Guerrilha – Wikipédia, a enciclopédia livre
Guerrilha (em castelhano: guerrilla; "pequena guerra") é um tipo de guerra não convencional na maior parte das vezes rural[1] no qual o principal estratagema é a ocultação e extrema mobilidade dos combatentes, chamados de guerrilheiros, incluindo, mas não limitado a civis armados (ou "irregulares").
Pode se constituir também como uma movimentação híbrida, ou seja, ora centralizada por uma atitude bélica cujo aspecto pode ser colaboracionista com as forças regulares de determinadas regiões, e ora pode se dar o enfrentamento sem conexão com qualquer força armada regular.
Origem
[editar | editar código-fonte]Presume-se que tenha sido utilizada a palavra guerrilha (guerrilla) pela primeira vez na Guerra Peninsular contra a invasão napoleônica a Portugal e Espanha, entre 1808 e 1812, embora as técnicas guerrilheiras remontem à Antiguidade.[2]
Conceito
[editar | editar código-fonte]Parte de uma série sobre a |
Guerra |
---|
Governo e políticas |
"Trata-se de levar um adversário, por muito mais forte que seja, a admitir condições frequentemente muito duras, não empregando contra ele senão meios extremamente limitados".[3] É então que entra em jogo, em toda a sua plenitude, a fórmula das variáveis complementares que já encontramos: a inferioridade das forças militares deve ser compensada por uma superioridade crescente das forças morais, à medida que a ação se prolonga. Assim, a operação desenvolve-se simultaneamente em dois planos, o plano material, das forças militares, e o plano moral, da ação psicológica.
A guerrilha pode ser um tipo de guerra de resistência onde os insurgentes se opõem a uma força de ocupação, como no Iraque ocupado pelos estadunidenses.[4]
Plano material
[editar | editar código-fonte]Em situação de grande inferioridade de meios, não se pode esperar sobreviver senão recusando combater, e empregando uma tática de fustigamento para manter vivo o conflito. Isto conduz à guerrilha, velha como o mundo e, no entanto, esquecida e depois reaprendida, a cada geração. Mas esta tática há quarenta anos é objeto de codificações estratégicas muito importantes, as quais permitem conduzir tal gênero de operações segundo conceitos racionais que lhe aumentam consideravelmente a eficácia e, consequentemente, permitem reduzir bastante o desequilíbrio de forças materiais. Mao Tsé-Tung definiu em sete regras a essência da guerrilha: íntimo acordo entre a população e os guerrilheiros, retraimento ante um avanço inimigo em força, fustigamento e ataque ante um retraimento inimigo, estratégia de um contra cinco, tática de cinco contra um, particularmente graças ao que se chama o "retraimento centrípeto", isto é, a concentração de forças durante o retraimento (ele dispunha de muito espaço na China); enfim, logística e armamento graças ao que é tomado do inimigo.
Estas sete regras constituem o mínimo necessário para tal forma de guerra, mínimo, no entanto, às vezes desconhecido, como, por exemplo, quando a OAS pretendeu estabelecer um "reduto" na Argélia, ou quando os americanos aceitaram a ideia de um desembarque em Cuba, sob a forma de "cabeça de ponte" clássica.
Mais além desse mínimo, duas noções capitais foram formuladas, para garantir a liberdade de ação da guerrilha A primeira, de origem União Soviética, mas já aplicada pelos irlandeses, visa a impedir a repressão, dissuadindo a população de informar o inimigo, muito embora esse movimento se diferencia de atos de terrorismo como se portaria quaisquer movimentos sociais.[5]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Artefato explosivo improvisado
- Chouannerie
- FARC
- Guerrilha do Araguaia
- Lista de reivindicações de soberania ou autonomia
- Movimento de resistência
- Partisan
- PKK
- Procurar e destruir
- Revolução
- Terrorismo
Referências
- ↑ Hubbard, Ben; Schmitt, Eric; Mazzetti, Mark (11 de setembro de 2014). «U.S. Pins Hope on Syrian Rebels With Loyalties All Over the Map». The New York Times (em inglês). ISSN 0362-4331.
The Syrian rebels are a scattered archipelago of mostly local forces with ideologies that range from nationalist to jihadist. Their rank-and-file fighters are largely from the rural underclass, with few having clear political visions beyond a general interest in greater rights or the dream of an Islamic state.
- ↑ O Conceito de Guerrilha e o Debate sobre a Transformação da Guerra. Por Luiz Felipe Rebello.
- ↑ BEAUFRE, André, Introdução à Estratégia. Rio de Janeiro : Bibliex, 1998, apud SANT'ANNA, Carlos Alexandre Rezende de. Pensamento estratégico brasileiro contemporâneo. – reflexões sobre o Atlântico Sul Arquivado em 22 de novembro de 2015, no Wayback Machine.. Niterói, Universidade Federal Fluminense, 2011.
- ↑ Ackerman, Elliot (8 de agosto de 2014). «The Islamic State's Strategy Was Years in the Making». The New Republic. ISSN 0028-6583
- ↑ «Ocupar propriedade não é terrorismo, diz ex-Relator Especial da ONU». Agência Pública. 23 de abril de 2019. Consultado em 15 de dezembro de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Chevalier, F.; Caudillos et caciques en Amérique. Contribution à l'étude des liens personnels. Bordeaux, 1962.
- Guevara, Guerra de guerrillas; La Habana: Dep. de Instrucción del MINFAR, 1960.
- R. Debray; ¿Revolución en la revolución? La Habana: Casa de las Américas, 1966.
- R. Gott, La guerrilla en América Latina; Santiago de Chile: Universitaria, 1971.
- Minimanual de la guerrilla urbana; La Habana, 1967.
- Rezende, Claudinei Cássio de. Suicídio Revolucionário: a luta armada e a herança da quimérica revolução em etapas. Ed. Unesp, 2010.
- Il Risorgimento; Einaudi, Torino, 1950.
- Hanlweg, W.; Storia della guerriglia. Milano, Feltrineli, 1973.
- Rama, C. M.; "La nouvelle gauche latino-américaine". In: Raison présente. Paris, 1970.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Media relacionados com Guerrilla warfare no Wikimedia Commons
- O apoio de Cuba à luta armada no Brasil: o treinamento guerrilheiro, por Denise Rollemberg.
- Derbent, Thierry. Clausewitz et la guerre populaire. 13. « Petite guerre », guérilla et guerre révolutionnaire . Bruxelas: Aden, 2004. (em francês)