Mein Kampf – Wikipédia, a enciclopédia livre
Mein Kampf | |||||
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Autor(es) | Adolf Hitler | ||||
Idioma | alemão | ||||
País | Alemanha | ||||
Gênero | Autobiografia Teoria política | ||||
Editora | Eher Verlag | ||||
Lançamento | 18 de julho de 1925 (99 anos) | ||||
Páginas | 720 | ||||
ISBN | 0-395-92503-7 | ||||
Cronologia | |||||
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Mein Kampf (em português: Minha Luta) é o título do livro de dois volumes de autoria de Adolf Hitler, no qual ele expressou suas ideias antissemitas, anticomunistas,[1] antimarxistas,[2] racialistas e nacionalistas de extrema-direita,[3][4][5] então adotadas pelo Partido Nazista. O primeiro volume foi escrito na prisão e editado em 1925, o segundo foi escrito por Hitler fora da prisão e editado em 1926. Mein Kampf tornou-se um guia ideológico e de ação para os nazistas, e ainda hoje influencia os neonazistas, sendo chamado por alguns de "Bíblia Nazista".[6]
As ideias propostas em Mein Kampf não surgiram com Hitler, mas são oriundas de teorias e argumentos então correntes na Europa. Na Alemanha nazista, era uma exigência não oficial possuir o livro. Era comum presentear o livro a crianças recém-nascidas, ou como presente de casamento. Todos os estudantes o recebiam na sua formatura.[7]
Título
[editar | editar código-fonte]É importante notar a flexibilidade conotativa e contextual da língua alemã da palavra "Kampf", que traz diversas possibilidades de traduções do título para o português. A palavra também pode ser traduzida como "luta", "combate", ou até mesmo como "guerra", o que é evidenciado por vários exemplos, como os nomes alemães de diversos tanques ("Panzerkampfwagen", traduzido como "Veículo de guerra blindado") ou por nomes de bombardeiros ("Sturzkampfflugzeug", traduzido como "Avião bombardeiro de guerra"). A grande maioria dos linguistas, entretanto, ainda julgam "Minha Luta" a tradução correta.
História
[editar | editar código-fonte]Hitler começou a ditar o livro para Emil Maurice enquanto estava preso em Landsberg, e depois de Julho de 1924 passou a ditar para Rudolf Heß, que posteriormente, com a ajuda de especialistas, aos poucos editou o livro. Por sua peculiar natureza verbal, a obra original mostrou-se repetitiva e de difícil leitura, por isso precisou ser editada e reeditada antes de chegar à editora. Ele foi dedicado a Dietrich Eckart, membro da Sociedade Thule.
O título original da obra era "Viereinhalb Jahre [des Kampfes] gegen Lüge, Dummheit und Feigheit" ("Quatro anos e meio de luta contra mentiras, estupidez e covardia"), porém Max Amann, o encarregado das publicações nazistas, decidiu que o título era muito complicado e achou melhor abreviá-lo para Mein Kampf - Minha Luta. Amann ficou desapontado com o conteúdo da obra, pois esperava uma história pessoal de Hitler detalhada e com ênfase no Putsch da Cervejaria, que acreditava se tornaria uma ótima leitura; Hitler, porém, não entrou em detalhes sobre sua vida pessoal e não escreveu nada sobre o Putsch.[7]
O primeiro volume, intitulado Eine Abrechnung, é essencialmente autobiográfico e foi publicado em 18 de julho de 1925; já o segundo volume, Die Nationalsozialistische Bewegung (O movimento nacional-socialista), é mais preocupado em expressar a doutrina nazista e foi publicado em 1926.
Conteúdo
[editar | editar código-fonte]Parte de uma série do |
Antissemitismo |
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Parte da História judaica |
Antissemitismo na rede |
Categoria |
As principais ideias do livro são aquelas que mais tarde foram aplicadas durante a Alemanha nazista e a Segunda Guerra Mundial. Hitler desejava transformar a Alemanha num novo tipo de Estado, que se alicerçasse com o conceito de raças humanas e incluísse todos os alemães que viviam fora da Alemanha, estabelecendo também o Führerprinzip - conceito do líder -, em que Hitler dita que ele deveria deter grandes poderes, estabelecendo uma ideologia universal (Weltanschauung).
O livro é dominado pelo antissemitismo. Hitler diz, por exemplo, que a língua internacional Esperanto faz parte da conspiração dos judeus, e faz comentários a favor da antiga ideia nacionalista Alemã do "Drang nach Osten": a necessidade de ganhar o Lebensraum (espaço vital) para o leste, especialmente na Rússia.
Outro aspecto importante é o posicionamento político claramente anti-comunista, e uma preocupação evidente com a expansão da ideologia marxista. Hitler usou como tese principal o "Perigo Judeu", que fala sobre a conspiração dos Judeus para ganhar a liderança na Alemanha. No entanto, o livro também é autobiográfico: dá detalhes da infância de Hitler e o processo pelo qual ele se transformou em um nacionalista, depois num antissemita, e finalmente num militarista, tendo sido marcado pela sua juventude em Viena, Áustria.
Popularidade
[editar | editar código-fonte]A apreensão dos extratos de conta dos direitos autorais da Eher Verlag - a editora nazista - feitas pelos Aliados em 1945, revelou que em 1925, ano de seu lançamento, Mein Kampf (custando 12 marcos cada volume) vendeu 9 473 exemplares, a partir de então as vendas caíram gradativamente para 6 913 em 1926, para 5 607 em 1927 e somente 3 015 em 1928. Com as vitórias nas eleições pelos nazistas, a partir de 1929 as vendas cresceram, alcançando 7 669 naquele ano, e saltando para 54 086 em 1930, ano em que surgiu uma edição popular de oito marcos. Em 1931, 50 808 exemplares foram vendidos, e 90 351 em 1932. Em 1933 quando Hitler se tornou chanceler, as vendas saltaram para um milhão de exemplares. Em 1940, seis milhões de exemplares do Mein Kampf foram vendidos.[8] O Partido nazista afirmou que o livro antes disso já era um grande vendedor. Hitler possuía rendimento de 10% dos direitos autorais sobre o livro (sua principal fonte de renda a partir de 1925), 15% a partir de 1933, quando o rendimento da venda do livro superou um milhão de marcos.[7]
Direitos autorais
[editar | editar código-fonte]Os direitos do livro, que pertenciam a Adolf Hitler, foram entregues ao Estado da Baviera, por ordem do próprio Hitler. O Estado da Baviera recusou-se a republicar e permitir republicações do livro, por isso este não se encontrava mais à venda, porém tais direitos caíram em domínio público no dia 31 de Dezembro de 2015, podendo ser editado e traduzido por outras editoras.[9] Ainda assim, a divulgação de uma obra de impacto tão negativo ainda causa polêmica, com direito a uma versão digital sendo retirada de lojas brasileiras em janeiro de 2016 após uma ação judicial.[10][11]
Em Portugal, em Junho de 2016 o célebre Mein Kampf – A Minha Luta, de Adolf Hitler, foi o maior êxito de vendas da editora Guerra & Paz durante a Feira do Livro de Lisboa.[12] A obra onde estão enunciados os princípios ideológicos do nazismo deixou de ter direitos de autor em dezembro de 2015, o que inspirou a editora a lançar uma trilogia: além da obra de Hitler, Manuel S. Fonseca, o editor, publicou ainda o ‘Manifesto Comunista’ de Marx e Engels e o ‘Pequeno Livro Vermelho’ de Mao Tsé-Tung.
Índices
[editar | editar código-fonte]O arranjo dos capítulos é como segue:[13][14]
- Introdução
- Volume I: Uma conta
- Capítulo 1: Na casa paterna
- Capítulo 2: Anos de aprendizado e de sofrimento em Viena
- Capítulo 3: Reflexões gerais sobre a política da época de minha estadia em Viena
- Capítulo 4: Munique
- Capítulo 5: A Guerra Mundial
- Capítulo 6: A propaganda da guerra
- Capítulo 7: A revolução
- Capítulo 8: O começo de minha atividade política
- Capítulo 9: O Partido Trabalhista Alemão
- Capítulo 10: Causas primárias do colapso
- Capítulo 11: Povo e Raça
- Capítulo 12: O primeiro período de desenvolvimento do Partido Nacional Socialista
- Volume II: O movimento nacional-socialista
- Capítulo 1: Doutrina e partido
- Capítulo 2: O Estado
- Capítulo 3: Cidadãos e súditos do Estado
- Capítulo 4: Personalidade e concepção do Estado Nacional
- Capítulo 5: Concepção do mundo e organização
- Capítulo 6: A luta nos primeiros tempos - A importância da oratória
- Capítulo 7: A luta com a frente vermelha
- Capítulo 8: O forte é mais forte sozinho
- Capítulo 9: Ideias fundamentais sobre o fim e a organização dos trabalhadores socialistas
- Capítulo 10: A máscara do federalismo
- Capítulo 11: Propaganda e organização
- Capítulo 12: A questão sindical
- Capítulo 13: Política de aliança da Alemanha após a Guerra
- Capítulo 14: Orientação para leste ou política de leste
- Capítulo 15: O direito de defesa
- Conclusão
- Índice
Traduções em português
[editar | editar código-fonte]- 1934 - Ed. Livraria do Globo Porto Alegre (Brasil)
- 1962 - Ed. Mestre Jou (Brasil)
- 1976 - Ed. Afrodite (Portugal - baseada na brasileira de 1934)
- 1983 - Ed. Moraes (Brasil)
- 1987 - Ed. Pensamento (Brasil - baseada na de 1934)
- 1990 - Ed. Revisão (2 tomos) (Brasil)
- 1998 - Ed. Hugin (Portugal)
- 2001 - Ed. Centauro (Brasil)
- 2014 - Ed. LeYa (Portugal, disponível em e-book)
- 2015\2016- Ed. E-Primatur (Portugal, baseada na edição da editora Afrodite, de 1976).
- 2016 - Geração Editorial (Brasil, versão comentada)[10]
- 2016 - Ed. Crimideia (Portugal).
- 2016 - Ed. do Carmo (Brasil)
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ «Os trechos do "Mein Kampf" que derrubam o mito do "nazismo ser de esquerda"». Pragmatismo Político. 16 de agosto de 2017. Consultado em 18 de julho de 2022
- ↑ Pensador - Adolf Hitler - Mein Kampf: A doutrina judaica do marxismo repele o princípio aristocrático na natureza.
- ↑ Parlamento da Alemanha, ed. (Março de 2006). «The political parties in the Weimar Republic» (PDF). Consultado em 2 de março de 2017.
Following the failed Munich Beer Hall Putsch of 9 November 1923, Hitler’s arrest and imprisonment and a temporary ban on the party, the right-wing extremist NSDAP, which had tasted little electoral success before 1930, polling between 2.6% and 6.5% of the vote, switched to a pseudo-legal approach.
- ↑ "Fritzsche, Peter 1998"
- ↑ «Maidenhead far-right 'extremist' jailed for terrorism offences». BBC News (em inglês). 25 de maio de 2021. Consultado em 18 de julho de 2022
- ↑ "Mein Kampf" será publicado pela primeira vez desde a guerra
- ↑ a b c Ascensão e queda do Terceiro Reich Triunfo e Consolidação 1933-1939. Volume I. William L. Shirer. Tradução de Pedro Pomar. Agir Editora Ltda., 2008. Pág.: 320-321. ISBN 978-85-220-0913-8
- ↑ Adolf Hitler: Tax-payer (Adolf Hitler: contribuinte) publicado no The Americal Historical Review, julho de 1955, Oron James Hale.
- ↑ Anna Virginia Balloussier (4 de Dezembro de 2015). «'Bíblia de Hitler' cai em domínio público, e livrarias estudam venda». Consultado em 5 de Janeiro de 2016
- ↑ a b Livro escrito por Hitler volta às livrarias brasileiras em meio a polêmicas
- ↑ Ministério Público do Rio de Janeiro pede apreensão de livro de Hitler
- ↑ «Livro de Hitler é êxito de vendas». www.cmjornal.xl.pt. Consultado em 15 de junho de 2016
- ↑ «Mein Kampf work by Hitler». Encyclopædia Britannica. Consultado em 17 de julho de 2019
- ↑ Colin Choat (Fevereiro de 2016). «Mein Kampf (My Struggle)». Project Gutenberg Australia. Consultado em 17 de julho de 2019
- ↑ «Versão integral de "Mein Kampf" pela primeira vez no mercado português». Diário de Notícias. 31 de dezembro de 2015. Consultado em 17 de julho de 2019
- ↑ Leonardo Neto (7 de janeiro de 2016). «Pelo menos três edições de 'Mein kampf' devem sair no Brasil nos próximos meses». Publish News. Consultado em 17 de julho de 2019