Árvore de cames – Wikipédia, a enciclopédia livre
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A árvore de cames, também chamada árvore de comando de válvulas, veio de ressaltos ou eixo de comando de válvulas, é um mecanismo destinado a regular a abertura das válvulas num motor de combustão interna. Por vezes refere-se por "árvore de excêntricos", mas esta denominação embora correta, é pouco conhecida e utilizada. A árvore de cames tem uma relação de 1:2 em relação à cambota. Cada duas voltas que a cambota dá, correspondem a uma que a árvore de cames dará. Esta relação de transmissão é comum a todos os motores de 4 tempos, independentemente do número de cilindros, de válvulas e mesmo de árvores de cames, que os motores possam ter.
Constituição
[editar | editar código-fonte]Consiste num veio cilíndrico no qual estão fixados um conjunto de peças ovaladas, chamadas cames ou ressaltos, uma por válvula a controlar. Este veio tem um conjunto de apoios que asseguram a sua estabilidade durante o movimento rotativo a que é sujeito.
Funcionamento
[editar | editar código-fonte]A rotação dos cames fixos ao eixo da árvore de cames vai provocar, de forma directa ou indirecta (através de tirantes chamados balanceiros, ou balancins no Português do Brasil), a abertura das válvulas de admissão e de escape do motor. O fecho dessas válvulas é assegurado pelas molas de retorno.
Rotação
[editar | editar código-fonte]A rotação da árvore de cames é controlada pelo movimento da cambota [virabrequim], ou directamente, através de engrenagens, ou indirectamente através de uma corrente chamada "corrente de distribuição". No motor a quatro tempos a árvore de cames roda a metade da velocidade do virabrequim [cambota]. No motor a dois tempos no geral não há árvore de comando, uma vez que a entrada e saída de gases do cilindro é feita através de janelas, e não de válvulas. Porém já existiram motores a 2 tempos com válvulas, e o seu comando era feito com a árvore de cames funcionando à mesma velocidade da cambota [virabrequim].
Localização
[editar | editar código-fonte]Dependendo da localização da árvore de cames assim esta atua directamente sobre as válvulas, árvore de cames "à cabeça", ou, se estiver localizada lateralmente, através de uma alavanca chamada "balanceiro" [balancim].
Alguns motores possuem duas árvores de cames localizadas na cabeça [cabeçote] do motor uma para as válvulas de admissão e outra para as válvulas de escape. A esta configuração chama-se DOHC, acrónimo de Double OverHead Cam, já os motores que usam uma árvore simples é denominado SOHC ou somente OHC. Motores em V poderão ter quatro árvores de cames, duas para cada bloco de cilindros. Excecionalmente motores com 5 válvulas por cilindro poderão ter 3 árvores de cames, pois as 3 válvulas de admissão não estão no mesmo plano (não são paralelas).
Sincronismo
[editar | editar código-fonte]O momento em que se processa a abertura e fecho das válvulas é vital para o funcionamento correto do motor. Uma desafinação neste processo pode provocar importantes perdas de performance. Na figura é identificado a azul o came da árvore de cames que controla as válvulas de admissão do motor. A válvula é aberta quando o ponto A chega ao contato com o impulsor da válvula e permanece aberta até passar pelo ponto assinalado B. A configuração desta área AB determina o tempo em que a válvula controlada estará aberta o que depende das opções do fabricante em relação às características de cada motor. Os cames que controlam as válvulas de escape e de admissão têm desenhos diferentes sendo o tempo de abertura das válvulas de admissão geralmente superior ao das de escape.
Distribuição variável
[editar | editar código-fonte]Alguns construtores adaptaram um sistema de distribuição variável, de forma a aumentar a potência e reduzir o consumo dos seus automóveis. O mais conhecido é a Honda, com o seu sistema VTEC que consegue variar a abertura, fase e cruzamento das válvulas, usando uma árvore de cames com 2 cames para cada válvula. Mais recentemente a BMW apresentou o sistema Valvetronic, com variação contínua de abertura das válvulas.
O Honda S2000 possui 240 cv extraídos de um motor de apenas 2 000 cm3, o que chegou a ser um recorde de potência específica para um motor atmosférico.