Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque – Wikipédia, a enciclopédia livre
Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque | |
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Categoria II da IUCN (Parque Nacional) | |
Rio Oiapoque visto do Parque nacional, na fronteira com a Guiana Francesa. | |
Localização | Amapá e Pará, Brasil |
Dados | |
Área | 3 846 429,40 ha[1] |
Criação | 22 de agosto de 2002[2] |
Gestão | ICMBio[3] |
Sítio oficial | https://www.icmbio.gov.br/portal/parna-montanhas-do-tumucumaque?highlight=WyJ0dW11Y3VtYXF1ZSJd |
Coordenadas | |
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque (PNMT) é uma Unidade de Conservação (UC) brasileira de proteção integral da natureza localizada nos estados do Amapá e do Pará, com território distribuído pelos municípios de Almeirim, Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio.[4][5]
O parque limita-se ao norte com a Guiana Francesa e com a República do Suriname, estando conectado, através do território ultramarino francês da Guiana Francesa, à União Europeia.[1]. Desta maneira, Montanhas do Tumucumaque integra, junto aos parques nacionais da Serra do Divisor, do Cabo Orange, do Pico da Neblina e do Monte Roraima, o conjunto de Parques Nacionais fronteiriços da Amazônia brasileira.[1]
Com uma área de 3 846 429,40 ha (38 464 km² ou 8,78 milhões de acres) e um perímetro de 1 921,48 km, Montanhas do Tumucumaque é o maior parque nacional do Brasil e o maior em florestas tropicais do mundo, porém, a área é inabitada.[1]
Sua administração cabe atualmente ao Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[5][6]
Histórico
[editar | editar código-fonte]O parque Montanhas do Tumucumaque foi criado através de decreto emitido pela Presidência da República em 22 de agosto de 2002 com uma área de aproximadamente 3 867 000 ha.[2]
Sua finalidade é:
(...) assegurar a preservação dos recursos naturais e da diversidade biológica, bem como proporcionar a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação, de recreação e turismo ecológico.[2]
As terras do parque pertenciam ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA)[7]. Um estudo técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) realizado em parceria com o INCRA, segundo indicações do Programa Nacional de Diversidade Biológica (PRONABIO) do Ministério do Meio Ambiente, mapeou a região do parque identificando-a como prioritária para a manutenção da biodiversidade[4].
O plano de manejo da unidade de conservação foi publicado em 10 de março de 2010 por meio da Portaria de número 28/2010 do ICMBio.[1]
A UC faz parte do Mosaico da Amazônia Oriental [8](formalmente nomeado como Mosaico do Oeste do Pará e Norte do Pará), promulgado pela Portaria do Ministério do Meio Ambiente nº 04, de 03 de janeiro de 2013.[9][10]
Caracterização da área
[editar | editar código-fonte]O território do parque abrange uma área de 38 464 km², pouco menor que a da Suíça. Tumucumaque é o maior parque nacional do Brasil e também o maior parque de floresta tropical do mundo.[1] O parque, que ocupa 26,5 % da área total do estado do Amapá, está inserido na região conhecida como Escudo das Guianas, ao norte da planície amazônica.
A porção brasileira do Escudo das Guianas tem uma área de aproximadamente 1 milhão de km², distribuída através dos estados do Amapá, Pará, Amazonas e Roraima.[1] Montanhas do Tumucumaque, com uma área protegida abrangendo quase 4 % do total dessa região, contribui significativamente para a sua preservação.[1] A região na qual o parque está inserido tem importância biológica extrema,[11] pois contém a porção de floresta tropical que é considerada a menos impactada que existe, sendo assim um dos poucos lugares no mundo em que estratégias de conservação e desenvolvimento sustentável podem ser adotadas sem a necessidade de remediar impactos causados por atividades inadequadas anteriores.[1]
Clima
[editar | editar código-fonte]O clima é equatorial quente e úmido, com pluviosidade anual superior a 2500 mm, temperaturas médias anuais oscilando entre 25 e 30ºC. Ocorre estação seca entre agosto e novembro, com redução do índice pluviométrico para menos de 50 mm mensais.[1][12]
Relevo
[editar | editar código-fonte]O relevo da unidade inclui porções das planícies e terras baixas da Amazônia setentrional e do Planalto das Guianas, ao norte, com destaque para as elevações da cadeia montanhosa que dá nome ao parque, conhecida como Serra do Tumucumaque[1][12]. Essa serra possui afloramentos rochosos e morros do tipo Pão-de-Açucar (Inselbergs), no entanto, com altitudes máximas inferiores a 700 metros acima do nível do mar[1]. Além do Tumucumaque, integra o parque a Serra Lombarda[13] e a Serra Uassipein[1].
Flora
[editar | editar código-fonte]No parque existem florestas primárias intocadas. A área do parque é coberta por floresta ombrófila densa do tipo submontana. Já a vegetação na região da cordilheira ao norte do parque, com seus monólitos, é mais esparsa, com predominância de bromeliáceas e cactáceas[4]. As principais famílias encontradas na região são bignonianceae, bombacaceae, euphorbiaceae, moraceae, sterculiaceae, lauraceae, vochysiaceae, sapotaceae, lecythidaceae, leguminosas, combretaceae, anacardiaceae, rubiaceae, meliaceae, sapindaceae, annonaceae e arecacea[4].
Na porção centro-norte do parque a floresta é de alto porte e cobertura uniforme, com núcleos esparsos de árvores emergentes, podendo abrigar as maiores árvores do Brasil, o angelim-vermelho (Dinizia excelsa Ducke)[14]. As espécies que mais se destacam são maçaranduba (Manilkara elata), maparajuba (Manilkara bidentata), cupiúba, jarana, mandioqueira, louros, acapu, acariquara, matamatás, faveiras, abiuranas, tauari e tachi[12].
Fauna
[editar | editar código-fonte]Tumucumaque possui uma fauna exuberante, que vai desde grandes carnívoros, como a onça-pintada e a suçuarana, até beija-flores multicoloridos, como o beija-flor-brilho-de-fogo[12]. Espécies importantes como o joão-rabudo e o papa-moscas também podem ser encontradas no parque. Entre os primatas pode-se encontrar o macaco-de-cheiro, o macaco-prego, o cuxiú, o parauaçu, o guariba e o macaco-aranha[4].
Acessos
[editar | editar código-fonte]Seus principais acessos são:
Oiapoque: Sobe-se pelo Rio Oiapoque por 40 km até a confluência com o Rio Anotaiê, limite NE do parque[1]. Um dos acessos mais utilizadas para visitação, em especial para alcançar a Vila Brasil, no médio Rio Oiapoque, fronteira com o município de Camopi, na Guiana Francesa.
Serra do Navio: Da sede municipal, alcança-se o limite do PNMT através do Rio Amapari num percurso de 90 km.[1] Alcança-se então a base rústica do parque, nos limites da área protegida, utilizada pela gestão, pesquisadores e turistas.
Pedra Branca do Amapari: A partir da localidade de 7 Ilhas (65km de estrada de terra, a partir da sede municipal de Serra do Navio), no Projeto de Assentamento Perimetral Norte, é possível chegar até o Rio Amapari e subir de barco até o limite do parque, alcançando a base rústica citada acima.
Laranjal do Jari: através de percurso fluvial pelo Rio Jari (percurso de aproximadamente 250 km), até a foz do Rio Inipuku, limite entre PNMT e Terra Indígena Wajãpi.
Calçoene: A partir do núcleo urbano do distrito de Lourenço segue-se por mais 5 km por ramais e trilhas até o limite da unidade. Acesso muito restrito e difícil, principalmente na época das chuvas.
Turismo
[editar | editar código-fonte]O turismo no Parque se dá em dois polos diferentes: o Polo Amapari e o Polo Oiapoque.[15]
No Polo Amaparí se utiliza os acessos de Serra do Navio (mais comum) ou de Pedra Branca do Amapari (normalmente no verão).[15] Se desloca por voadeiras (embarcações de alumínio) até a base rústica do parque, onde pode-se pernoitar em uma estrutura de acampamento adaptada às condições amazônicas (redários) e fazer atividades como trilhas, banhos em rios e avistamento de fauna e flora.[1]
No Polo Oiapoque, pode-se acampar na Cachoeira do Anotaie, que se localiza no rio Anotaie, afluente do Rio Oiapoque.[15] Também há a possibilidade de visitar a Vila Brasil, comunidade localizada à margem direita do rio Oiapoque e situada em frente à comunidade indígena franco-guianense de Camopi.[15] Nessa localidade há pequenos hotéis e é possível conhecer seu contexto sociocultural, onde os moradores, na maioria comerciantes, prestam serviços aos indígenas da comunidade do país vizinho.[1]
Atividades Conflitantes
[editar | editar código-fonte]Devido a grande extensão geográfica o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque gera uma vasta gama de atividades conflitantes, é possível ressaltar:
Extração irregular de minério
[editar | editar código-fonte]Caracteriza-se como o problema de maior proporção no Parque devido a cadeia de efeitos secundários ou indiretos capaz de gerar. Atualmente as áreas mais procuradas para o garimpo se localizam fora da unidade, especialmente na região Sul da Guiana Francesa (região de Camopi e Sikini), que abriga milhares de pessoas (quase todas brasileiras em caráter irregular de imigração). Na conjuntura atual, o PNMT ainda constitui um terreno pouco interessante para a atividade garimpeira. No entanto, é uma condição frágil que depende da variação do preço do ouro no mercado e da maior ou menor predisposição das autoridades francesas em controlar a situação da imigração clandestina.
Ocupação Irregular
[editar | editar código-fonte]A ocupação irregular é inerente e exclusiva no eixo do Rio Oiapoque, sendo propiciado por dois outros fatores: a prática garimpeira na região tem como consequência direta a existência de um núcleo habitacional na margem direita (brasileira) do rio, denominado Ilha Bela, que constitui um entreposto do garimpo do Sikini (Guiana Francesa); a existência de uma população franco-guianense na localidade de Camopi (médio curso do Oiapoque), com razoável poder aquisitivo, decorrente do pagamento de bolsas sociais por parte do governo francês.
Esta situação desencadeou o surgimento de outro núcleo habitacional em solo brasileiro ( e dentro do Parque), denominado Vila Brasil, formado principalmente por comerciantes que sobrevivem da prática do comércio de víveres, combustível, etc. com a população de Camopi. Apesar da diferença vocacional entre Ilha Bela e Vila Brasil (a primeira que vive em função do garimpo, a segunda em função do comércio local), há alguns elementos em comum, como, por exemplo, a existência de roças de subsistência, o marcante crescimento em número de habitações e de peso os problemas de ordem sanitária, social, de poluição ambiental, exploração irregular de recursos naturais, etc.
Caça e Pesca
[editar | editar código-fonte]São atividades tradicionalmente praticadas pela população do entorno, tendo, normalmente, caráter de subsistência. Entretanto, podem atingir escalas comerciais (caça “por encomenda”) e/ou esportivas. É preciso destacar que na Guiana Francesa a caça é permitida. Seus habitantes apreciam a carne de caça, o que gera pressão do lado brasileiro. Na pesca, utiliza-se como principal petrecho redes tipo “malhadeira”, muitas vezes instaladas nas desembocaduras dos igarapés, o que aumenta a captura. Frequentemente se utiliza a pesca do tipo “bubuia” (linhas de espera com anzóis, presas a boias que são soltas no rio e se movem com a correnteza). Índios residentes na Guiana Francesa, junto ao Rio Oiapoque, esporadicamente ainda fazem uso do “cipó-timbó”, uma planta com substância letal para os peixes.
Exploração de produtos não madeireiros
[editar | editar código-fonte]Verificada em pequena escala e de forma setorizada, conforme acesso à unidade e existência de mercado consumidor. Como um dos principais produtos cita-se o “cipó-titica”, uma liana muito valorizada na confecção de móveis rústicos com boa aceitação no Sul e Sudeste brasileiros.
Exploração de madeira
[editar | editar código-fonte]Ocorre de forma incipiente e localizada, para consumo próprio, especialmente na construção de casas e embarcações regionais. Uma escala comercial de extração madeireira é inviabilizada pela ausência de um mercado consumidor, pelas distâncias relativamente grandes e pela ausência de vias de transporte adequadas para o escoamento da madeira.
Turismo irregular: Ocorre de maneira incipiente, especialmente na região da fronteira internacional, onde a ausência do poder público e a “neutralidade legal” na linha do Rio Oiapoque favorecem a circulação de pessoas, dificultando seu controle.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q «Plano de Manejo do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 2009. Consultado em 13 de março de 2012
- ↑ a b c «Decreto de 22 de agosto de 2002». Presidência da República - Casa Civil- Subchefia para Assuntos Jurídicos. 22 de agosto de 2002. Consultado em 13 de março de 2012
- ↑ «Parna Montanhas do Tumucumaque». Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. Consultado em 13 de março de 2012
- ↑ a b c d e «Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque». Ibama. br.viarural. Consultado em 25 de julho de 2012
- ↑ a b «Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque». Cadastro Nacional de Unidades de Conservação. 13 de março de 2012. Consultado em 13 de março de 2012
- ↑ «Portaria de criacão do conselho da UC» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade. 31 de dezembro de 2002. Consultado em 13 de março de 2012
- ↑ «Parque Nacional das Montanhas do Tumucumaque». brasiloeste. Consultado em 25 de julho de 2012
- ↑ «Mosaico de Áreas Protegidas da Amazônia Oriental realiza a 2ª reunião de 2012 | Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena». www.institutoiepe.org.br. Consultado em 22 de junho de 2020
- ↑ «Governo reconhece primeiro Mosaico que inclui Terras Indígenas | Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena». www.institutoiepe.org.br. Consultado em 22 de junho de 2020
- ↑ «Página 44 do Diário Oficial da União - Seção 1, número 3, de 04/01/2013 - Imprensa Nacional». pesquisa.in.gov.br. Consultado em 22 de junho de 2020
- ↑ «Avaliação e identificação de ações prioritárias para a conservação, utilização sustentável e repartição dos benefícios da biodiversidade na amazônia brasileira» (PDF). Ministério do Meio Ambiente. 2001. Consultado em 20 de julho de 2012[ligação inativa]
- ↑ a b c d «Parque Nacional do Tumucumaque, Amapá». Globo.com. Portal Amazônia.com. Consultado em 25 de julho de 2012. Arquivado do original em 11 de novembro de 2012
- ↑ «Expedição Parques Nacionais». Consultado em 27 de janeiro de 2014. Arquivado do original em 3 de março de 2016
- ↑ «Expedição busca árvore com mais de 80 metros de altura na Amazônia»
- ↑ a b c d «Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque: Turismo». Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque. Consultado em 8 de julho de 2020
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Sítio Oficial - Página do Parque Nacional - PARNA Montanhas do Tumucumaque
- Facebook do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
- Blog do Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque
- Parque Montanhas de Tumucumaque. Conservation International do Brasil.