Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara – Wikipédia, a enciclopédia livre

Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara
Dados pessoais
Nascimento 22 de julho de 1742
Santa Maria de Soutelo, São João da Pesqueira, Reino de Portugal
Morte 5 de novembro de 1801 (59 anos)
Rio Grande, Rio Grande de São Pedro, Brasil
Progenitores Pai: Francisco Xavier da Veiga Cabral e Câmara
Vida militar
País Brasil colônia
Anos de serviço 1773–1779
1780–1801
Hierarquia Brigadeiro
Batalhas Guerra hispano-portuguesa (1776–1777)
Assinatura

Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara (Santa Maria de Soutelo, Portugal, 22 de julho de 1742Rio Grande, 5 de novembro de 1801) foi um militar e administrador colonial português, governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, sendo inclusive o que mais tempo permaneceu no posto entre os governadores do período colonial brasileiro.[1]

Família e nascimento

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Nasceu em uma distinta e renomada família do Reino de Portugal, cuja trajetória se mistura com a própria história da administração do Império Ultramarino Lusitano. Foi neto de Sebastião da Veiga Cabral, o velho, fidalgo da Casa Real e Comendador das comendas de Beilão, Robeal e Santa Maria de Bragança, o qual teve dois filhos, o primeiro legítimo e o segundo fruto de uma relação extraconjugal, respectivamente: Francisco Xavier da Veiga Cabral e Câmara (pai de Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara) e Sebastião da Veiga Cabral (tio do mesmo).[2]

Quanto ao primeiro filho de Sebastião, o velho, existem poucas informações, todavia, é sabido que ele exerceu o mesmo cargo de seu pai, bem como governou a província de Chaves. Já o segundo, conquistou uma considerável ascensão social no seio da hierarquia militar, além de ter sido o primeiro integrante da família a ingressar no Novo Mundo, onde foi nomeado governador da Colônia do Sacramento, posto que exerceu entre os anos de 1699 e 1705.[3]

Nesse sentido, foi este o núcleo familiar, marcado por poder e status, que nasceu Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, no ano de 1742. Tornou-se engenheiro geógrafo em 1767, com 25 anos de idade, e logo deu início a sua carreira militar.[3]

Atuação no Brasil

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Foi transferido para o Brasil em 1773 ou 1774, com a patente de tenente-coronel comandante do 1º Regimento de Bragança, a fim de combater os espanhóis que haviam conquistado a praça de Rio Grande, a primeira capital da capitania, sob a ordem de João Henrique Böhn. Foi graduado coronel em 1773 e designado pelo Marquês de Lavradio para o comando de todas as tropas de Rio Grande de São Pedro.[4] Em 1779, após a expulsão dos espanhóis, foi ainda elevado ao posto de brigadeiro.[1]

Em 1780 fixou residência em Porto Alegre, desempenhando de modo concomitante as funções de Primeiro Comissário da comissão de demarcação de limites, decorrentes do Tratado de Santo Ildefonso, e de governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro, cargo que exerceu de 31 de maio de 1780 a 5 de novembro de 1801, quando faleceu.[5] Deixou extensa correspondência oficial, de grande interesse para a história do Rio Grande do Sul, além de uma quantidade de mapas e levantamentos topográficos.[1]

Governador da Capitania do Rio Grande de São Pedro

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Apesar da carta de nomeação, expedida pela rainha D. Maria I, deixar expresso que Veiga Cabral da Câmara governaria pelo curto período de 3 anos, o mesmo perpetuou-se no poder por um total de 21 anos, tornando-se o governador colonial que mais tempo permaneceu no cargo.[6] Durante o seu governo, promoveu melhorias na Capitania por meio do estímulo à agropecuária (plantação de trigo e criação de ovelhas) e ao povoamento.[7] Além disso, adotou em seu governo uma estratégia marcada pela conciliação política, buscando estabelecer uma relação harmoniosa com a Câmara. diferentemente do que fez seu antecessor, José Marcelino de Figueiredo.[8]

Valendo-se do importante posto que ocupava, construiu uma robusta rede de compadrio a partir do apadrinhamento de um total de 21 crianças e 1 adulto de 24 anos de idade. Um caso particular dessa rede de compadrio formada por Veiga Cabral da Câmara, refere-se ao apadrinhamento de uma criança parda, prática pouco comum, mas que, neste caso, significava para o governador a formação de uma relação vertical, em que caberia ao compadre a lealdade e a prestação de serviços ao referido padrinho.[9] Todavia, laços horizontais também foram estabelecidos pelo governador, como foram os casos dos apadrinhamentos de Clara, filha de Felisberto, da nobre e poderosa família Pinto Bandeira, cuja relação com as práticas contrabandistas foi significativa; e de Rita, filha de Patrício José Correia da Câmara.[10]

Governou até a data de seu falecimento, em decorrência de sífilis, sendo enterrado no altar da igreja matriz de São Pedro, em Rio Grande.[11]

Referências

  1. a b c Noal Filho et al. 2004, p. 21.
  2. Blanco 2009, p. 12.
  3. a b Blanco 2009, p. 13.
  4. Torres 2008, p. 65.
  5. Costa e Silva 1968, p. 215.
  6. Blanco 2010, p. 2.
  7. Torres 2008, p. 67.
  8. Blanco 2009, pp. 19-21.
  9. Blanco 2009, pp. 21-34.
  10. Blanco 2009, pp. 39-40.
  11. Torres 2008.


Precedido por
José Marcelino de Figueiredo
Governador do Rio Grande do Sul
1780 — 1801
Sucedido por
Francisco João Roscio


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