas.[13][20][21][22][23]

Ator Personagem
Irene Ravache Luzia Santos
Fúlvio Stefanini Renato Bragança
Joana Fomm Yara Montenegro
Adriana Esteves Zilda Ferreira
Marco Ricca André Santos
Mayara Magri Olga Montenegro
Eduardo Conde Álvaro Montenegro
Petrônio Gontijo Pedro Santos
Gabriel Braga Nunes Mário Santos
Ana Paula Arósio Bruna Sampaio
Vera Zimmermann Sílvia Sampaio
Raul Gazolla Ruffo
Gianfrancesco Guarnieri Alcides
Lolita Rodrigues Carmem
Bel Kutner Rosa Bragança
Cláudia Liz Júnia
Cassio Scapin Miro
Sebastião Campos Pascoal Montenegro
Cláudia Mello Jandira
Ernando Tiago Rafael
Cléo Ventura Denise
Patrícia Mayo Vitória
Elizabeth Hartmann Gretel
Eliana Rocha Rosely
Paulo Hesse Humphery
Ju Colombo Vitória
Paulo de Almeida Arcílio Quinto
Tânia Sekler Guiomar
Lu Martan Alípio
Josmar Martins Eduardo
Fernanda Souza Pata
Luciano Amaral Rato
Aretha Oliveira Fabiana
Rafael Pardo Nino

Participações especiais

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Ator Personagem
Henrique Martins Raul Macedo
André Latorre Dauri
Adão Filho Zé Carlos
Nívio Diegues Jordão
Guilherme Linhares

A exibição da telenovela estava prevista para começar em março de 1996, porém a emissora decidiu adiar para estrear, simultaneamente, Colégio Brasil e Antônio Alves, Taxista, substituindo Sangue do Meu Sangue.[24] Dessa forma, seu primeiro capítulo foi exibido no dia 6 de maio, na faixa das 21h pelo SBT.[25] Transmitida de segunda a sábado, seu último episódio foi transmitido em 6 de dezembro de 1996, totalizando 168 capítulos.[26]

Devido à transmissão dos Jogos Olímpicos de Verão de 1996, ocorrida de 19 de julho a 4 de agosto, Razão de Viver deixou de ser exibida em alguns dias e se adequou ao horário da programação em outros.[27] A trilha sonora da telenovela não obteve atenção por parte da emissora, a qual não lançou nenhum CD com as três canções reproduzidas na obra: "Redescobrir", de Elis Regina (tema de abertura); "Mais Simples", de Zizi Possi e "Ternura do Gesto", de Ivan Lins.[28]

Lançamento e repercussão

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Vindo de uma sequência de novelas de sucesso com médias acima de 12 pontos, Luciano Callegari, superintendente artístico do SBT, estipulou uma meta de pelo menos 10 pontos para Razão de Viver.[29] A estreia, no entanto, marcou 9 pontos, três a menos que Sangue do Meu Sangue.[30] Após mudar de horário em decorrência dos Jogos Olímpicos de Verão de 1996, o folhetim perdeu público e ficou com médias entre 6 e 8 pontos.[27] Os dois dígitos só conseguiram ser alcançados nos últimos dois meses da novela, quando chegou a 11 pontos em determinados dias, porém a média geral ficou em 8 pontos.[31]

Avaliação em retrospecto

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A jornalista Ana Cláudia Souza, do Jornal do Brasil, elogiou a produção de Razão de Viver: "Iluminação de qualidade, cenários bem montados, bons figurinos e, o melhor, muita gente talentosa na tela. Como todo mundo está acostumado a ver novela desde que nasceu, o quesito principal numa nova produção é colocar caras conhecidas na tela, gente com a qual o público se identifique de imediato. E isso não faltou na produção do SBT".[32] Rogério Durst, do O Globo, avaliou que Razão de Viver era a única novela boa das três estreadas pelo SBT no mesmo dia – Colégio Brasil e Antônio Alves, Taxista – e que tinha um cuidado estético que não havia nas outras: "[Foi feita] com certo cuidado e muitas emoções, naquele estilo de teledramaturgia meio embolorado, mas bem feito e ainda saboroso que [a emissora] mantém desde Éramos Seis".[33] O repórter Luiz Augusto Michelazzo, para o mesmo jornal, intitulou Adriana Esteves como "heroína do folhetim".[34]

Erika Palomino, da Folha de S. Paulo, comparou a caracterização das personagens com o roteiro ao declara-lo bem construído.[35] Telmo Martino, também do O Globo, fez uma avaliação neutra dizendo que a novela era complicada e qualquer pessoa precisava assistir pelo menos dez capítulos para entender.[36] Porém Luiz Carlos Merten, do Estado de S. Paulo, foi crítico ao dizer que os personagens eram estereotipados como "o rico malvado e o pobre bonzinho".[37]

Referências

  1. Soares, Mônica (24 de fevereiro de 1996). «O mundo cão no horário nobre». Jornal do Brasil. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  2. Micchelazzo, Luiz Soares (25 de fevereiro de 1996). «Um mocinho rico, bom caráter e muito bonito». O Globo. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  3. Michelazzo, Luiz Augusto (1 de setembro de 1996). «A marca da maldade de um Conde que não é o Drácula». O Globo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  4. «Do sonho de um castelo para a realidade da sarjeta». O Globo. 17 de março de 1996. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  5. Elias, Eduardo (7 de julho de 1996). «Ele sai da sombra de Rá-Tim-Bum». Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  6. Corrêa, Elena (19 de novembro de 1995). «Melodrama em segunda vinda». O Globo. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  7. «Próximos capítulos». O Globo. 7 de julho de 1996. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  8. Barbieri, Cristiane (4 de fevereiro de 1996). «A magia do palco transposta para a TV». O Globo. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  9. Costa, Luiz (11 de fevereiro de 1996). «SBT agora aposta em novela atual». Estado de S. Paulo. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  10. Esquenazi, Rose (10 de fevereiro de 1996). «SBT entra na era da modernidade». Jornal do Brasil. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  11. Costa, Luiz (11 de fevereiro de 1996). «Atraso faz SBT improvisar sua nova 'Razão de Viver'». Estado de S. Paulo. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  12. Reis, Renata (10 de dezembro de 1995). «Unidos dentro e fora de cena». O Globo. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  13. a b Michelazzo, Luiz Augusto (17 de dezembro de 1995). «SBT começa a produzir a próxima novela». O Globo. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  14. «SBT aposta de novo em remake». Folha de S. Paulo. 7 de janeiro de 1996. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  15. Costa, Luiz (23 de junho de 1996). «Cláudia Liz curte lua de mel com a TV». Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  16. «Cláudia Liz integra o elenco do SBT». Folha de S. Paulo. 7 de janeiro de 1996. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  17. Palomino, Erika (23 de maio de 1996). «Depois de 10 anos o retorno de Fúlvio». Jornal do Brasil. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  18. Elias, Eduardo (4 de agosto de 1996). «A sedutora quer ser boa moça». Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  19. Michelazzo, Luiz Augusto (9 de junho de 1996). «Bonita, talentosa e cheia de planos». O Globo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  20. «SBT leva sua nova novela para a rua». Folha de S. Paulo. 28 de abril de 1996. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  21. «Pingue pongue com Adriana Esteves». Jornal do Brasil. 3 de fevereiro de 1995. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  22. «Próximos capítulos». O Globo. 5 de maio de 1996. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  23. «'Razão de Viver' grava casamento no Bom Retiro». Folha de S. Paulo. 14 de julho de 1996. Consultado em 28 de outubro de 2016 
  24. «Três novelas estreiam amanhã no SBT». O Globo. 5 de maio de 1996. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  25. Scalzo, Mariana (5 de maio de 1996). «'Razão' marca nova fase do SBT». Folha de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  26. Jardim, Vera (28 de abril de 1996). «Horário nobre terá produção da casa». Estado de S. Paulo. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  27. a b «'Razão' tem a menor audiência das telenovelas que estão no ar». Folha de S. Paulo. 20 de outubro de 1996. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  28. «Razão de Viver». Teledramaturgia. Consultado em 29 de outubro de 2016 
  29. Gama, Júlio (5 de maio de 1996). «A aposta do SBT». Estado de S. Paulo. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  30. Soares, Mônica (1 de junho de 1996). «Cabo de guerra às 18h». Jornal do Brasil. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  31. Michelazzo, Luiz Augusto (2 de junho de 1996). «As histórias que valem ouro». O Globo. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  32. Souza, Ana Cláudia (8 de maio de 1996). «Produção própria com qualidade». Jornal do Brasil. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  33. Durst, Rogério (10 de maio de 1996). «A novela com tudo o que falta nas outras duas do SBT». O Globo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  34. Michelazzo, Luiz Augusto (12 de maio de 1996). «Uma autêntica heroína de folhetim». O Globo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  35. Palomino, Erika (15 de maio de 1996). «'Razão' deixa saudade de Lídia Brondi». Folha de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  36. Martino, Telmo (15 de maio de 1996). «Razão para não ver». O Globo. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  37. Merten, Luiz Carlos (7 de julho de 1996). «'Razão de viver' repete ladainha do SBT». Estado de S. Paulo. Consultado em 27 de outubro de 2016 

Ligações externas

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