Greve dos petroleiros no Brasil em 2020 – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Greve dos petroleiros no Brasil em 2020 | |
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Local | 13 estados do Brasil |
Causa | Contra o fechamento da fábrica de fertilizantes da Petrobras no Paraná Pagamento de horas-extra |
Participantes | mais de 20 000 petroleiros[1] |
Resultado | Manutenção do fechamento da fábrica de fertilizantes da Petrobras no Paraná Pagamento de horas-extras concedido Manutenção do Acordo Coletivo entre a Petrobras e os sindicatos |
A greve dos petroleiros no Brasil em 2020 foi uma greve que durou vinte dias organizada pelos petroleiros ligados a empresa estatal brasileira Petrobras.[2][3] A manifestação foi organizada contra o fechamento da Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná, a Ansa, desativada pela Petrobras. Com o fechamento, a empresa anunciou o desligamento de 396 empregados.[4][5]
Antecedentes
[editar | editar código-fonte]Ao ser candidato a presidente, Jair Bolsonaro, apresentou uma candidatura com propostas liberais para economia, como privatizações e diminuição do tamanho do Estado.[6][7] Sendo eleito, seu ministro da economia, Paulo Guedes anunciou em novembro de 2018, a criação de uma secretaria de privatizações, gerida pelo empresário José Salim Mattar Jr., dono da Localiza Hertz.[8][9][10]
Como parte da série de medidas de desestatização, estatais foram privatizadas e outras estavam reduzindo seus quadros de funcionários.[11] Dentre as estatais que estavam nos planos de privatizações estava a Fábrica de fertilizantes da Petrobras no Paraná (ANSA/Fafen-PR), que produz amônia e ureia para Petrobras.[12][13] A argumentação de Guedes e do governo é que a empresa dá prejuízos para a máquina pública desde que foi adquirida em 2013.[14] Em contrapartida, os sindicalistas e funcionários dizem que a manutenção da estatal indica "soberania nacional" e que a venda da estatal "lesa o país".[15][16][17]
Greve
[editar | editar código-fonte]No dia 28 de janeiro de 2020, a Federação Única dos Petroleiros (FUP), que representa as treze entidade sindicais da estatal anunciou greve a partir do dia 1 de fevereiro contra medidas que afetariam a estatal juntamente a dispensa de 396 empregados.[18][19][20] Ao inciar a greve, os sindicatos anunciaram a paralisação inicial de 15 unidades de refinarias em 10 estados do país.[21][22] Juntou-se a pauta além do contrário fechamento da fábrica no Paraná e as medidas de privatização, o cumprimento por parte da Petrobras do acordo coletivo de trabalho (ACT) que segundo os tralhadores não vem sendo cumprido pela estatal.[23][24] Como uma das maneiras encontradas pelo grevistas de protesto, em algumas cidades do país o botijão de gás foi vendido a uma faixa de 35 a 40 reais, bem abaixo do preço comum no país.[25][26] Também foi feita uma ocupação de um andar no prédio sede da empresa na cidade do Rio de Janeiro.[27][28] A estatal entrou com recurso para que a luz e água do prédio fossem cortadas, porém a juíza Rosane Ribeiro Catrib da Justiça do Trabalho do Rio de Janeiro, negou a liminar em pró da empresa e a empresa restabeleceu os recursos no prédio.[29][30]
No dia 13 de fevereiro, o quadro era de uma paralisação de 113 unidades da estatal em 13 estados do país, representando um número de mais de vinte mil trabalhadores em greve.[31][32] A greve tornou-se a maior greve na empresa desde 1995, no governo do então presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que também tinha planos de privatizações na estatal.[33][34][35][36] No dia 14 de fevereiro, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, veio a público para dizer que a greve não afetaria a produção e negou quaisquer de qualquer chance de desabastecimento de gasolina no país.[37][38][39]
No dia 20 de fevereiro a Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou a paralisação temporária da greve para maior diálogo e negociação com a empresa.[40][41][42][43][44]
Acordo
[editar | editar código-fonte]Após acordo no Tribunal Superior do Trabalho, entre os sindicalistas e a Petrobras ficou decidido que as demissões serão mantidas, por outro lado pautas como pagamento de hora-extra e tabela de turnos serão revisados pela empresa.[45][46] Após o acordo, a greve foi encerrada definitivamente.[47][48]
Problemas jurídicos
[editar | editar código-fonte]Após recurso da Petrobras no Supremo Tribunal Federal (STF),o presidente do STF, Dias Toffoli, determinou que os grevistas mantivessem 90% do efetivo trabalhando, com justificativa que ""a parte requerente defende que o prosseguimento do movimento paredista põe em risco o abastecimento nacional de combustíveis e a segurança das comunidades no entorno das unidades operacionais”.[49][50][51]
Em decisão do ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho a greve foi considerada ilegal e política.[52] O ministro ordenou que, em caso de descumprimento, os sindicatos paguem entre R$ 250 mil e R$ 500 mil por dia, a depender do porte da entidade, além de ter contas e bens bloqueadas pela justiça.[53][54][55] Apesar da decisão os petroleiros mantiveram a greve.[56][57]
Impactos políticos
[editar | editar código-fonte]- Partidos de esquerda e de oposição ao governo, como o Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Democrático Trabalhista (PDT), Partido Socialista Brasileiro (PSB), Partido da Causa Operária (PCO) e Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU) se posicionaram a favor da greve dos petroleiros.[58][59][60][61][62][63][64]
- João Amoedo, presidente nacional do Partido Novo, se posicionou contrário a greve.[65]
- A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se posicionou a favor da greve.[66]
- A Força Sindical se posicionou a favor da greve.[67]
- O empresário, Luciano Hang, posicionou-se contra a greve.[68]
- O deputado federal, Bibo Nunes (PSL), posicionou-se contra a greve.[69]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ https://brasil.elpais.com/economia/2020-02-13/em-greve-por-fechamento-de-fabrica-da-petrobras-petroleiros-resistem-a-guinada-liberal-da-estatal.html
- ↑ Mendonça, Heloísa (13 de fevereiro de 2020). «Em greve por fechamento de fábrica da Petrobras, petroleiros resistem à guinada liberal da estatal». EL PAÍS. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ #GreveDosPetroleiros. «19º dia: Em greve, petroleiros pressionam por mais avanços». www.fup.org.br. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Petrobras encerra atividades de fábrica de fertilizante no Paraná e demite 396 funcionários». O Globo. 14 de janeiro de 2020. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Empregados se mobilizam para manter empregos em fábrica da Petrobras no Paraná». Folha de S.Paulo. 18 de fevereiro de 2020. Consultado em 20 de fevereiro de 2020
- ↑ «Economista do PSL, Paulo Guedes defende a privatização de 'todas' as estatais». G1. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
- ↑ «Saiba mais sobre as propostas de Bolsonaro e Haddad sobre estatais e privatizações». G1. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
- ↑ «Estou no governo porque presidente gosta de privatizar, diz Salim Mattar». EXAME. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
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- ↑ «Fecharam a FAFEN – Fábrica de Fertilizantes! | Roberto Requião». www.robertorequiao.com.br. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
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- ↑ «Petroleiros iniciam greve em refinarias e plataformas». Folha de S.Paulo. 1 de fevereiro de 2020. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
- ↑ «Petroleiros iniciam greve; Petrobras quer garantir abastecimento». O Dia. 1 de fevereiro de 2020. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
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- ↑ Torres, Miguel (18 de fevereiro de 2020). «Nota - A unidade fortalece a luta dos Petroleiros». Força Sindical. Consultado em 22 de fevereiro de 2020
- ↑ Hang, @luciano_hang (18 de fevereiro de 2020). «Tweet». Luciano Hang. Consultado em 21 de fevereiro de 2020
- ↑ «Tweet». @bibonunes1. 17 de fevereiro de 2020. Consultado em 21 de fevereiro de 2020