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Ciática
Ciática
Vista anterior do nervo ciático a descer a perna direita
Sinónimos Neurite ciática, neuralgia ciática, radiculopatia lombar
Especialidade Ortopedia, neurologia
Sintomas Dor que percorre a perna a partir da parte inferior das costas, fraqueza ou formigueiro na perna afetada

[1]

Complicações Perda do controlo do intestino ou da bexiga[2]
Início habitual 40–60 anos de idade[2][3]
Duração Menos de 6 semanas em 90% dos casos[2]
Causas Hérnia discal, espondilolistese, estenose espinhal, síndrome do piriforme, tumor na bacia[3][4]
Método de diagnóstico Sinal de Lasègue[3]
Condições semelhantes Zona[3]
Tratamento Analgésicos, cirurgia[2]
Frequência 2–40% das pessoas em algum momento da vida[4]
Classificação e recursos externos
CID-10 M54.3-M54.4
CID-9 724.3
CID-11 e 2056651014 158896786 e 2056651014
MedlinePlus 000686
eMedicine emerg/303
MeSH D012585
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Ciática é uma condição médica caracterizada por dor que percorre a perna a partir da parte inferior das costas.[1] A dor pode descer pela parte de trás, pelo lado ou pela parte da frente da perna.[3] Na maior parte dos casos, a dor é de início súbito e ocorre na sequência de esforços, como levantar objetos pesados. No entanto, em alguns casos é de início gradual.[5] Geralmente os sintomas só se manifestam de um dos lados do corpo,[3] embora algumas causas possam dar origem a dor de ambos os lados.[3] Por vezes está também presente dor na parte de baixo das costas, embora nem sempre.[3] Em várias partes da perna e pé afetados pode ocorrer fraqueza ou formigueiro.[3]

Em cerca de 90% dos casos a causa da ciática é uma hérnia discal que exerce pressão sobre uma raiz dos nervos lombar ou sacrais.[4] Entre outras possíveis causas estão a espondilolistese, estenose espinhal, síndrome do piriforme, tumores pélvicos e compressão pela cabeça do bebé durante a gravidez.[3] O diagnóstico é feito com um exame ao sinal de Lasègue.[3] O exame é positivo se, estando a pessoa deitada de costas, ao levantar a perna sente dor debaixo do joelho.[3] Na maior parte dos casos não são necessários exames imagiológicos.[2] No entanto, podem ser necessários quando existe comprometimento da função do intestino ou da bexiga, quando existe fraqueza ou perda de sensibilidade significativa, quando os sintomas persistem por muito tempo, ou quando existe suspeita de tumor ou infeção.[2] Entre as condições com sintomas semelhantes estão várias doenças da anca e a fase inicial da zona, antes de aparecerem as manchas na pele.[3]

O tratamento consiste na administração de analgésicos.[2] Geralmente recomenda-se que a pessoa continue a realizar atvidades até ao máximo da sua capacidade.[3] O tratamento inicial resolve 90% dos casos, cujos sintomas desaparecem em menos de seis semanas.[2] A cirurgia pode ser uma opção nos casos em que a dor é intensa e dura mais de seis semanas.[2] Embora a cirurgia geralmente acelere o alívio da dor, os benefícios a longo prazo não são ainda claros.[3] No entanto, a cirurgia pode ser necessária nos casos em que há comprometimento da função do intestino ou bexiga.[2] Não existem evidências robustas que apoiem a eficácia de outros tratamentos, entre os quais corticosteroides, gabapentina, acupunctura, calor ou gelo ou manipulação vertebral.[3][6]

Dependendo da definição usada, entre 2 e 40% de todas as pessoas apresentam um episódio de ciática pelo menos uma vez na vida.[4] A condição é mais comum entre os 40 e 60 anos de idade e afeta homens com mais frequência do que mulheres.[2][3] A condição é conhecida desde a Antiguidade.[3] A primeira ocorrência conhecida do termo "ciática" data de 1451.[7]

Foto do músculo piriforme, nervo ciático e glúteo médio.

A ciática é geralmente causada pela compressão de uma ou mais de suas raízes lombossacrais, mas pode ocorrer devido à compressão do próprio nervo ciático.

As causas mais prováveis são:

Hábitos e posturas não-saudáveis, como ficar um excessivo tempo sentado ou dormir em posição fetal, juntamente com alongamento e exercício físico insuficiente das áreas musculares e fásciais relevantes, podem ocasionar problemas vertebrais e no tecido laxo associados ao ciático.

Outras causas da ciática incluem infecções, tumores ou síndrome da cauda equina.

Hérnia de disco

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Quando o centro líquido de um dos últimos discos intervertebrais lombares ou dos primeiros sacrais incha e se desloca, ele pode rasgar o anel fibroso externo e derramar o interior laxo do canal da coluna vertebral comprimindo uma raiz nervosa contra a lâmina ou pedículo de uma vértebra, causando uma neuralgia. Este líquido do "núcleo pulposo" pode provocar inflamação e inchaço de tecidos adjacentes e provocar ainda mais compressão da raiz nervosa no espaço confinado no canal espinal circundante. O dermatoma dolorido indica a raiz afetada. A dor é similar a choques rápidos e intensos ao longo do nervo.[8]

Ciática também pode ocorrer durante a fase tardia da gravidez, seja como resultado do útero pressionando o nervo ciático, seja secundariamente em decorrência da tensão muscular ou compressão vertebral associados ao peso extra e mudanças de postura.

Epidemiologia

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Entre 13% e 40% das pessoas tem ciatalgia ao longo da vida, mas apenas 1,6% tem casos mais graves. Geralmente analgésicos específicos, repouso e fisioterapia são suficiente para resolver o problema. A grande maioria dos casos são causados por herniações.[9]

Nervo cervical na altura da coxa.

Uma vez que várias condições podem comprimir as raízes do nervo ciático e causar ciática, as opções de tratamento geralmente diferem. O tratamento da causa por trás da compressão é geralmente a prática mais eficiente. Quando a causa é devida ao disco intervertebral lombar prolapsado ou com hérnia, pesquisas têm mostrado que em 90% dos casos há recuperação mesmo sem tratamento. Fisioterapia, reeducação postural e repouso aceleram a recuperação.

Analgésicos anti-inflamatórios não-esteroides, opioides e relaxantes musculares tem pouca eficácia em reduzir a dor[10] Quando a causa é síndrome piriforme injeções de toxina botulínica para imobilizar o local podem ajudar a reduzir a dor e funcionalidade.[11]

Em uma revisão bibliográfica internacional, Corticosteroides e o anticonvulsivante gabapentina foram os analgésicos mais eficientes descritos, mas apenas a curto prazo.[12] Injeção epidural e antidepressivos tiveram poucos resultados.

Quando a causa é hérnia, a remoção de parte do disco intervertebral geralmente resulta em melhora a curto prazo, mas não é mais eficiente que outros tratamentos mais convencionais a longo prazo.[13] Para tumores e abscessos pode ser o melhor tratamento.

Terapias alternativas

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Terapias alternativas foram úteis a curto prazo, mas não tiveram resultado significativo em casos crônicos, e é importante lembrar que muitos casos resolvem independente de tratamento.[14]

Algumas dicas de prevenção para a dor ciática incluem a prática de desporto, manter a postura apropriada, usar sapatos adequados, dormir em colchões confortáveis e evitar o sobrepeso. O calor pode ajudar a amenizar a dor ciática, portanto, banhos quentes ou aplicação de bolsas térmicas na região podem amenizar a dor.[15]

Referências

  1. a b «Sciatica». Consultado em 2 de julho de 2015. Cópia arquivada em 7 de janeiro de 2017 
  2. a b c d e f g h i j k Institute for Quality and Efficiency in Health Care (9 de outubro de 2014). «Slipped disk: Overview». Consultado em 2 de julho de 2015. Cópia arquivada em 8 de setembro de 2017 
  3. a b c d e f g h i j k l m n o p q r Ropper, AH; Zafonte, RD (26 de março de 2015). «Sciatica.». The New England Journal of Medicine. 372 (13): 1240–8. PMID 25806916. doi:10.1056/NEJMra1410151 
  4. a b c d Valat, JP; Genevay, S; Marty, M; Rozenberg, S; Koes, B (abril de 2010). «Sciatica.». Best practice & research. Clinical rheumatology. 24 (2): 241–52. PMID 20227645. doi:10.1016/j.berh.2009.11.005 
  5. T.J. Fowler; J.W. Scadding (28 de novembro de 2003). Clinical Neurology, 3Ed. [S.l.]: CRC. p. 59. ISBN 978-0-340-80798-9 
  6. Markova, Tsvetio (2007). «Treatment of Acute Sciatica». Am Fam Physician. 75 (1): 99–100. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2016 
  7. Simpson, John (2009). Oxford English dictionary 2nd ed. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0199563837 
  8. Bhat, Sriram (2013). SRB's Manual of Surgery. p. 364. ISBN 9789350259443.
  9. http://bja.oxfordjournals.org/content/99/4/461
  10. Pinto, RZ; Maher, CG; Ferreira, ML; Ferreira, PH; Hancock, M; Oliveira, VC; McLachlan, AJ; Koes, B (2012 Feb 13). "Drugs for relief of pain in patients with sciatica: systematic review and meta-analysis.". BMJ (Clinical research ed.) 344: e497. PMC 3278391. PMID 22331277.
  11. Waseem, Z; Boulias, C; Gordon, A; Ismail, F; Sheean, G; Furlan, AD (2011 Jan 19). "Botulinum toxin injections for low-back pain and sciatica.". Cochrane database of systematic reviews (Online) (1): CD008257. doi:10.1002/14651858.CD008257.pub2. PMID 21249702.
  12. http://www.bmj.com/content/344/bmj.e497
  13. Valat, JP; Genevay, S; Marty, M; Rozenberg, S; Koes, B (2010 Apr). "Sciatica.". Best practice & research. Clinical rheumatology 24 (2): 241–52. doi:10.1016/j.berh.2009.11.005. PMID 20227645.
  14. Leininger, Brent; Bronfort, Gert; Evans, Roni; Reiter, Todd (2011). "Spinal Manipulation or Mobilization for Radiculopathy: A Systematic Review". Physical Medicine and Rehabilitation Clinics of North America 22 (1): 105–125. doi:10.1016/j.pmr.2010.11.002. PMID 21292148.
  15. Dor Ciática