Casa A Eléctrica – Wikipédia, a enciclopédia livre

Disco de 78 rotações lançado pela Casa A Eléctrica, com a gravação do tango Sóta de Páo. Acervo do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

Casa A Elétrica ou simplesmente A Eléctrica, também conhecida posteriormente como Casa Elétrica ou A Elétrica, foi uma das primeiras indústrias de discos e gramofones do mundo, a primeira no Brasil e na América Latina. Localizada no bairro Glória, em Porto Alegre, a construção hoje está abandonada.[1][2]

A Elétrica começou a funcionar como gravadora em 1913, e a fábrica de discos foi inaugurada no dia 1º de agosto de 1914. Em 1915, passou a fabricar gramofones. A fábrica ficava localizada na Avenida Sergipe, número 9, no então Arraial de Terezópolis. O proprietário da empresa era Savério Leonetti, um imigrante italiano nascido em 1875 na Calábria. Os discos gravados eram vendidos na loja de Leonetti, também chamada A Eléctrica, na rua da Praia. Com seu selo Disco Gaúcho, foi responsável pelo lançamento de dezenas de composições gaúchas, em chapas de 20.5 e 25 cm de face simples ou dupla.

Artistas do Rio de Janeiro e São Paulo e mesmo estrangeiros, de passagem por Porto Alegre, deixavam suas vozes ou instrumentos musicais gravados nos discos d'A Eléctrica. Durante seus 10 anos de existência, produziu entre 3.500 a 4.500 títulos diferentes[3], de hinos (nacional e francês), arranjos cômicos, valsas, polcas, fados e sambas. Possivelmente foi na Casa Elétrica que foi realizada a primeira gravação e prensagem de um samba no Brasil, "Iaiá me diga", da dupla Os Geraldos, em 1914.[2] O primeiro disco de tango prensado na América Latina foi produzido na fábrica de Leonetti: chamava-se El Chamuyo e foi gravado pelo maestro Francisco Canaro, em junho de 1915.[4] Também foi nesta fábrica que se gravaram as primeiras músicas do folclore gaúcho. A música Trovas do Boi Barroso foi eternizada em disco pelo músico Moisés Mondadori.

A empresa fechou em 1924. A prefeitura de Porto Alegre tombou o prédio em 1996, mas não fez a restauração. A história da gravadora se tornou filme, A Casa Elétrica, dirigido por Gustavo Fogaça em 2012. Em 2015 foi criado um grupo chamado Amigos da Casa Elétrica que luta pela restauração do prédio que sediou a fábrica de discos e gramofones.

Referências

  1. Gomes, Luís Eduardo (21 de novembro de 2015). «Abraço à Casa Elétrica defende restauração de prédio que abrigou 4ª fabricante de discos do mundo». Sul21. Consultado em 28 de janeiro de 2019 
  2. a b Natusch, Igor (3 de dezembro de 2018). «Pedaço da história mundial da música está prestes a desaparecer em Porto Alegre». Jornal do Comércio. Consultado em 28 de janeiro de 2019 
  3. Vedana, Hardy (2006). A Eléctrica e os discos Gaúcho. Porto Alegre: [s.n.] 
  4. Página da Secretaria Municipal da Cultura (SMC) - Histórico da Fábrica "A Elétrica"
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