Intersexo – Wikipédia, a enciclopédia livre

Bandeira intersexo, criada em 2013, pelo Morgan Carpenter, da Intersex Human Rights Australia [en] (IHRA)

Intersexo descreve pessoa que naturalmente desenvolve características sexuais que não se encaixam nas noções típicas de sexo feminino ou sexo masculino.[1][2][3][4] Hermafrodita era inicialmente o termo usado na biologia, que representava uma pessoa com os dois sistemas reprodutores no mesmo organismo e que nasce com essa condição biológica.[5]

Segundo a Organização das Nações Unidas, entre 0,05% e 1,7% da população mundial é intersexo; a maior estimativa é semelhante ao número de pessoas naturalmente ruivas.[6]

Estimativas variam, tendo dados que afirmam que 1 em cada 200 pessoas são intersexo; outras, 1 em 1.500 ou 2.000 nascimentos, existindo ainda números tão altos como 4% da população.[7][8][9][10][11]

Tal como as pessoas não intersexo, a identidade de género, expressão de género e orientação sexual que uma pessoa intersexo possui varia mediante a pessoa.[6]

Intersexo, em seres humanos, difere do termo hermafrodita, já bastante estigmatizado, por intersexo denotar várias maneiras que o sexo biológico de alguém pode naturalmente não se encaixar nas noções típicas de sexo feminino ou masculino; e não necessariamente uma questão de conseguir produzir dois tipos de gametas, como hermafrodita se refere. Algumas pessoas intersexo, como qualquer outra, poderão ser transgénero.[6] No entanto, os dois conceitos são diferentes.[6]

Classificação das variações intersexo

[editar | editar código-fonte]
Escala Quigley para síndrome de insensibilidade androgénica

Não existe somente uma maneira de ser intersexo. Algumas pessoas intersexo nascem com genitais atípicos; outras nascem com genitais completamente típicos: umas possuem cromossomas XX e têm naturalmente um pénis e escroto, enquanto outras possuem cromossomas XY e têm naturalmente uma vulva e vagina, entre outras maneiras de ser intersexo.[6] Algumas variações intersexo são visíveis ao nascimento, enquanto outras, não são aparentes até à puberdade. Outras podem inclusive não ser fisicamente aparentes.[6]

Existem diversas variações intersexo, dentre elas:[9]

Algumas variações intersexo são pouco conhecidas ou estudadas e não têm estimativas para elas ocorrerem, ou são variações de outras já existentes, como a síndrome XXYYY[15] ou a síndrome de insensibilidade a estrógenos.[16][17]

Heterogeneidade

[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Heterogeneidade

Heterogeneidade significa diversidade genética e na aparência (fenótipo). No intersexo, significa que algumas características sexuais da pessoa são femininas e outras são masculinas. Essas características sexuais podem ser relativas ao:

Por exemplo: Uma pessoa XY pode naturalmente desenvolver vagina, vulva, mamas, e testículos no lugar típico dos ovários. Uma pessoa com criptorquia bilateral tem pênis, mas seus testículos não produzem testosterona suficiente para desenvolver barba e voz grave.

Foto para marcar o Dia da Visibilidade Intersexo, na Conferência ILGA 2018

Pesquisas no final do século XX levaram a um consenso médico crescente de que diversos corpos intersexo são formas normais, mas relativamente mais raras, de biologia humana.[18][19][20] O clínico e pesquisador Milton Diamond destaca a importância do cuidado na seleção da linguagem relacionada às pessoas intersexo:

Acima de tudo, defendemos o uso dos termos "típico", "usual" ou "mais frequente", onde é mais comum usar o termo "normal". Quando possível, evite expressões como mal desenvolvido ou subdesenvolvido, erros de desenvolvimento, genitais defeituosos, anormais ou erros da natureza. Enfatize que todas essas condições são biologicamente compreensíveis, embora sejam estatisticamente incomuns.[21]

O termo "intersexo"

[editar | editar código-fonte]

Algumas pessoas com traços de intersexo se identificam como intersexo, e outras não.[22][23] Uma pesquisa sociológica australiana publicada em 2016, descobriu que 60% dos entrevistados usaram o termo "intersexo" para autodescreverem suas características sexuais, incluindo pessoas que se identificam como intersexo, descrevendo-se como tendo uma "variação intersexo" ou, em números menores, tendo uma "condição intersexo".[24] A maioria de 75% dos entrevistados também se autodescreveu como do "sexo masculino" ou "sexo feminino".[24] As pessoas entrevistadas também costumavam usar rótulos diagnósticos e se referir a seus cromossomas sexuais, com escolhas de palavras dependendo do público.[24] Uma pesquisa do Lurie Children's Hospital, Chicago, e do AIS-DSD Support Group publicada em 2017 descobriu que 80% dos entrevistados do Grupo de Apoio "gostaram fortemente, gostaram ou se sentiram neutros sobre intersexo" como um termo, enquanto os cuidadores deram menos apoio.[25] O hospital relatou que o termo "distúrbios do desenvolvimento sexual" pode afetar negativamente o atendimento.[26]

Algumas organizações intersexo fazem referência a "pessoas intersexo" e "variações ou características intersexo"[27] enquanto outros usam uma linguagem mais medicalizada, como "pessoas com condições intersexo",[28] ou pessoas "com condições intersexo ou DSDs (diferenças de desenvolvimento sexual)" e "crianças nascidas com variações da anatomia sexual".[29] Em maio de 2016, o Interact Advocates for Intersex Youth publicou uma declaração reconhecendo "aumento da compreensão e aceitação geral do termo 'intersexo'".[30]

No entanto, um estudo da American Urological Association descobriu que 53% dos participantes não gostavam do termo "intersexo".[31]

Outro estudo em 2020 descobriu que cerca de 43% dos 179 participantes pensaram que o termo "intersexo" era mau, enquanto 20% se sentiram neutros sobre o termo.[32]

Ver artigo principal: Hermafrodita

Até meados do século XX o termo "hermafrodita" era usado como sinónimo de "intersexo".[33] As distinções "pseudo-hermafrodita masculino", "pseudo-hermafrodita feminina" e, especialmente, "hermafrodita verdadeiro"[34] são termos não mais usados, que refletem a histologia (aparência microscópica) das gônadas.[35][36][37] A terminologia médica mudou não apenas devido a preocupações com a linguagem, mas também por uma mudança para entendimentos baseados na genética.

Atualmente na biologia, um hermafrodita é definido como um organismo que tem a capacidade de produzir micro e macro gametas.[38][39][40]

A Intersex Society of North America declarou que hermafrodita não deve ser confundido com pessoas intersexo, e que usar hermafrodita para se referir a indivíduos intersexo é considerado estigmatizante e enganoso.[41]

Distúrbios do desenvolvimento sexual

[editar | editar código-fonte]

"Distúrbios do desenvolvimento sexual" (DDS, em inglês: DSD) é um termo contestado,[42] definida para incluir condições congênitas nas quais o desenvolvimento do sexo cromossómico, gonadal ou anatómico é atípico. Membros da Lawson Wilkins Pediatric Endocrine Society e da European Society for Pediatric Endocrinology adotaram este termo em sua "Declaração de consenso sobre o manejo de distúrbios intersexo".[43][44] Embora tenha adotado o termo para abrir "muitas mais portas", a já extinta Intersex Society of North America observou que as variações intersexo não são um distúrbio.[45] Outras pessoas intersexo, ativistas, apoiadores e académicos contestaram a adoção da terminologia e seu status implícito como um "distúrbio", vendo isso como ofensivo para indivíduos intersexo que não sentem que há algo errado com eles, reforçando da normatividade das intervenções cirúrgicas precoces e criticar os protocolos de tratamento associados à nova taxonomia.[46]

Uma pesquisa sociológica na Austrália, publicada em 2016, descobriu que 3% dos entrevistados usaram o termo "distúrbios do desenvolvimento sexual" ou "DDS" para definir suas características sexuais, enquanto 21% usam o termo ao acessar serviços médicos. Em contraste, 60% usaram o termo "intersexo" de alguma forma para auto-descrever as suas características sexuais.[47] Uma pesquisa nos Estados Unidos do Lurie Children's Hospital, Chicago, e do AIS-DSD Support Group publicada em 2017, descobriu que a terminologia de "distúrbios do desenvolvimento sexual" pode afetar negativamente o atendimento, ofender e resultar em menor frequência em clínicas médicas.[26]

Alternativas para categorizar as variações intersexo como "distúrbios" têm sido sugeridas, incluindo "variações do desenvolvimento sexual".[48] A Organisation Intersex International (OII) questiona uma abordagem de doença ou deficiência, defende o adiamento de intervenções, a menos que seja clinicamente necessário, quando o consentimento totalmente informado do indivíduo envolvido é possível.[49] A UK Intersex Association também é altamente crítica em relação ao rótulo 'distúrbios' e aponta para o fato de que houve um envolvimento mínimo de representantes intersexo no debate que levou à mudança na terminologia.[50] Em maio de 2016, o Interact Advocates for Intersex Youth também publicou uma declaração opondo-se à linguagem patologizante para descrever pessoas com traços intersexo, reconhecendo "o aumento da compreensão e aceitação geral do termo 'intersexo'".[30]

As variações intersexo diferem da identidade transgénero e a disforia de género.[51][52][53] No entanto, algumas pessoas são intersexo e transgénero.[54] Um artigo de revisão clínica de 2012 descobriu que entre 8,5% e 20% das pessoas com variações intersexo experimentaram disforia de género.[55] Em uma análise do uso do diagnóstico genético pré-implantação para eliminar traços intersexo, Behrmann e Ravitsky afirmam: "A escolha parental contra as variações intersexo pode ... ocultar preconceitos contra a atração pelo mesmo sexo e não conformidade de género."[56]

A relação das pessoas e comunidades intersexo com as comunidades LGBT é complexa,[57] mas pessoas intersexo são frequentemente adicionadas à sigla LGBT, resultando na sigla LGBTI. Emi Koyama descreve como a inclusão do intersexo em LGBTI pode falhar em abordar questões de direitos humanos específicas das pessoas intersexo, incluindo a criação de falsas impressões "de que os direitos das pessoas intersexo são protegidos" por leis que protegem as pessoas LGBT, e não reconhecer que muitas pessoas intersexo não são LGBT.[58] A Organização Intersex Internacional da Austrália declara que alguns indivíduos intersexo são homossexuais e alguns são heterossexuais, mas "o ativismo LGBTI tem lutado pelos direitos das pessoas que estão fora das normas binárias esperadas de sexo e género."[59][60] Julius Kaggwa, do SIPD Uganda, escreveu que, embora a comunidade gay "nos ofereça um lugar de relativa segurança, também ignora nossas necessidades específicas".[61] Mauro Cabral escreveu que as pessoas e organizações transgênero "precisam parar de abordar as questões intersexo como se fossem trans", incluindo o uso de variações e pessoas intersexo como meio de explicar ser transgênero; “podemos colaborar muito com o movimento intersexo, deixando claro o quanto essa abordagem é errada”.[62]

Ver artigo principal: Endossexo

Endossexo é um antônimo do termo intersexo, cunhado pela primeira vez por Heike Bödeker em 1999.[63] De acordo com as Academias Nacionais de Ciências, Engenharia e Medicina dos Estados Unidos, "alguns defensores e provedores estão usando cada vez mais o termo".[64]

Escultura "Hermafrodita Dormindo", representativa da figura mitológica Hermafrodito, um ser intersexo.

Quer fossem ou não socialmente tolerado ou aceite por qualquer cultura em particular, a existência de pessoas intersexo era conhecida de muitas culturas antigas e pré-modernas. O historiador grego Diodoro Sículo escreveu sobre o mitológico Hermafrodito no primeiro século a.C., que "nasceu com um corpo físico que é uma combinação do de um homem e o de uma mulher", e possuía alegadamente propriedades sobrenaturais.[65]

Nas sociedades europeias, o direito romano, o direito canónico pós-clássico e, mais tarde, o direito comum, referia-se ao sexo de uma pessoa como masculino, feminino ou hermafrodita, com direitos legais como masculino ou feminino, dependendo das características que "pareciam mais dominantes".[66] O Decretum Gratiani do século XII afirma que "Se um hermafrodita pode testemunhar um testamento, depende do sexo que prevalece".[67][67][68] O fundamento da lei comum, os Institutos dos Lawes of England do século XVII, descreveram como uma pessoa "hermafrodita" poderia herdar "ou como macho ou fêmea, de acordo com aquele tipo de sexo que prevalece"[69][70] Os casos legais têm sido descritos no direito canônico e em outros lugares ao longo dos séculos.

Algumas sociedades não europeias têm sistemas de sexo ou género que reconhecem mais do que as duas categorias de homem ou mulher e sexo masculino ou feminino. Algumas dessas culturas, por exemplo as comunidades Hijra do Sul da Ásia,[71] podem incluir pessoas intersexo em uma terceira categoria de género. Embora, segundo Morgan Holmes, os antropólogos ocidentais classificaram essas culturas como "primitivas", Holmes argumentou que as análises dessas culturas têm sido simplistas ou romantizadas e não levam em conta a forma como os sujeitos de todas as categorias são tratados.[72]

Durante a era vitoriana, autores médicos introduziram os termos "hermafrodita verdadeiro" para um indivíduo com tecido ovariano e testicular, "pseudo-hermafrodita masculino" para uma pessoa com testículos, vulva e vagina ou genitais externos atípicos, e "pseudo-hermafrodita feminina" para uma pessoa com ovários, pénis e escroto ou genitais externos atípicos. Algumas mudanças posteriores na terminologia têm refletido avanços na genética, enquanto outras mudanças são sugeridas devido a associações pejorativas.[73]

O termo intersexualidade foi cunhado por Richard Goldschmidt em 1917.[74] A primeira sugestão para substituir o termo 'hermafrodita' por 'intersexo' foi feita por Cawadias na década de 1940.[75]

Desde o surgimento da ciência médica moderna, algumas pessoas intersexo com genitais externos atípicos tiveram estes modificados cirurgicamente para se parecerem com os genitais típicos. Cirurgiões identificariam bebés intersexo como uma "emergência social" quando a variação é percebida ao nascer.[76] Uma "política de género ideal", desenvolvida inicialmente por John Money, afirmou que a intervenção precoce ajudou a evitar a confusão de identidade de género, mas tal carece de evidências,[77] e as intervenções precoces têm consequências adversas para a saúde psicológica e física.[78]

O diálogo entre os que antes eram grupos antagónicos de ativistas e clínicos levou a apenas ligeiras mudanças nas políticas médicas e na forma como pacientes intersexo e as suas famílias são tratadas em alguns locais.[79] Em 2011, Christiane Völling tornou-se a primeira pessoa intersexo conhecida por processar alguém com sucesso por danos num caso trazido por intervenções cirúrgicas não consensuais.[80] Em Abril de 2015, Malta tornou-se o primeiro país a proibir intervenções médicas não consensuais para modificar as características sexuais, incluindo a de pessoas intersexo.[81] Muitas organizações da sociedade civil e instituições de direitos humanos apelam agora ao fim de intervenções desnecessárias não consentidas em indivíduos intersexo de modo a entrar dentro dos padrões de características sexuais, incluindo na declaração de Malta.[82][83]

Integridade física

[editar | editar código-fonte]

Tem-se tornado prática comum sujeitar as crianças intersexo a intervenções cirúrgicas, medicamente desnecessárias e a outros procedimentos que têm como propósito tentar fazer com que a sua aparência esteja de acordo com a noção típica de sexo masculino ou feminino.[1][84] Tais procedimentos, frequentemente irreversíveis, podem causar permanentemente infertilidade, dor, incontinência, perda de sensação no ato sexual, sofrimento mental para o resto da vida, incluindo depressão.[1][84]

Estes procedimentos, são regularmente praticados sem o pleno consentimento, livre e informado, da pessoa em questão. Muitas vezes, esta é demasiado nova para poder tomar uma decisão e estes procedimentos podem violar os seus direitos à integridade física, a viver livre de tortura e outros atos degradantes ou desumanos.[1][84]

Estas intervenções têm frequentemente como base normas culturais e de gênero e crenças discriminatórias relativas a pessoas intersexo e a sua integração na sociedade.[1][84] Atitudes discriminatórias não podem nunca justificar violações de direitos humanos, incluindo tratamento forçado e violações ao direito à integridade física.[1][84]

Tais procedimentos são algumas vezes justificados por argumentos com base em benefícios de saúde, mas estes são frequentemente propostos com base em provas fracas e sem a discussão de soluções alternativas que protejam a integridade física e respeitem a autonomia da pessoa.[1][84]

Tais crenças e pressões sociais são frequentemente refletidas pela comunidade médica, e também por familiares responsáveis das crianças intersexo, que encorajam ou dão o seu consentimento para que tais procedimentos sejam feitos. Independentemente da falta de indicação médica, necessidade ou urgência, e também apesar do facto de que tais procedimentos possam violar direitos humanos. Muitas vezes o consentimento é dado na ausência de informação sobre as consequências a curto e longo prazo sobre tal cirurgia e também com a falta de contacto com outras pessoas adultas intersexo e as suas famílias.[1][84]

Muitas pessoas adultas intersexo que foram expostas a cirurgias enquanto crianças realçam a vergonha e estigma associados à tentativa de apagar os seus traços intersexo, tal como o sofrimento físico e mental, incluindo como resultado as cicatrizes extensivas e dolorosas. Muitas também sentem que foram forçadas a assumirem um sexo e gênero que não lhes é adequado.[1][84]

Dado a natureza irreversível e o impacto na autonomia e integridade física da pessoa, tais procedimentos cirúrgicos, desnecessários, tais procedimentos procuram ser proibidos.[1][84]

Modificação das características sexuais

[editar | editar código-fonte]

O tipo de procedimentos vai depender da variação intersexo, existem dois modelos possíveis[9]:

  • Modelo centrado no sigilo e cirurgia: Fazer a cirurgia e medicar nos primeiros 24 meses de vida;
  • Modelo centrado na pessoa intersexo: Esperar a pessoa intersexo crescer, explicar a complexidade das questões envolvidas e permitir que tome a decisão sobre como agir quanto às suas características sexuais (seja, se deseja alterações, o momento que as faz, ou quais faz).

Em caso de clitoromegalia e micropénis, esperar antes de fazer a cirurgia é importante para não correr o risco de prejudicar a funcionalidade do órgão sexual.[9] Outro motivo para esperar antes de fazer a cirurgia é evitar a insatisfação da pessoa intersexo na alteração.[9][85][86] É importante que a família e a pessoa intersexo possua acompanhamento psicoterapêutico para lidar com a ansiedade e frustração que pode vir acompanhada a toda a complexidade envolvida em ser intersexo.[9]

Assim o tratamento moderno envolve psicoterapia para a pessoa intersexo e a sua família, cirurgia de redesignação sexual, cirurgia plástica para caso queira modificar as suas características sexuais ou terapia hormonal, caso desejada. Sendo mais fácil a construção de uma vulva e vagina, ela tem sido preferida pelo modelo médico tradicional. Mesmo na abordagem centrada na pessoa intersexo, recomenda-se que a cirurgia seja feita caso haja sério prejuízo funcional e desconforto genital.[9]

Ser intersexo é frequentemente tratado como algo de carácter patológico, que deve ser corrigido com terapia hormonal ou cirurgias para normalizar as características sexuais das pessoas intersexo.[6] Se uma variação intersexo é descoberta no nascimento ou durante a infância, os procedimentos médicos podem ser realizados sem que a criança ou pessoas responsáveis pela criança deem consentimento ou até mesmo estejam cientes, e muitas pessoas intersexo não são informadas sobre a sua variação intersexo, mesmo quando adultas.[6]

A medicina tradicionalmente considera as variações intersexo como “distúrbios do desenvolvimento sexual” (“DSDs”).[87][88] Esse enquadramento das variações intersexo promove a ideia de que uma variação intersexo é indesejável.[87][88]

Muitas variações intersexo são genéticas e, com o tempo, um número crescente de causas genéticas para traços intersexo está sendo descoberto. As justificativas para a eliminação de variações intersexo por meio de tecnologias de triagem genética frequentemente refletem as justificativas para cirurgias genitais e gonadais pós-natais - isto é, estão baseadas na ideia de que é errado crescer com características sexuais atípicas.[87]

Em muitos casos, os traços intersexo são considerados adequados para eliminação do pool genético e podem ser oferecidos a famílias de indivíduos com um traço intersexo identificado. FIV e outras formas de triagem genética podem eliminar as variações dos cromossomas sexuais.[87] Exemplos incluem:

A insensibilidade a andrógenos, deficiência de 5α-redutase 2 (D5α-R2) e deficiência de 17ß-hidroxiesteróide desidrogenase 3 (17β-HSD3) podem ser determinadas por meio de testes específicos que podem ser propostos se familiares tiverem um diagnóstico relevante. Essas características parecem ser consideradas adequadas para eliminação, mas não há fatores substantivos de saúde ou qualidade de vida que justifiquem a eliminação, exceto o risco de intervenções médicas forçadas (para as quais lemos risco de estigmátização) para sustentar esses fundamentos.[87]

As variações dos cromossomas sexuais, como 47XXY (Klinefelter) e 45X0 (Turner's) podem ser estabelecidas por fertilização in vitro e outros testes. Essas características às vezes estão associadas a problemas de saúde cognitiva e física, por exemplo, 47XXY está associado a hipogonadismo e uma série de outros problemas, mas há baixas taxas gerais de diagnóstico para essa variação.[87][89] Baixas taxas de diagnóstico podem estar associadas à expressão variável do traço. As variações dos cromossomas sexuais também estão associadas a taxas mais altas de aborto espontâneo.

No caso de hiperplasia adrenal congênita, o tratamento pré-natal com dexametasona pode ser oferecido para minimizar a expressão física do traço. Este tratamento é controverso, pois foi diretamente associado a consequências para o comportamento e orientação sexual da criança futura,[87][90][91][92] desenvolvimento cognitivo[87][92] e fertilidade.[87] Membros da família também podem receber o rastreamento genético.[87] A hiperplasia adrenal congênita pode estar associada à perda de sal, que é potencialmente fatal se não tratada - as cirurgias genitais são incapazes de resolver esse problema.[87]

Um estudo australiano de 2016 relatou um aumento na porcentagem de indivíduos com variações intersexo que recebem um diagnóstico genético de 13% para 35%.[87]

Há uma longa história de pesquisas clínicas sobre as origens pré-natais ou genéticas da orientação sexual e identidade de género, muitas delas baseadas diretamente na pesquisa sobre variações das características sexuais ou na problematização da orientação sexual ou identidade de género em pessoas com variações intersexo.[87][90][91][93] Consequentemente, essas questões têm implicações para outras minorias sexuais e de género.[87][94]

A discriminação na aplicação de tecnologias de triagem e manipulação genética é uma questão distinta para o acesso às tecnologias reprodutivas, incluindo o aborto.[88] A seleção e eliminação pré-natal com base nas características sexuais estão mais intimamente relacionadas à seleção de sexo com preconceito de género.[95]

Discriminação contra indivíduos intersexo

[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Intersexismo

As pessoas intersexo são frequentemente sujeitas a discriminação e abuso se for conhecido o facto de serem intersexo. Normalmente, as leis antidiscriminação não proíbem a discriminação contra pessoas intersexo, deixando-as vulneráveis a práticas discriminatórias em vários cenários, desde o acesso à saúde, educação, serviços públicos, emprego e desportos.[1][84]

Profissionais de saúde muitas vezes carecem da formação e conhecimento necessário para compreender como lidar com as especificidades das pessoas intersexo, prestar cuidados adequados e respeitar a autonomia e os direitos à integridade física e à saúde das pessoas em causa.[1][84]

Algumas pessoas intersexo também enfrentam obstáculos e discriminação caso queiram ou necessitem alterar o sexo apresentado no certificado de nascimento, ou nalgum documento oficial.[1][84]

Em especial, atletas intersexo muitas vezes enfrentam obstáculos específicos. Existem vários casos de mulheres cisgénero intersexo que foram desqualificadas de competições com base nas suas características intersexo. No entanto, ser intersexo por si só não garante um melhor desempenho. Ainda assim, outras características físicas que de facto afetam o desempenho, como a altura ou o desenvolvimento muscular não são sujeitas a tal escrutínio e restrições.[1][96]

[editar | editar código-fonte]

Céu Ramos Albuquerque conseguiu o direito de retificar seu nome e o sexo na certidão de nascimento no dia 8 de fevereiro de 2024,[97] quase três anos depois dela ter entrado com o pedido na Justiça. Ela foi a primeira pessoa intersexo do Brasil a fazer a alteração com termo no registro civil, segundo a Associação Brasileira Intersexo (Abrai).[98] A decisão que autorizou a mudança foi publicada pela 2ª Vara de Família e Registro Civil da Comarca de Olinda.[99][100]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n «UNFE Intersex Fact Sheet» (PDF) 
  2. Admin (2 de agosto de 2013). «What is intersex?». Intersex Human Rights Australia (em inglês). Consultado em 5 de outubro de 2020 
  3. «Resilient Individuals: Sexual Orientation Gender Identity & Intersex Rights 2015 | Australian Human Rights Commission». humanrights.gov.au. Consultado em 5 de outubro de 2020 
  4. AG. «Sex Discrimination Amendment (Sexual Orientation, Gender Identity and Intersex Status) Act 2013». www.legislation.gov.au (em inglês). Consultado em 5 de outubro de 2020 
  5. Rocha, Lucas. «Entenda o que é ser uma pessoa intersexo». CNN Brasil. Consultado em 4 de março de 2024 
  6. a b c d e f g h «UNFE Intersex Fact Sheet» (PDF) 
  7. Admin (28 de setembro de 2013). «Intersex population figures». Intersex Human Rights Australia (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  8. Fausto-Sterling, Anne (2000). Sexing the Body: Gender Politics and the Construction of Sexuality. New York: Basic Books. ISBN 0-465-07713-7.
  9. a b c d e f g SANTOS, Moara de Medeiros Rocha; ARAUJO, Tereza Cristina Cavalcanti Ferreira de. Desenvolvimento da identidade de gênero em casos de intersexualidade: contribuições da Psicologia. 2006. 246 f. Tese de doutorado em psicologia. Universidade de Brasília, Brasília, 2006. [1]
  10. «Intersex person speaks in the European Parliament for the first time ever today». OII Europe (em inglês). 16 de junho de 2016. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  11. «How common is intersex? | Intersex Society of North America». isna.org. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  12. «Ovotesticular Disorder of Sex Development - Symptoms, Causes, Treatment | NORD». rarediseases.org (em inglês). Consultado em 24 de maio de 2023 
  13. [2]
  14. [3]
  15. «49, XXXYY syndrome - About the Disease - Genetic and Rare Diseases Information Center». rarediseases.info.nih.gov (em inglês). Consultado em 24 de maio de 2023 
  16. Ainsworth, Claire (1 de fevereiro de 2015). «Sex redefined». Nature (em inglês) (7539): 288–291. ISSN 1476-4687. doi:10.1038/518288a. Consultado em 24 de maio de 2023 
  17. Li, Yin; Hamilton, Katherine J.; Perera, Lalith; Wang, Tianyuan; Gruzdev, Artiom; Jefferson, Tanner B.; Zhang, Austin X.; Mathura, Emilie; Gerrish, Kevin E. (1 de junho de 2020). «ESR1 Mutations Associated With Estrogen Insensitivity Syndrome Change Conformation of Ligand-Receptor Complex and Altered Transcriptome Profile». Endocrinology (6): bqaa050. ISSN 1945-7170. PMC 7947601Acessível livremente. PMID 32242619. doi:10.1210/endocr/bqaa050. Consultado em 24 de maio de 2023 
  18. Zderic, Stephen (2002). Pediatric gender assignment : a critical reappraisal; [proceedings from a conference ... in Dallas in the spring of 1999 which was entitled "pediatric gender assignment – a critical reappraisal"]. New York, NY [u.a.]: Kluwer Acad. / Plenum Publ. ISBN 978-0306467592 
  19. Frader, J.; Alderson, P.; Asch, A.; Aspinall, C.; Davis, D.; Dreger, A.; Edwards, J.; Feder, E. K.; Frank, A.; Hedley, L. A.; Kittay, E.; Marsh, J.; Miller, P. S.; Mouradian, W.; Nelson, H.; Parens, E. (Maio de 2004). «Health care professionals and intersex conditions». Arch. Pediatr. Adolesc. Med. 158 (5): 426–8. CiteSeerX 10.1.1.572.1572Acessível livremente. PMID 15123472. doi:10.1001/archpedi.158.5.426 
  20. Wiesemann, Claudia; Ude-Koeller, Susanne; Sinnecker, Gernot H. G.; Thyen, Ute (20 de Outubro de 2009). «Ethical principles and recommendations for the medical management of differences of sex development (DSD)/intersex in children and adolescents» (PDF). European Journal of Pediatrics. 169 (6): 671–679. PMC 2859219Acessível livremente. PMID 19841941. doi:10.1007/s00431-009-1086-x. Consultado em 6 de Setembro de 2013. Cópia arquivada (PDF) em 29 de Agosto de 2020 
  21. Diamond, Milton; H. Keith Sigmundson (1997). «Management of intersexuality: Guidelines for dealing with individuals with ambiguous genitalia». Archives of Pediatrics and Adolescent Medicine. Junho. Consultado em 8 de abril de 2007. Arquivado do original em 8 de Fevereiro de 2007 
  22. Sharon Preves, "Intersex and Identity, the Contested Self". Rutgers, 2003.
  23. Catherine Harper, "Intersex". Berg, 2007.
  24. a b c «New publication "Intersex: Stories and Statistics from Australia" - OII Australia - Intersex Australia». web.archive.org. 29 de agosto de 2016. Consultado em 4 de março de 2021 
  25. [10.1016/j.jpurol.2017.03.035 «10.1016/j.jpurol.2017.03.035»] Verifique valor |url= (ajuda) 
  26. a b Newswise (11 de maio de 2017). «Term "Disorders of Sex Development" May Have Negative Impact». Newswise. Consultado em 11 de maio de 2017. Cópia arquivada em 15 de Maio de 2017 
  27. Welcome to OII Australia – we promote human rights and bodily autonomy for intersex people, and provide information, education and peer support Arquivado em 2014-10-31 no Wayback Machine Arquivado em 2014-10-31 no Wayback Machine, Organisation Intersex International Australia, 4 April 2004
  28. Answers to Your Questions About Individuals With Intersex Conditions Arquivado em 2014-10-31 no Wayback Machine Arquivado em 2014-10-31 no Wayback Machine, American Psychological Association, 2006.
  29. Advocates for Informed Choice Arquivado em 2011-08-11 no Wayback Machine Arquivado em 2011-08-11 no Wayback Machine, Advocates for Informed Choice, undated, retrieved 19 Setembro 2014
  30. a b interACT (Maio de 2016). «interACT Statement on Intersex Terminology». Interact Advocates for Intersex Youth. Consultado em 30 de Maio de 2016. Cópia arquivada em 8 de Junho de 2016 
  31. D’Oro Anthony; Rosoklija Ilina; Jacobson Deborah L.; Finlayson Courtney; Chen Diane; Tu Duong D.; Austin Paul F.; Karaviti Lefkothea P.; Gunn Sheila K.; Nahata Leena; Kapa Hillary M. (2020). «Patients' and Caregivers' Attitudes toward 'Disorders of Sex Development' Nomenclature». Journal of Urology. 0 (4): 835–842. PMID 32302259. doi:10.1097/JU.0000000000001076. Consultado em 4 de Julho de 2020. Cópia arquivada em 29 de Agosto de 2020 
  32. Bennecke, Elena; Köhler, Birgit; Roehle, Robert; Thyen, Ute; Gehrmann, Katharina; Lee, Peter; Nordenström, Anna; Cohen-Kettenis, Peggy; Bouvattier, Claire; Wiesemann, Claudia (27 de janeiro de 2020). «Disorders or Differences of Sex Development? Views of Affected Individuals on DSD Terminology». The Journal of Sex Research: 1–10. PMID 31985272. doi:10.1080/00224499.2019.1703130. Consultado em 4 de Julho de 2020. Cópia arquivada em 29 de Agosto de 2020 
  33. Cawadias, A. P. (1943) Hermaphoditus the Human Intersex, London, Heinemann Medical Books Ltd.
  34. Molina B Dayal, MD, MPH, Assistant Professor, Fertility and IVF Center, Division of Reproductive Endocrinology and Infertility, Medical Faculty Associates, George Washington University distingquishes what 'true hermaphroditism' encompasses in their study of Ovotestis. Found here: «Ovotesticular Disorder of Sexual Development». Consultado em 2 de janeiro de 2008. Cópia arquivada em 31 de Dezembro de 2007 
  35. W. S. Alexander M.D., O. D. Beresford M.D., M.R.C.P. (1953) wrote about extensively about 'female pseudohermaphrodite' origins in utera, in his paper "Masculinization of Ovarian Origin, published An International Journal of Obstetrics and Gynaecology Volume 60 Issue 2 pp. 252–258, April 1953.
  36. Am J Psychiatry 164:1499–1505, Outubro 2007: Noted Mayo Clinic researchers J.M. Bostwick, MD, and Kari A Martin MD in A Man's Brain in an Ambiguous Body: A Case of Mistaken Gender wrote of the distinctions in male pseudohermaphrodite condition.
  37. Langman, Jan; Thomas Sadler (2006). Langman's medical embryology. Hagerstown, MD: Lippincott Williams & Wilkins. p. 252. ISBN 978-0-7817-9485-5 
  38. Kilman, Richard. Encyclopedia of Evolutionary Biology. [S.l.]: Elsevier Science 
  39. Avise, John; Nicholson, Trudy (15 de março de 2011). Hermaphroditism. [S.l.]: Columbia University Press 
  40. Smith, John Maynard; Szathmary, Eors (16 de março de 2000). The Origins of Life: From the Birth of Life to the Origin of Language. [S.l.]: OUP Oxford. ISBN 978-0-19-164732-1 
  41. «Is a person who is intersex a hermaphrodite? | Intersex Society of North America». Isna.org. Consultado em 5 de Julho de 2013. Arquivado do original em 1 de Julho de 2013 
  42. Davis, Georgiann (11 de setembro de 2015). Contesting Intersex: The Dubious Diagnosis. [S.l.]: New York University Press. pp. 87–89. ISBN 978-1479887040 
  43. Houk, C. P.; Hughes, I. A.; Ahmed, S. F.; Lee, P. A.; Writing Committee for the International Intersex Consensus Conference Participants (Agosto de 2006). «Summary of Consensus Statement on Intersex Disorders and Their Management». Pediatrics. 118 (2): 753–757. ISSN 0031-4005. PMID 16882833. doi:10.1542/peds.2006-0737 
  44. Hughes, I A; Houk, C; Ahmed, S F; Lee, P A; LWPES1/ESPE2 Consensus Group (Junho de 2005). «Consensus statement on management of intersex disorders». Archives of Disease in Childhood. 91 (7): 554–563. ISSN 0003-9888. PMC 2082839Acessível livremente. PMID 16624884. doi:10.1136/adc.2006.098319 
  45. «Why is ISNA using "DSD"?». Intersex Society of North America. Consultado em 1 de Janeiro de 2021. Cópia arquivada em 17 de Junho de 2006 
  46. Feder, E. (2009) 'Imperatives of Normality: From "Intersex" to "Disorders of Sex Development".' A Journal of Lesbian and Gay Studies (GLQ), 15, 225–247.
  47. «New publication "Intersex: Stories and Statistics from Australia" - OII Australia - Intersex Australia». web.archive.org. 29 de agosto de 2016. Consultado em 18 de março de 2021 
  48. Diamond M, Beh HG (27 Julho 2006). Variations of Sex Development Instead of Disorders of Sex Development. Arquivado em 2008-08-21 no Wayback Machine Arquivado em 2008-08-21 no Wayback Machine Arch Dis Child
  49. «Tony Briffa writes on "Disorders of Sex Development"». Organisation Intersex International Australia. 8 de Maio de 2014. Consultado em 1 de Janeiro de 2021. Cópia arquivada em 30 de Dezembro de 2014 
  50. «Why Not "Disorders of Sex Development"?». UK Intersex Association. Consultado em 30 de maio de 2016. Cópia arquivada em 5 de maio de 2019 
  51. Rupprecht, Marlene (6 de Setembro de 2013). «Children's right to physical integrity». Parliamentary Assembly of the Council of Europe. Consultado em 1 de Janeiro de 2021. Cópia arquivada em 26 de Dezembro de 2013 
  52. «Trans? Intersex? Explained!». interACT. Consultado em 1 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em 18 de outubro de 2014 
  53. «Basic differences between intersex and trans». Organisation Intersex International Australia. 3 de junho de 2011. Consultado em 10 de julho de 2013. Arquivado do original em 4 de Setembro de 2014 
  54. «The marks on our bodies». Intersex Day. 25 de Outubro de 2015. Consultado em 1 de Janeiro de 2021. Cópia arquivada em 5 de Abril de 2016 
  55. Furtado, Paulo Sampaio; Moraes, Felipe; Lago, Renata; Barros, Luciana Oliveira; Toralles, Maria Betânia; Barroso, Ubirajara (novembro de 2012). «Gender dysphoria associated with disorders of sex development». Nature Reviews Urology (em inglês) (11): 620–627. ISSN 1759-4820. doi:10.1038/nrurol.2012.182. Consultado em 4 de março de 2021 
  56. Behrmann, Jason; Ravitsky, Vardit (Outubro de 2013). «Queer Liberation, Not Elimination: Why Selecting Against Intersex is Not "Straight" Forward». The American Journal of Bioethics. 13 (10): 39–41. ISSN 1526-5161. PMID 24024805. doi:10.1080/15265161.2013.828131 
  57. Dreger, Alice (4 de Maio de 2015). «Reasons to Add and Reasons NOT to Add "I" (Intersex) to LGBT in Healthcare» (PDF). Association of American Medical Colleges. Consultado em 18 de Maio de 2016. Cópia arquivada (PDF) em 9 de Junho de 2016 
  58. Koyama, Emi. «Adding the "I": Does Intersex Belong in the LGBT Movement?». Intersex Initiative. Consultado em 18 de Maio de 2016. Cópia arquivada em 17 de Maio de 2016 
  59. «Intersex for allies». 21 de Novembro de 2012. Consultado em 18 de Maio de 2016. Arquivado do original em 7 de Junho de 2016 
  60. Busby, Cec (1 de Junho de 2014). «OII RELEASES NEW RESOURCE ON INTERSEX ISSUES». Intersex Human Rights Australia. Consultado em 1 de Janeiro de 2021. Cópia arquivada em 6 de Junho de 2014 
  61. Kaggwa, Julius (19 de Setembro de 2016). «I'm an intersex Ugandan – life has never felt more dangerous». The Guardian. ISSN 0261-3077. Consultado em 3 de outubro de 2016. Cópia arquivada em 6 de Outubro de 2016 
  62. Cabral, Mauro. «A message from mauro cabral». Consultado em 27 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 3 de novembro de 2016 
  63. Geschlechtliche, sexuelle und reproduktive Selbstbestimmung praxisorientierte Zugänge. Michaela Katzer, Heinz-Jürgen Voß, Anne Allex, Markus Bauer, Heike Bödeker, Jens Borchert Originalausgabe ed. Gießen: [s.n.] 2016. OCLC 932023744 
  64. National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. Committee on Understanding the Well-Being of Secual and Gender Diverse Populations (2020). Understanding the Well-Being of LGBTQI+ Populations. Jordyn White, Martín-José Sepúlveda, Charlotte Patterson, Engineering, and Medicine. Committee on Population National Academies of Sciences, Engineering, and Medicine. Division of Behavioral and Social Sciences and Education National Academies of Sciences. Washington, D.C.: [s.n.] OCLC 1237761597 
  65. Diodorus Siculus (1933). «The Library of History» 
  66. Roller, Lynn E. (novembro de 1997). «The Ideology of the Eunuch Priest». Gender & History. 9 (3): 542–559. ISSN 0953-5233. doi:10.1111/1468-0424.00075 
  67. a b «Decretum Gratiani» 
  68. Thompson, John L. (março de 2004). «A History of Women and Ordination, Vol. 1: The Ordination of Women in a Medieval Context. Edited by Bernard J. Cooke and Gary Macy. Lanham, Md.: Scarecrow, 2002. xiv + 184 pp. $55.00 cloth.». Church History. 73 (1): 196–197. ISSN 0009-6407. doi:10.1017/s0009640700097894 
  69. Thrope, Benjamin (ed.). «ECCLESIASTICAL INSTITUTES». Cambridge: Cambridge University Press: 394–444. ISBN 978-1-139-17741-2 
  70. Greenberg, Julie A. (1 de janeiro de 2012). Intersexuality and the Law. [S.l.]: NYU Press 
  71. Ginicola, Misty M.; Smith, Cheri; Filmore, Joel M., eds. (17 de fevereiro de 2017). «Affimative Counseling With LGBTQI+ People». doi:10.1002/9781119375517 
  72. Morgan, Philip (2004). «Introduction: Locating Fascism». London: Macmillan Education UK: 1–10. ISBN 978-0-333-94998-6 
  73. Carpenter, Morgan (15 de janeiro de 2020). «Intersex». Oxford University Press. Sociology. ISBN 978-0-19-975638-4 
  74. Goldschmidt, Richard (outubro de 1917). «INTERSEXUALITY AND THE ENDOCRINE ASPECT OF SEX». Endocrinology (em inglês). 1 (4): 433–456. ISSN 0013-7227. doi:10.1210/endo-1-4-433 
  75. Brockbank, William (janeiro de 1960). «Medical Terms: Their Origin and Construction.Ffrangcon Roberts. London: William Heinemann Medical Books Ltd., 3rd Edition, 1959; PP. vuii+92. 6s.». Medical History. 4 (1): 83–83. ISSN 0025-7273. doi:10.1017/s0025727300025151 
  76. Coran, G.; Polley, Theodore Z. Surgical Management of Ambiguous Genitalia in the Infant and Child. [S.l.: s.n.] 
  77. «inta, 2012-23-38.pdf» 
  78. Hughes, I. A.; Houk, C.; Ahmed, S. F.; Lee, P. A. (1 de julho de 2006). «Consensus statement on management of intersex disorders». Archives of Disease in Childhood (em inglês). 91 (7): 554–563. ISSN 0003-9888. PMID 16624884. doi:10.1136/adc.2006.098319 
  79. Dreger, Alice D. (2009). «The intersections of intersex» 
  80. The International Commission of Jurists; basic facts. Geneva: [s.n.] 1962 
  81. «New York Times New York City Poll, April 2004». 18 de outubro de 2004 
  82. «Public Statement». NYU Press. 3 de abril de 2018: 594–597. ISBN 978-1-4798-0541-9 
  83. «Submission to the Committee of the UN Convention against Torture and Other, Cruel, Inhuman and Degrading Treatment» 
  84. a b c d e f g h i j k l «Fact Sheet ILGA» (PDF) 
  85. Sarah M Creighton, Catherine L Minto, Stuart J Steele, "Objective cosmetic and anatomical outcomes at adolescence of feminising surgery for ambiguous genitalia done in childhood" (Lancet 2001; 358:124-25).
  86. Sterlin, Anne (2000). Sexing the body: gender politics and the construction of sexuality. Chapter 3: Basic Books. pp. 44–77.
  87. a b c d e f g h i j k l m n Carpenter, Morgan (4 de janeiro de 2019). «Eugenics». Intersex Human Rights Australia (em inglês). Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  88. a b c Holmes, Morgan (2008). Intersex: A Perilous Difference. [S.l.]: Associated University Presse. ISBN 1575911175 
  89. Gravholt, C.H. (2014). «Sex Chromosome Abnormalities». Elsevier. ISBN 978-0-12-801238-3. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  90. a b Nimkarn, Saroj; New, Maria I. (2010). «Congenital Adrenal Hyperplasia». Elsevier: 165–172. ISBN 978-0-12-374430-2. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  91. a b Fla.), Hormonal and Genetic Basis of Sexual Differentation (2010 : Miami, (2011). Hormonal and genetic basis of sexual differentiation disorders and hot topics in endocrinology proceedings of the 2nd world conference. [S.l.]: Springer Science+Business Media. OCLC 1152998278 
  92. a b LLC., Films for the Humanities & Sciences (Firm) Infobase. TED Conferences (2012), TEDTalks : Alice Dreger, Is Anatomy Destiny?, Infobase, OCLC 1048889724, consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  93. MEYER-BAHLBURG, HEINO F.L. (janeiro de 1990). «Can Homosexuality in Adolescents be "Treated" by Sex Hormones?». Journal of Child and Adolescent Psychopharmacology (3): 231–235. ISSN 1044-5463. doi:10.1089/cap.1990.1.231. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  94. Dupras, Charles; Ravitsky, Vardit (15 de março de 2013). «Disclosing Genetic Information to Family Members: The Role of Empirical Ethics». Chichester, UK: John Wiley & Sons, Ltd. eLS. ISBN 0-470-01617-5. Consultado em 25 de fevereiro de 2021 
  95. Verfasser, Hendl, Tereza. A Feminist Critique of Justifications for Sex Selection. [S.l.: s.n.] OCLC 1188558633 
  96. «Fact Sheet ILGA» (PDF) 
  97. Carvalho, Jess (11 de março de 2024). «Céu, 1ª brasileira reconhecida intersexo na certidão de nascimento». Agência Diadorim. Consultado em 30 de novembro de 2024 
  98. «Pernambucana é a primeira do país a obter registro intersexo». Agência Brasil. 9 de março de 2024. Consultado em 30 de novembro de 2024 
  99. «Pernambucana é 1ª brasileira a conseguir documento com termo 'intersexo'». Correio Braziliense. Consultado em 9 de março de 2024 
  100. «Ativista pernambucana é primeira pessoa a conseguir registro como intersexo». UOL. 9 de março de 2024. Consultado em 30 de novembro de 2024 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]