Viamão – Wikipédia, a enciclopédia livre

Viamão
  Município do Brasil  
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição
Símbolos
Bandeira de Viamão
Bandeira
Brasão de armas de Viamão
Brasão de armas
Hino
Lema Juntos somos mais Viamão
Gentílico viamonense
Localização
Localização de Viamão no Rio Grande do Sul
Localização de Viamão no Rio Grande do Sul
Localização de Viamão no Rio Grande do Sul
Viamão está localizado em: Brasil
Viamão
Localização de Viamão no Brasil
Mapa
Mapa de Viamão
Coordenadas 30° 04′ 51″ S, 51° 01′ 22″ O
País Brasil
Unidade federativa Rio Grande do Sul
Região metropolitana Porto Alegre
Municípios limítrofes Capivari do Sul, Glorinha, Gravataí, Alvorada, Porto Alegre e Santo Antônio da Patrulha
Distância até a capital 25 km
História
Fundação 14 de setembro de 1741 (283 anos)
Administração
Prefeito(a) Nilton Magalhães (PSDB, 2021–2024)
Características geográficas
Área total [1] 1 496,506 km²
População total (IBGE/2021) [2] 257 330 hab.
 • Posição RS: 7º BR: 114º
Densidade 172 hab./km²
Clima subtropical (Cfa)
Altitude 111 m
Fuso horário Hora de Brasília (UTC−3)
Indicadores
IDH (PNUD/2010) [3] 0,717 alto
 • Posição RS: 247º BR: 1398º
PIB (IBGE/2020) [4] R$ 4 231 150,19 mil
 • Posição RS: 19º BR: 269º
PIB per capita (IBGE/2020) R$ 16 508,46
Sítio viamao.rs.gov.br (Prefeitura)
camaraviamao.rs.gov.br (Câmara)

Viamão é um município brasileiro do estado do Rio Grande do Sul, do qual é o sétimo mais populoso, com população estimada de 224 112 habitantes em 2022.[5] É o maior município em extensão territorial da Região Metropolitana de Porto Alegre.

A origem do nome Viamão é controversa. A versão mais comum é de que a partir dos morros da região e do topo da igreja matriz, é possível se avistar o lago Guaíba e seus cinco rios afluentes: Jacuí, Caí, Gravataí, Taquari e dos Sinos, que formam uma mão aberta. Daí a frase: “Vi a mão”. Já a versão mais provável, seria originária do nome “ibiamon”, que significa “terras de ibias” (pássaros).[6] Outros afirmam que seria uma passagem entre montes, o que chamavam de via-monte. E existe ainda o relato de que teria como origem o antigo nome da província de Guimarães, em Portugal: Viamara.[7]

Ocupação inicial

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Os chamados Campos de Viamão estiveram entre as primeiras áreas do atual estado do Rio Grande do Sul a ser ocupadas pelos colonos, a partir da década de 1730. Essa grande área correspondia às terras ao sul do rio Mampituba, tendo ao leste o oceano Atlântico e a oeste e a sul a baliza fluvial do Guaíba e da laguna dos Patos. [8]

Essa ocupação inicial foi feita por criadores de gado vindo do norte, principalmente a partir da vila de Laguna. Devido à farta presença do gado vacuno trazido pelos jesuítas em 1680 às Missões, que já se havia espalhado pelo Continente de São Pedro, vários colonizadores se fixaram nas terras propícias à pecuária e ao plantio.[7]

A região, antes desabitada, já era uma zona de passagem entre Laguna e a Colônia do Sacramento (atual cidade de Colônia no Uruguai). Inicialmente, os criadores de gado iam e vinham, aproveitando-se das amplas áreas de pastagem; em meados dos anos 1730, um grande contingente de lagunenses migrou com suas famílias para a região.[9]

Da importância econômica da região, por ser sede das primeiras estâncias de criação de gado, originou-se o comércio e transporte da carne de gado (charque) e couro para Laguna e São Paulo. As três rotas comerciais da época iniciavam-se onde é hoje o município de Viamão, conhecida como o caminho do Viamão. A principal delas, a Estrada Real, saía dali e passava por Vacaria, Lages, Curitibanos, Papanduva, Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva, Itararé, chegando a Sorocaba. Outra rota era através do litoral até Laguna.

Entre os primeiros habitantes importantes, podemos citar a vinda, em 1725, de Cosme da Silveira, filho de António Silveira de Ávila, natural do Conselho da Calheta, ilha de São Jorge, Açores, Portugal, Capitão-mor da referida localidade da Calheta, na ilha de São Jorge, integrou a frota de João Magalhães, nomeado capitão pelo seu sogro Francisco de Brito Peixoto. Outro marco foi a chegada, em 1741, de Francisco Carvalho da Cunha, no sítio Estância Grande, onde foi erguida a capela da Nossa Senhora da Conceição.[7]

Em 1747 foi então criada a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Viamão, desmembrada da Freguesia de Laguna. Nos primeiros quatro anos de sua fundação, a freguesia teve um salto em sua população, de 282 para cerca de 800 habitantes. Razões para o interesse inicial pela freguesia incluem a migração dos criadores de gado de Laguna para uma extensão maior de terras, a integração da criação de gado na região com o mercado consumidor do sudeste brasileiro, e a fundação da vila de Rio Grande em 1737 (que passou a ser o ponto de referência para a população da nova freguesia).[9][10]

A partir dos anos 1750 (após o tratado de Madrid), a população cresce ainda mais com a imigração dos açorianos, parte da política da metrópole de ocupação das terras em zona de disputa. Como referência, pode-se constatar que o número de batizados na freguesia triplicou entre 1751 e 1754.[9]

De acordo com o Rol de Confessados de Viamão de 1751, 43% da população da freguesia era de escravos de origem africana - proporção compatível com áreas de plantations ou de mineração, mas bastante incomum para uma área voltada ao mercado interno. Os cativos indígenas, por outro lado, eram apenas 3% da população.[11]

Um segundo impacto populacional na freguesia, após a vinda dos açorianos, se deu pela imigração dos guaranis. Durante o esforço de demarcação de fronteiras do Tratado de Madrid, após a guerra guaranítica de 1753-56, Gomes Freire de Andrade convenceu cerca de 700 famílias guaranis (cerca de 3000 pessoas) a virem para o lado português. Uma parte dessas famílias ficou próxima ao quartel de Rio Pardo, dando origem à Aldeia de São Nicolau[12], enquanto a maior parte (cerca de 2500 pessoas) veio a Viamão, estabelecendo-se em região vizinha ao Rio Gravataí, dando origem à Aldeia dos Anjos[13][14].

Em sua vasta extensão territorial, metade da população se concentrava em três localidades: o Arraial (centro), o Morro Santana (onde morava, por exemplo, Jerônimo de Ornelas) e a Guarda de Viamão (futura Santo Antônio da Patrulha). Nas décadas seguintes, da freguesia de Viamão desdobraram-se outras freguesias importantes, como Triunfo (1756), Santo Antônio da Patrulha (1763) e Porto Alegre (1772), entre outras.[15]

Capital Provincial

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Em março de 1763, Pedro de Cevallos, então governador de Buenos Aires, invade a Vila de Rio Grande, capital da província e seu único porto marítimo. Com isso, a freguesia de Viamão é tomada por um grande contingente de refugiados (talvez 2/3 das 500 famílias fugidas da vila). Viamão torna-se então a sede do governo da capitania, assim permanecendo até 1773.[10] O governador José Custódio de Sá e Faria fez, então, o projeto de uma nova igreja, já que a primeira capela, de 1747, estava pequena. Mais do que isso, a nova construção poderia servir, também de forte, atuando como proteção para a nova capital.[6]

Na década de 1763, Viamão vivia uma situação de convulsionamento social: os açorianos, abandonados das promessas de terras pela Coroa, se acomodavam na beira do Guaíba; os guaranis viviam enfrentamentos regulares com os estancieiros; a freguesia procurava acomodar o grande contingente de refugiados de Rio Grande. A tudo isso, soma-se uma epidemia de varíola, cujo pico aconteceu em 1769, causando uma grande mortalidade na região.[10]

Separação de Porto Alegre e transferência da capital

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Em 1772, o bispo do Rio de Janeiro aprova a criação da freguesia de Porto dos Casais (atual Porto Alegre) e, no ano seguinte, 1773, o governador José Marcelino de Figueiredo ordena a transferência da capital para a nova freguesia. A importância estratégica do Porto dos Casais estava em que facilitava tanto a proteção do domínio - então ameaçado - português na própria região, quanto à preparação de uma possível retomada de Rio Grande. Além disso, era por esse porto que saíam todas as mercadorias, dali para Rio Grande e de Rio Grande para o resto do Brasil. Esse período viu então a decadência política e econômica de Viamão, além de uma crescente ruralização do município.[10]

Período Republicano

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Em 1889, com o advento da república e a dissolução das câmaras municipais como sede do poder executivo local (municipal), é eleito seu primeiro prefeito, o tenente-coronel Tristão José de Fraga, que anteriormente já era o presidente da câmara municipal já mencionada. Seu segundo prefeito será o coronel Felisberto Luiz de Barcellos.

Em 1895, foram criados os distritos de Lombas, Estiva e Itapuan, anexados a Viamão. Nas décadas seguintes, a grande extensão territorial do município levou a diversas redivisões dos distritos. Em 1955, a divisão era em quatro distritos: Viamão (sede), Itapuã, Passo do Sabão e Passo do Feijó. Em 1962, quatro distritos foram adicionados: Águas Claras, Capão da Porteira, Espigão e Passo da Areia. Dois anos depois, em 1965, o Passo do Feijó se desmembra, tornando-se o município de Alvorada. Por fim, em 1991, é criado o distrito de Viamópolis, permanecendo assim a divisão em oito distritos que é válida até hoje.[16]

Viamão - Paisagem.
O icônico morro com 150m de altitude deu origem ao nome do bairro onde fica localizado, Morro Grande, junto com o Distrito de Águas Claras, com uma estimativa populacional de 24 mil habitantes.

Viamão está a 25 quilômetros de Porto Alegre. A altitude no Centro é de 111 metros. O perímetro é de 227 quilômetros, sendo 110 quilômetros de margem para o lago Guaíba e para a lagoa do Casamento. Tem um clima subtropical, com verões quentes e invernos frios, com chuvas bem distribuídas ao longo dos meses do ano. As temperaturas podem chegar a 40 °C e 0 °C. O relevo tem morros em parte do município e planícies ao norte e ao sul.

É um município que conta com as águas do lago Guaíba e da laguna dos Patos, o que faz com que possua inclusive praias no distrito de Itapuã.

Conta também com a represa Lomba do Sabão, uma das nascentes do arroio Dilúvio (um dos limites naturais entre Viamão e a capital, Porto Alegre) e o arroio Fiuza.[17]

A população do município conta com pouco mais de 250 mil habitantes, com cerca de 52% de população feminina.[18] Esta população está concentrada em alguns núcleos de povoamento (especialmente no centro e nos distritos de Viamópolis e Santa Isabel). Sua densidade populacional. de 171,3 habitantes por quilômetro quadrado, é anomalamente baixa para um município de região metropolitana, sendo mais de 17 vezes menor que a densidade da capital, Porto Alegre.

Comunidades tradicionais

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Em adição aos núcleos urbanos e rurais, o território de Viamão inclui três terras indígenas guarani:

Além dísso, o município abriga também dois territórios quilombolas:

  • Quilombo Cantão das Lombas, na região de Lombas/Águas Claras[19];
  • Quilombo Peixoto dos Botinhas, na região de Três Passos/Capão da Porteira.

Governo e política

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Ver Lista de prefeitos de Viamão

Câmara Municipal de Viamão, sede do poder legislativo.

A administração municipal se dá através dos poderes executivo e legislativo. O poder executivo é representado pelo prefeito, secretários municipais e outros órgãos da administração pública direta e indireta. O prefeito atual de Viamão, empossado em 1° de janeiro de 2021, é Valdir Bonatto, do PSDB, eleito nas eleições municipais de 2020 com 23.957 (25,81%) votos, apenas 320 votos à frente do segundo colocado, Carlos Lopes do PDT.[20] O legislativo é representado pela Câmara Municipal, composta por 21 vereadores.[21] Tanto a Prefeitura quanto a Câmara dos Vereadores localizam-se no centro do município, na Praça Julio de Castilho.

A gestão ambiental no município é feita pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, criada no final de 2013 pela Lei municipal 4.192, ficando a cargo de planejar, implementar, executar e controlar a política ambiental do município. Atualmente o município está fazendo audiências públicas para a construção dos planos municipais de saneamento básico e resíduos sólidos. Porém o desrespeito ao meio ambiente ainda é recorrente.[22]

Há no município vários locais de interesse ecológico como o Parque Estadual de Itapuã, APA do Banhado Grande, Refúgio da Vida Silvestre Banhado dos Pachecos, Parque Municipal Saint-Hilaire e as Reservas Particulares de Patrimônio Natural. [23]

Dentre esses locais, destaca-se o Parque Saint-Hilaire, com mananciais de água não poluída e exuberante vida selvagem, não obstante a proximidade de grande região urbanizada. O parque, com a pressão populacional da área nas últimas décadas,[24] vem sendo ameaçado na sua integridade. Seu nome homenageia o famoso viajante e pesquisador Auguste de Saint-Hilaire, que passou pelo Rio Grande do Sul no século XIX, descrevendo aspectos naturais e costumes regionais. É-lhe atribuída a seguinte frase, referindo-se ao clima: "Neste Estado não há viventes, só há sobreviventes.". O parque é administrado pela prefeitura de Porto Alegre, que possui 11% do território do parque.

Referências

  1. «Cidades e Estados». IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  2. «ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO RESIDENTE NO BRASIL E UNIDADES DA FEDERAÇÃO COM DATA DE REFERÊNCIA EM 1º DE JULHO DE 2021» (PDF). IBGE. 2021. Consultado em 12 de maio de 2023 
  3. «Ranking». IBGE. 2010. Consultado em 12 de maio de 2023 
  4. «Produto Interno Bruto dos Municípios - 2010 a 2020». IBGE. 2020. Consultado em 12 de maio de 2023 
  5. «População residente - IBGE». cidades.ibge.gov.br. Consultado em 7 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2023 
  6. a b Staudt, Leandro (31 de julho de 2023). «A igreja construída como fortaleza no RS». GZH. Consultado em 6 de outubro de 2023 
  7. a b c Biblioteca do IBGE (2009). «Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística» (PDF). IBGE. Consultado em 5 de maio de 2013 
  8. «Viamão Antigo - História». Consultado em 12 de julho de 2021 
  9. a b c Kühn, Fábio (2014). «Em busca dos Campos de Viamão: trajetórias familiares de pioneiros lagunistas no Continente do Rio Grande (século XVIII).». História da Família no Brasil Meridional: temas e perspectivas. São Leopoldo: Editora Unisinos. pp. 110–145 
  10. a b c d Kühn, Fábio (2006). «Gente da fronteira: família, sociedade e poder no sul da América portuguesa–Século XVIII». Niterói. Universidade Federal Fluminense (tese de doutoramento em história) 
  11. Blanco, Márcio Munhoz (julho de 2011). «Escravos, conquistadores e seus tramados: notas sobre as hierarquias costumeiras de Antigo Regime ao sul dos trópicos (Viamão, meados do século XVIII)» (PDF). Anais do XXVI Simpósio Nacional de História. Consultado em 15 de março de 2021 
  12. «ALDEIA SÃO NICOLAU». Prefeitura Municipal de Rio Pardo - RS. Consultado em 15 de março de 2021 
  13. Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul (1990). Índios d’Aldeia dos Anjos: Gravataí – RS Século XVIII. [S.l.]: EST Edições 
  14. Kühn, Fábio (2007). «O "Governo dos Índios": a Aldeia dos Anjos durante a administração de José Marcelino de Figueiredo (1769-1780)» (PDF). Encontro Escravidão e Liberdade no Brasil Meridional. 4. Consultado em 15 de março de 2021 
  15. Kuhn, Fábio (2002). Breve História do Rio Grande do Sul. p. 49. ISBN 85-86880-35-3
  16. «Viamão, Rio Grande do Sul - RS» (PDF). Biblioteca do IBGE. Consultado em 15 de setembro de 2020 
  17. Prefeitura Municipal de Porto Alegre. «Represa da Lomba do Sabão». Consultado em 13 de dezembro de 2011 
  18. Sul, Departamento de Comunicação do Instituto Federal do Rio Grande do. «Informações em Gráficos». Campus Viamão. Consultado em 15 de março de 2021 
  19. Bellinger, Carolina (2 de maio de 2017). «Cantão das Lombas». Comissão Pró-Índio de São Paulo. Consultado em 15 de março de 2021 
  20. «Resultados – TSE». resultados.tse.jus.br. Consultado em 15 de março de 2021 
  21. «Vereadores | Câmara de Vereadores de Viamão». Consultado em 15 de março de 2021 
  22. «Empreendimento ameaça APP do Lago Tarumã em Viamão». Consultado em 3 de maio de 2013 
  23. «Audiência Pública na Camara de Vereadores de Viamão - Meio Ambiente e Futuro do Planeta». Consultado em 3 de maio de 2013 
  24. «Parque Saint-Hilaire, Porto Alegre: Conflitos e Tentativas de Soluções - Sergio Luiz Lampert de Mattos - pag 19» (PDF). Consultado em 3 de maio de 2013