Brasil 6–1 Espanha (1950) – Wikipédia, a enciclopédia livre
Evento | Copa do Mundo de 1950 (Quadrangular Final) | ||||||
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Data | 13 de Julho de 1950 | ||||||
Local | Maracanã, Rio de Janeiro, Brasil | ||||||
Árbitro | Reginald Leafe | ||||||
Público | 153.000 | ||||||
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Brasil 6 x 1 Espanha foi um jogo válido pela quadrangular final da Copa do Mundo de 1950, realizado no Maracanã, no Rio de Janeiro. É considerada uma das maiores partidas da seleção brasileira em um mundial.[1]
Foi a partida que antecedeu o Maracanaço. Segundo Mário Filho: "Sem Brasil e Espanha aceitaríamos melhor o Brasil e Uruguai, inclusive como contingencia".[2]
Resumo do Jogo
[editar | editar código-fonte]Mais de 150 mil pessoas compareceram ao Maracanã.[3] A Espanha estava invicta na competição, com três vitórias na primeira fase e um empate com o Uruguai na estreia do quadrangular.
Aos 15 minutos, Ademir de Menezes, em passe de Jair, marcou o primeiro: o chute no canto esquerdo desviou em Parra e tirou qualquer chance de defesa para Ramallets. Sete minutos depois, Jair, em passe de Ademir, chutou de canhota da entrada da área e Ramallets alcançou mas não conseguiu segurar. Aos 31, Chico invadiu a área pela esquerda e chutou, houve rebote, Ademir chutou, aconteceu novo rebote, e Chico finalizou de primeira. E a etapa inicial terminou Brasil 3, Espanha 0.
Aos 10 do segundo tempo, Ademir cruzou da ponta-direita, a bola passou por vários atletas, e Chico arrematou no ângulo direito. Dois minutos depois, Zizinho cruzou da direita e Ademir marcou o quinto gol brasileiro. Aos 22, Ademir passou a Zizinho, que dominou dentro da área e chutou forte. Aos 26 minutos do segundo tempo, Estanislao Basora cruzou e Silvestre Igoa marcou o gol de honra espanhol, num lindo voleio. Placar final, Brasil 6, Espanha 1.[4]
Quando a goleada já estava construída, os 150 mil presentes entoaram a marcha carnavalesca "Touradas em Madri", de autoria de Braguinha.[5]
Pós Jogo
[editar | editar código-fonte]A imprensa internacional repercutiu com admiração a atuação brasileira. Brian Granville escreveu que "o Brasil está jogando o futebol do futuro, quase surrealista, que taticamente não apresenta nada demais, mas tecnicamente é soberbo".[6] Na mesma linha, o assistente técnico espanhol, Benito Diaz, declarou: "Jamais vi alguém jogar futebol assim e, se me contassem, não acreditaria, só vendo para crer."[7] O jornal espanhol La Vanguardia definiu o futebol do Brasil como "pletórico, incontenible y arrebatador". O presidente da RFEF, Armando Munoz Calero, afirmou que "o Brasil tem uma equipe praticamente invencível".[8]
A atuação de Zizinho foi especialmente notável. O jornalista austríaco Willy Meisl correspondente da revista inglesa World Sport e irmão de Hugo Meisl, técnico do Wunderteam; descreveu: "Não se trata apenas de um craque, dos muitos craques que andam espalhados pelo mundo. Zizinho é um gênio. Um homem que possui todas as qualidades que podem ser idealizadas para que um profissional chegue perto da perfeição." Giordano Fattori, repórter da La Gazzetta dello Sport assim descreveu a atuação de Zizinho: "Na partida entre Brasil e Espanha aconteceu tudo que se poderia imaginar teoricamente no futebol. Houve ciência, arte, balé e até jogadas circenses. Porém entre os onze jogadores desse time mágico do Brasil, um se destacava. Era Zizinho, o maestro da equipe. Seu futebol fazia recordar Leonardo da Vinci pintando alguma coisa excepcional. Um Da Vinci criando obras primas com os pés no imenso gramado do Maracanã.".[9]
Segundo Mário Filho em 1958: "E, como para nossa vaidade, não admitíamos que algum time algum dia tivesse jogado mais que o escrete brasileiro contra a Espanha, chegamos a conclusão que nunca mais. (...) Encontramos de quando em quando um ex-torcedor que a simples menção da palavra futebol pede-nos para mudar de assunto. Para ele o futebol morreu em 50 e depois de viver a tarde gloriosa contra a Espanha".[2] Willy Meisl declarou em 1954: "Nesse jogo, os brasileiros atingiram alturas nem mesmo igualadas pela grande seleção húngara que derrotou a Inglaterra, no Estádio de Wembley em Londres, por 6 a 3, em novembro do ano passado.".[10]
Em entrevista à Folha de S.Paulo em 1995, Flávio Costa revelou: "Eu influí na formação das chaves para tirar a Espanha do último jogo. Era a melhor seleção, entre as adversárias. Eu já estava farto de jogar com o Uruguai, que depois acabou nos derrotando. Conversando com pessoas que tinham influência, nós é que fazíamos a tabela, prevendo a final.".[11]
Os brasileiros venceram por 6 a 1 e saíram do Maracanã com a aura de campeões do mundo antecipados – bastava um empate com o Uruguai para ser campeão.
Detalhes
[editar | editar código-fonte]16 de julho | Brasil | 6 – 1 | Espanha | Maracanã, Rio de Janeiro |
15:00 BRT (UTC-3) | Ademir de Menezes 15', 57' Jair 21' Chico 31', 55' Zizinho 67' | Relatório | Igoa 71' | Público: 153 000 Árbitro: ENG Reginald Leafe (FA) |
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Classificação do Quadrangular pós-jogo
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Sem chances de ser Campeã do Mundo |
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Brasil 1–7 Alemanha (2014)
- Brasil-Uruguai no futebol
- Filme: Barbosa (1988) Curta-metragem: 12 min. Dirigido por Ana Luíza Azevedo e Jorge Furtado. Com Antônio Fagundes, Pedro Santos, Victor Castel.
Referências
- ↑ «Brasil x Espanha para ficar na memória». CBF. Consultado em 20 de julho de 2019
- ↑ a b «A Grande Safra». Memória BN. Manchete Esportiva (RJ) de 12 de Abril de 1958. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ «História das Copas». Terra. Consultado em 20 de julho de 2019
- ↑ «Calma e Confiança entre os brasileiros». Memória BN. A Noite (RJ) de 14 de julho de 1950. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ «Espanha das touradas em Madrid». CBF. Consultado em 20 de julho de 2019
- ↑ Wilson, Jonathan. Inverting The Pyramid: The History of Soccer Tactics. [S.l.: s.n.] p. 109. ISBN 978-8569214083
- ↑ Voser, Rogério da Cunha. Futebol: história, técnica e treino de goleiro. [S.l.: s.n.] p. 40. ISBN 85-74305731
- ↑ Gehringer, Max. A grande história dos mundiais 1950, 1954, 1958. [S.l.: s.n.] p. 23. ISBN 9788567080215
- ↑ Morales, Franklin. Maracanã: Os labirintos do caráter. [S.l.: s.n.] p. 23. ISBN 9788580869804
- ↑ «Cartas de Londres». Memória BN. Jornal dos Sports (RJ) de 29 de maio de 1954. Consultado em 29 de julho de 2017
- ↑ «Flávio Costa, 88, troca figurinhas com Zezé Moreira, 87, sobre o futebol dos 90». Folha de S.Paulo. Folha de S.Paulo , domingo, 16 de abril de 1995. Consultado em 29 de julho de 2017