Francisca Josefa de Bragança – Wikipédia, a enciclopédia livre

Francisca Josefa
Infanta de Portugal
Francisca Josefa de Bragança
Francisca Josefa de Bragança, por autor desconhecido
Nascimento 30 de janeiro de 1699
  Paço da Ribeira, Lisboa, Portugal
Morte 15 de julho de 1736 (37 anos)
  Paço da Ribeira, Lisboa, Portugal
Sepultado em Panteão da Dinastia de Bragança, Igreja de São Vicente de Fora, Lisboa, Portugal
Nome completo  
Francisca Josefa Maria Xavier de Bragança
Casa Bragança
Pai Pedro II de Portugal
Mãe Maria Sofia de Neuburgo
Religião Catolicismo Romano

D. Francisca Josefa de Bragança (Lisboa, 30 de janeiro de 1699 - Lisboa, 15 de julho de 1736), foi uma Infanta de Portugal, oitava e última filha do Rei Pedro II de Portugal e de Maria Sofia de Neuburgo.[1]

Nasceu no Paço da Ribeira, em Lisboa, a 30 de janeiro de 1699. No mesmo dia, concorreu toda a Corte ao Paço para o beija-mão ao Rei, que logo desceu à Capela Real do mesmo Paço, onde, com a habitual formalidade, se cantou Te Deum, tendo depois congratulado e demonstrado o seu contentamento ao Rei o Núncio papal, o Embaixador de França e demais Ministros Estrangeiros.[2]

Foi baptizada a 24 de fevereiro, dia de aniversário de sua irmã Teresa de Bragança, com o nome de Francisca Josefa Maria Xavier de Bragança, pelo Capelão-mor e Arcebispo de Lisboa Luís de Sousa, na Capela Real, tendo por padrinho o Imperador José I do Sacro Império Romano-Germânico, seu primo-direito, sendo procurador o Inquisidor-geral Frei José de Lencastre. A infanta foi levada nos braços de Nuno Álvares Pereira de Melo, 1.º Duque de Cadaval, Conselheiro de Estado e Mordomo-mor da Rainha, debaixo de um rico pálio, como era costume. Não teve madrinha.[2]

Ficou órfã de mãe com apenas 6 meses e de pai com apenas 7 anos de idade. Teve por aia, depois nomeada camareira-mor, Joana de Lencastre, Marquesa de Unhão e Fontes, que faleceu neste exercício.[2]

A 31 de outubro de 1703, recebeu o sacramento da confirmação juntamente com a irmã Teresa de Bragança, no oratório do hoje extinto Palácio Real de Alcântara, sito na Quinta do mesmo nome, tendo por padrinho o padre Miguel Dias. Foi dama da Ordem da Cruz Estrelada, tendo recebido a distinção a 3 de maio de 1709, sendo a Grã-Mestra da Ordem a sua tia materna, a Imperatriz-consorte Leonor Madalena de Neuburgo.[2][3]

A infanta era considerada por toda a sociedade e tida como afável e virtuosa, interessando-se pela leitura, dança e música, como o descreve António Caetano de Sousa: «(...) a natureza logrou na sua Real pessoa huma das mais singulares producções; ajuntou à belleza prodigiosa, agradavel magestade na presença, ornando-se de excellentes virtudes, porque era benigna para todos, com coraçaõ pio, e devoto, gostava da liçaõ dos livros, que lia na lingua propria, Hespanhoa, Franceza, e Italiana, sendo este o seu mais estimavel divertimento, e da mesma sorte na dança, instrumentos, e intelligencia da Musica. (...) O seu quarto era frequentado das Senhoras, a quem era permittida esta honra, que ella tratava com agrado, e estimação, de sorte, que naõ podendo ser nestas mayor o respeito, que lhe rendiaõ, ficava sendo grande a obrigaçaõ, em que a todas punha a affabilidade, e genio da Infanta; de tal maneira, que ella foy geralmente applaudida naõ só da Nobreza, mas do povo, que concorria a vella todas as vezes, que sahia fóra, com tanta satisfaçaõ, que pareceo a Infanta venerada Deidade do mais syncero, e fiel culto, que professaõ os Vassallos Portuguezes à Real familia;» É ainda descrita fisicamente, pelo mesmo autor: «(...) Foi a Infanta de estatura alta, grossa, muy fermosa, com grande bizarria, e excellentemente airosa, rosto redondo, os olhos grandes, e pardos, muito branca, e córada, nariz, boca pequenos, e proporcionados, dentes perfeitissimos, com fizionomia alegre, e summamente agradavel.»[2]

Adoeceu de maneira repentina, após leve queixa, sendo a progressão da doença tão rápida que apenas lhe foi possível confessar-se, receber a unção dos enfermos e tomar o sagrado viático, falecendo no mesmo Paço onde nasceu, a 15 de julho de 1736, aos 37 anos de idade, enquanto se celebrava a festa do Anjo da Guarda do Reino. A sua morte foi largamente sentida na Corte, sendo-lhe dedicada uma coletânea de elogios fúnebres, num total de 13 obras intituladas: Sentimentos metricos; Suspiros na perda e alivios na saudade; Francelisa; Admiraçoens sentidas; Nenias dolorosas; Epicedios; Funeral obsequio da mais triste saudade em repetidos suspiros; Suspiros saudosos e metricos; Ofrenda lacrimosa; Acentos saudosos das musas portuguezas; Luctuosos ays do pranto mais enternecido na sentida morte da serenissima senhora D. Francisca Infanta de Portugal; Threnos lamentosos e Ultimas expressoens da magoa e breve alivio da saudade em huma epistola ou carta.[2][4]

Não se casou nem teve filhos, Carlos Emanuel III da Sardenha foi proposto como possível pretendente para a infanta em 1720-21, mas tal não se concretizou. Jaz no Panteão da Dinastia de Bragança, junto aos seus irmãos Manuel, António Francisco e Francisco Xavier, em túmulo que não apresenta a sua data de nascimento e morte, ao contrário dos restantes.[2][3][5]

Referências

  1. «Biografias - Francisca Josefa de Bragança». Monarquia Portuguesa 
  2. a b c d e f g Sousa, António Caetano de (1735–1749). Historia genealogica da Casa Real Portugueza (PDF). Lisboa: [s.n.] pp. 451; 453–456 
  3. a b Raggi, Giuseppina (2019). «The Lost Opportunity: Two Projects of Filippo Juvarra Concerning Royal Theaters and the Marriage Policy between the Courts of Turin and Lisbon (1719-1722)». Music in Art: International Journal for Music Iconography. 44 (1–2): 119–137. ISSN 1522-7464 
  4. «Coletânia de Elogios Fúnebres de D. Francisca Josefa Maria Xavier de Bragança, Infanta de Portugal - Século XVIII - vários autores». Livraria Castro e Silva. 1736 
  5. «Panteão Real da Dinastia de Bragança». Youtube. Portugal Memória. 10 de outubro de 2015