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Armindo Monteiro
Armindo Monteiro
Nascimento 16 de dezembro de 1896
Vila Velha de Ródão
Morte 15 de outubro de 1955 (58 anos)
Cidadania Portugal
Ocupação jornalista, político
Distinções
  • Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo
  • Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo
  • Grã-Cruz da Ordem do Império
  • Grand Cross of the Military Merit - White Badge (1935)

Armindo Rodrigues de Sttau Monteiro GOCGCCGCIC (Vila Velha de Ródão, Vila Velha de Ródão, 16 de Dezembro de 1896Loures, Loures, 15 de Outubro de 1955), mais conhecido por Armindo Monteiro, foi um professor universitário, empresário, diplomata e político que exerceu importantes funções durante o regime do Estado Novo, incluindo as de Ministro das Colónias, de Ministro dos Negócios Estrangeiros e de embaixador de Portugal em Londres durante a fase inicial da Segunda Guerra Mundial.

Armindo Monteiro nasceu em Vila Velha de Ródão, a 16 de dezembro de 1896, onde foi batizado a 8 de julho de 1897, filho de Arménio da Costa Monteiro, negociante, natural de Coimbra, e de sua esposa Rosária Rodrigues da Silva Monteiro, natural da freguesia de Fratel, concelho de Vila Velha de Ródão.[1] Naquela vila fez os seus estudos elementares. Concluídos os estudos secundários, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, estreando-se cedo nas lides jornalísticas através da colaboração em diversos periódicos. Obteve uma especialização académica em Finanças Públicas, passando a manter, com alguma regularidade, entre 1919 e 1928, uma página financeira no Diário de Notícias.

Na política militou nas forças partidárias da fase crepuscular da Primeira República Portuguesa. Esteve entre os republicanos conservadores que apoiaram a Revolução Nacional o que conduziu naturalmente a uma colaboração com o governo da Ditadura Nacional como vogal da comissão liquidatária da dívida de guerra portuguesa à Grã-Bretanha.

A sua colaboração com o governo da ditadura e a fama que granjeara como especialista em Finanças Públicas levou a que Armindo Monteiro tivesse um importante papel na política portuguesa durante a fase de estruturação do Estado Novo, que o tornou nalguns períodos figura central, rivalizando com António de Oliveira Salazar durante a fase mais incipiente da ditadura militar (1928) que resultou do Golpe de 28 de Maio de 1926. A 21 de Dezembro de 1928 foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de Cristo.[2]

Depois de uma aparente tentativa de em 1928 assumir as funções de Ministro das Finanças, entre 1929 e 1943, foi sucessivamente Subsecretário de Estado das Finanças (a convite do então Ministro Oliveira Salazar), Ministro das Colónias (1931-1935), tendo sido elevado a 19 de Novembro de 1931 a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo e agraciado a 21 de Abril de 1932 com a Grã-Cruz da Ordem do Império Colonial,[2] Ministro dos Negócios Estrangeiros (1935-1936) e embaixador de Portugal em Londres na fase inicial da Segunda Guerra Mundial (1937-1943). Passou assim por algumas das posições governamentais mais sensíveis, já que a questão do equilíbrio das finanças públicas, a questão colonial e a política externa tiveram naquele período uma importância decisiva no processo de consolidação do regime corporativista do que viria a ser o Estado Novo salazarista.

Armindo Monteiro enquanto Embaixador em Londres, retratado por San Payo

Armindo Monteiro era conhecido pelas suas convicções anglófilas e por ser cosmopolita e dinâmico, o que levou a que fosse visto como uma possível alternativa a Salazar no caso da oposição democrática tomar o poder em Portugal. Com o objectivo de o afastar de Lisboa, dadas as divergências entre ambos, António de Oliveira Salazar nomeou-o embaixador de Portugal no Reino Unido. Aí, durante a fase inicial da Segunda Guerra Mundial, Armindo Monteiro procurou, a partir de Londres, levar Salazar a imprimir uma acção mais pró-Aliada no quadro da neutralidade portuguesa. As suas discordâncias em relação à posição a adoptar por Portugal em face da pretensão britânica de adquirir bases nos Açores (a crise dos Açores) levou a que Salazar optasse pela sua substituição naquele posto diplomático.

Aquela substituição, e o consequente terminar da colaboração directa com o governo de Oliveira Salazar, foi o culminar do progressivo afastamento do pensamento de Armindo Monteiro face a Salazar, bem patente em episódios como o envolvimento na Segunda Guerra Ítalo-Etíope, a adesão de Portugal ao Comité de Não-Intervenção, o debate em torno da revisão dos tratados de Aliança Luso-Britânica e as divergências tácticas com no decurso da Segunda Guerra Mundial, com destaque para a crise dos Açores.

A partir de 1943, e até ao seu falecimento em 1955, Armindo Monteiro retoma as lides universitárias e empresariais, embora mantendo alguma actividade política como membro da Câmara Corporativa e do Conselho de Estado, onde foram relevantes as suas posições nos debates sobre política colonial.

Na vertente empresarial assume papel de grande nos círculos empresariais directamente ligados à exploração do império colonial, particularmente na administração da então Refinaria Colonial (refinação de açúcar), em Alcântara (Lisboa),[3] pertença da Sena Sugar Estates, de Moçambique, empresa a que Armindo Monteiro esteve ligado de 1943 até falecer.

Armindo Monteiro deixou uma apreciável obra publicada, com relevo para a sua colaboração com o Diário de Notícias, e um acervo de manuais, discursos e ensaios sobre política e administração. Também se encontra colaboração da sua autoria na revista Portugal Colonial [4] (1931-1937).

Casou em Lisboa, na casa da noiva, área da 5.ª Conservatória do Registo Civil, a 23 de março de 1925, com Lúcia Cancela Infante de La Cerda (Neves (São Tomé e Príncipe), 2 de Agosto de 1903 - Lisboa, 8 de Junho de 1980), sobrinha-bisneta do 1.º Barão de Sabroso e do 2.º Barão de Sabroso, filha de Camilo de Magalhães Coutinho Infante de La Cerda, natural da freguesia de Cadima, concelho de Cantanhede, e de Laura Cancela Infante de La Cerda, natural da freguesia dos Arcos, concelho de Anadia.[5] Foram pais de Luís de Sttau Monteiro, intelectual, escritor e destacado membro da oposição democrática ao regime do Estado Novo.

Morreu a 15 de outubro de 1955, na freguesia e concelho de Loures.[1]

  • LUCENA, Manuel de. «Armindo Monteiro (1896-1955)» in Os Lugares-Tenentes de Salazar: Biografias. Lisboa, Alétheia Editores, 2015. ISBN 978-989-622-643-5
  • OLIVEIRA,Pedro; ROSAS, Fernando; BARROS, Júlia Leitão (eds.). Armindo Monteiro e Oliveira Salazar: Correspondência Política: 1926-1955. Lisboa: Editorial Estampa, 1996 ISBN 9789723311822.
  • OLIVEIRA, Pedro Aires. Armindo Monteiro: Uma Biografia Política. Lisboa, Bertrand Editora, 2000.
Recensão na Análise Social, vol. XXXVI (Outono), 2001.

Referências e Notas

  1. a b «Livro de registo de batismos da Paróquia de Vila Velha de Ródão (1897)». digitarq.adctb.arquivos.pt. Arquivo Distrital de Castelo Branco. p. fls. 19v e 20, assento 53 
  2. a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Armindo Rodrigues de Sttau Monteiro". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 19 de março de 2016 
  3. Hoje da empresa Alcântara Empreendimentos.
  4. Rita Correia (11 de junho de 2014). «Ficha histórica:Portugal colonial : revista de propaganda e expansão colonial (1931-1937)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 23 de março de 2015 
  5. «Livro de registos de casamento da 5.ª Conservatória do Registo Civil de Lisboa (04-01-1925 a 16-05-1925)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. fls. 100 e 100v, assento 100