Sociedade Athlética União Sportiva – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Nome | Sociedade Athlética União Sportiva | ||
Alcunhas | Alvinegra Tiva | ||
Fundação | 15 de agosto de 1906 (118 anos) | ||
Extinção | 1967 | ||
Estádio | Campo da Praça Floriano Peixoto | ||
Localização | Belém, Pará, Brasil | ||
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A Sociedade Athlética União Sportiva foi uma agremiação esportiva da cidade de Belém, Pará. Seu uniforme principal era composto de camisa com listras verticais pretas e brancas, calção branco e meias pretas.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A União Sportiva foi fundada em 15 de agosto de 1906 na Praça Justo Chermont, onde funcionava a Associação Recreativa “Ernesto Matoso”. Nessa época, só existiam no Pará a Associação Desportiva e Recreativa e Beneficente e o Sport Club do Pará.
Em 1908 tornou-se o primeiro campeão paraense de futebol profissional, conquistado a chamada Taça Estado do Pará, toda de prata. A equipe base era formada por: Moreira; F. Mota e Cecílio; Franco, Lobato e Alves; Conceição, Everaldo, Rubilar, Henrique e Mota.[2] Os "unionistas" disputaram o certame entre setembro de 1908 e março de 1909 contra o Belém Football Club, o Sport Club do Pará, o Sporting Football Club, o Pará Clube e o Belém Clube.[3]
A União arrebatou o bi em 1910, no segundo Campeonato Paraense da história.[2] Os jornais da época não detalharam jogos e resultados, sabendo-se do título "unionista" por citações em jornais de anos posteriores - e que os adversários foram Belém Clube, Guarany, Panther, Royal Club e Sport; bem como o time-base campeão ser Elpídio, Alves e Corrêa; Zito, Lobato e Conceição; Rubilar, Antonico, Henrique, Nahon e Guimarães.[4]
Assim como acontecera em 1909, o Campeonato Paraense não disputado nem em 1911 e nem em 1912.[2] Muitos dos atletas da União vieram a migraram para outras agremiações, a exemplo de Nahon, Antonico e Rubilar que foram para o Grupo do Remo, onde este último já integrava desde 1909 a equipe azulina em provas de regatas, tornando-se também futebolista remista em 1913.[5]
Além de bicampeã estadual, a União Esportiva conquistou também a Taça Província do Pará e o bicampeonato do Torneio Início em 1924 e 1927.
O maior futebolista da história do clube foi Euclides Pessoa do Nascimento, o Marituba (apelido decorrente de ser originário do município de mesmo nome, então ainda uma vila pertencente a Belém), que tornou-se o recordista de prolongamento de carreira: jogou durante 25 anos (de 1917 a 1942), sempre na União, chegando a representa-la também na seleção paraense por diversas edições do antigo Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais,[1] inclusive no papel de treinador (como em 1954).[6] Em 2013, foi publicado o primeiro volume de Gigantes do Futebol Paraense, livro com cem perfis de diferentes futebolistas nativos ou com passagens expressivas por clubes locais. A capa foi ilustrada com ídolos máximos dos quatro clubes mais vezes campoeões paraenses - União Esportiva sendo representada por Marituba, a Tuna Luso por China, o Remo por Alcino e o Paysandu pelo seu segundo Quarentinha.[7]
Na maior parte da primeira metade do século XX, a União Esportiva permaneceu considerada a terceira força do futebol paraense, abaixo da dupla Remo e Paysandu. Gradativamente, a partir da década de 1940 passou a lutar pelo posto com a ascensão da Tuna.[1] Campeão estadual pela terceira vez em 1941, esse concorrente conseguiu quatro novos títulos no espaço de dez anos entre 1948 e 1958, na "Era China", consolidando um novo trio de forças.[8] Em 1959, a União elegeu como presidente Aurélio do Carmo, que a partir do ano seguinte conciliaria o cargo com o de governador do Pará.[9] A despeito disso e de ainda poder no início da década de 1960 formar nos juvenis o ponta Manoel Maria,[10][11][12] os alvinegros nunca puderam reassentar a força de outros tempos.[1]
O clube foi lanterna do campeonato paraense de 1962, ainda que conseguisse um empate em 3-3 com o campeão Paysandu.[13] Ainda pôde disputar a primeira divisão do estadual seguinte,[14] tendo em Antônio de Almeida Amaral, ou simplesmente Amaral, sua última revelação no futebol adulto - este ponta-esquerda viria a ser campeão com a dupla Re-Pa entre a década de 1960 e a de 1970.[15]
Apesar dos títulos estaduais se limitarem a duas conquistas, a União, passados mais de sessenta anos de sua última participação, segue como quarto maior vencedor do campeonato paraense, abaixo do trio formado pela dupla Re-Pa com a Tuna.[2] Em 2008, voltou simbolicamente à ativa para disputar com os três a Copa do Centenário do Campeonato Paraense. A União foi representada por jogadores do Ananindeua. Na estreia, venceu o "Papão" por 2 a 1, no dia 26 de outubro. No entanto, tanto Remo quanto Paysandu desistiram de disputar a Copa por falta de público, levando a União a disputar a sua segunda partida contra a Tuna como se já fosse a final. O empate contra a Águia em 0 a 0, no dia 2 de novembro, deu à União o vice-campeonato, perdendo somente no saldo de gols.
Em 2012, na ocasião solene na qual a Federação Paraense de Futebol festejou a centésima edição do seu torneio estadual, a União Esportiva, embora extinta, fez-se presente; foi representada por seu ilustre ex-presidente Aurélio do Carmo.[16]
Títulos
[editar | editar código-fonte]Estaduais
[editar | editar código-fonte]- Campeonato Paraense: 2 (1908 e 1910)[17]
- Torneio Início do Pará: 2 (1924 e 1927)
Campanhas de destaque
[editar | editar código-fonte]- Vice-Campeonato Paraense: 2 (1923 e 1929)
- Vice-campeã da Copa do Centenário do Campeonato Paraense: 1 (2008)
Referências
- ↑ a b c d DA COSTA, Ferreira (2013). Marituba - Craque foi o símbolo do esporte paraense. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 204-208
- ↑ a b c d DA COSTA, Ferreira (2018). CAMPEONATO PARAENSE DE FUTEBOL 1908-2018 Clubes Campeões - Técnicos - Artilheiros. A enciclopédia do Esporte Paraense. Belém: Valmik Câmara, pp. 303-312
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1908 - Disputa-se o 1º Campeonato e o União Esportiva é o vencedor. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, p. 15-16
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1910 - União Esportiva conquista o Bicampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, p. 16
- ↑ COSTA, Ferreira (2014). Rubilar - O atleta completo. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 266-267
- ↑ DE SÃO JANUÁRIO, Zé (10 de fevereiro de 1954). «Uma pedrinha na SHOOTEIRA». Jornal dos Sports. Consultado em 7 de março de 2025
- ↑ BEMERGUY, Paulo (20 de janeiro de 2014). «Um esforço gigante para preservar a memória do futebol». Espaço Aberto. Consultado em 30 de janeiro de 2025
- ↑ BRANDÃO, Caio (4 de abril de 2020). «Há 35 anos, a Tuna Luso levava a primeira taça nacional ao Norte: as glórias da Águia». Trivela. Consultado em 23 de janeiro de 2025
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). Governador do Pará preside Clube. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, p. 121
- ↑ COSTA, Ferreira (2014). Manoel Maria - Ponta esteve perto da Copa de 1970. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 192-196
- ↑ STEIN, Leandro (29 de fevereiro de 2020). «A história de Manoel Maria, o grande nome do futebol brasileiro nascido num 29 de fevereiro». Trivela. Consultado em 3 de março de 2020
- ↑ GUARCHE, Guilherme (28 de fevereiro de 2025). «Manoel Maria, mas pode chamar de Mané Maria». Santos Futebol Clube. Consultado em 1º de março de 2025
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1962 - Paysandu mantém Gentil Cardoso e chega fácil ao bicampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 132-135
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1963 - Sob a direção de Caim, Paysandu alcança o tricampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 136-138
- ↑ COSTA, Ferreira (2014). Amaral - Gol de "bicicleta" celebrizou o craque. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 34-36
- ↑ PÊNA, Gustavo (19 de junho de 2012). «Jornalista e pesquisador lança livro sobre o centenário do Parazão». Globo Esporte. Consultado em 19 de fevereiro de 2025
- ↑ Augusto, Felipe (3 de novembro de 2016). «Clubes que fazem falta ao futebol do Norte». Revista SÉRIE Z. Consultado em 26 de julho de 2019