Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança – Wikipédia, a enciclopédia livre

Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança
Pedro de Alcântara Gastão de Orléans e Bragança
Nascimento 19 de fevereiro de 1913
Eu
Morte 27 de dezembro de 2007 (94 anos)
Villamanrique de la Condesa
Cidadania França, Brasil, Portugal
Progenitores
Cônjuge Maria da Esperança de Bourbon
Filho(a)(s) Pedro Carlos de Orléans e Bragança, Maria da Glória, Duquesa de Segorbe, Afonso Duarte de Orléans e Bragança, Prince Manoel Alvaro of Orléans-Braganza, Cristina Maria de Orléans-Bragança e Borbon, Francisco Humberto de Orleans e Bragança
Irmão(ã)(s) Maria Francisca de Orléans e Bragança, Isabel de Orléans e Bragança, João Maria de Orléans e Bragança, Teresa Teodora de Orléans e Bragança
Distinções

Pedro Gastão de Orléans e Bragança (Eu, 19 de fevereiro de 1913Villamanrique de la Condesa, 27 de dezembro de 2007) foi um pretendente à sucessão dinástica do extinto trono do Brasil. Era filho de Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança, filho mais velho da herdeira presuntiva do Império do Brasil, Isabel, Princesa Imperial do Brasil, e de seu marido, o príncipe francês Gastão de Orléans, Conde d'Eu. Foi casado com Maria da Esperança de Espanha, irmã de Maria das Mecedes de Espanha, avó de Filipe VI, atual rei de Espanha.

Pedro de Alcântara Gastão João Maria Filipe Lourenço Humberto Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança e Dobrzensky de Dobrzenicz foi o filho varão de Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança e de Elisabeth Dobrzensky de Dobrzenicz, neto de Isabel, Princesa Imperial do Brasil, e do príncipe Gastão de Orléans, Conde d'Eu, e bisneto do último imperador do Brasil, Pedro II. Sua mãe era uma aristocrata de origem boêmia, que contraiu bodas morganáticas com seu pai, que foi obrigado por sua mãe, a princesa Isabel, a abdicar de suas pretensões ao extinto trono brasileiro, abdicação essa de duvidosa legalidade e eficácia jurídica. Tal fato deu-se por Isabel considerar a nora de nobreza inferior.

Gastão com seu avô, o Conde d'Eu, durante a Primeira Guerra Mundial

Nascido durante a vigência do banimento da família imperial brasileira, na propriedade de seus avós paternos, o Castelo d'Eu, Pedro Gastão chegou ao Brasil aos nove anos de idade, no ano de 1922, quando a Lei do Banimento foi revogada pelo então presidente da república Epitácio Pessoa. Ao nascer, seu tio Luís Maria Filipe de Orléans e Bragança já detinha o título de Príncipe Imperial do Brasil e seu primo Pedro Henrique de Orléans e Bragança o de Príncipe do Grão-Pará.

Ao longo de sua adolescência, o príncipe viveu entre a França natal e o Brasil, aonde veio algumas vezes.

Pedro Gastão concluiu seus estudos na Europa e casou-se com a Infanta Maria de la Esperanza de Espanha, na Sicília, em 1944. Estabeleceu-se no Brasil a partir da Segunda Guerra Mundial e foi viver na cidade de Petrópolis, no estado do Rio de Janeiro. Lá, se tornou uma das figuras mais populares da família imperial, principalmente após a morte de seu pai. Morando no Palácio do Grão-Pará, antigo alojamento dos semanários do Museu Imperial, ele passou a ser conhecido como o "Príncipe de Petrópolis".

Nessa época, Pedro Gastão passou a empenhar-se na anulação do documento em que seu pai abdicou da linha sucessória imperial. Graças a isso, a família imperial dividiu-se em dois ramos: o chamado "Ramo de Petrópolis" e o "Ramo de Vassouras", que abrigava os primos de Pedro Gastão e cujos direitos dinásticos são reconhecidos pela maioria dos monarquistas e pelas casas reais estrangeiras.

Quando o Príncipe Pedro Gastão nasceu, seu pai já havia em teoria renunciado aos seus direitos dinásticos, o que, também teoricamente, levava a que essa renúncia se estendesse aos seus filhos.Alguns anos após a morte da Princesa Imperial, o pai de Pedro Gastão, o Príncipe Pedro de Alcântara disse a um Jornal Brasileiro:

"A minha renúncia não foi válida por vários motivos, para além disso nunca seria uma renúncia hereditária”.[1] Anos mais tarde, porém, retificou sua posição: "Corre por aí pretender eu reaver os direitos de sucessão eventual ao trono do Brasil, com prejuízo de d. Pedro Henrique, meu sobrinho, renegando minha renúncia de 1908. A minha renúncia, em 1908, é válida, embora muitos monarquistas (...) entendessem que, politicamente e pelas leis brasileiras que vigoravam em 1889, ela deve ser ratificada pelas Câmaras no caso de ser restaurada a monarquia. Aliás, na minha família nunca haverá dissensões ou disputas por causa do poder imperial." [2]

Seu documento de renúncia, assinado em três vias na presença da Princesa Isabel e enviado ao Diretório Monárquico Brasileiro, expressa claramente essa condição:

"Eu, o príncipe Dom Pedro de Alcântara Luís Filipe Maria Gastão Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orléans e Bragança, tendo refletido com maturidade, resolvi renunciar ao direito que, pela Constituição do Império do Brasil, promulgado em 25 de março de 1824, me concede a Coroa dessa nação. Declaro, portanto, que, por minha livre e espontânea vontade, renunciarei, em meu próprio nome, assim como a todos e quaisquer de meus descendentes, a todos e quaisquer direitos que a referida Constituição nos confere à Coroa e Trono do Brasil, que passará para as linhas que seguem a minha, em conformidade com a ordem de sucessão estabelecida no artigo 117. Antes de Deus, prometo, para mim e meus descendentes, manter a presente declaração.

Cannes, 30 de outubro de 1908, assinado: Pedro de Alcântara de Orléans e Bragança." [3]

Depois da morte de seu pai, e com o apoio do Infante Afonso, Duque da Calábria e do Infante João, Conde de Barcelona, pai do Rei Juan Carlos de Espanha, avó do atual Rei Espanha Filipe VI, Pedro Gastão declarou-se chefe da casa imperial.[1] A sua iniciativa foi baseada academicamente Francisco Morato, professor da Universidade de São Paulo, que concluiu que a renúncia de seu pai, não se configuraria válida às luz, não só do direito vigente à data, como também do direito constitucional na monarquia.[1] Professor Paulo Napoleão Nogueira da Silva in the 1990s published a report saying that the resignation of his father was invalid under all possible aspects of Brazilian Law.[1]

A pretensão dinástica e à chefia da casa imperial é correntemente assumida pelo seu neto varão Pedro Tiago de Orléans e Bragança (Petrópolis, 19 de janeiro de 1979) .[4]

O príncipe dirigiu a Companhia Imobiliária de Petrópolis até o final do século XX. Ainda na cidade serrana de Petrópolis, na década de 1950, adquiriu o jornal Tribuna de Petrópolis, fundado em 1902, e atualmente administrado por seu filho, Francisco de Orleans e Bragança.[5][6]

Como morador de Petrópolis, Pedro Gastão tornou-se uma espécie de embaixador da causa monárquica e representante vivo do passado imperial do Brasil. Acumulou nos arquivos de sua residência milhares de documentos e obras de arte que até hoje ajudam a contar a história da dita "Cidade Imperial".[nota 1] Era Pedro Gastão também quem recebia os presidentes da república em vilegiatura na cidade. Ele orgulhava-se de haver conhecido todos os chefes de estado brasileiros, desde Epitácio Pessoa até Fernando Henrique Cardoso.

No início da década de 1990, durante o plebiscito em que o povo brasileiro deveria optar pela monarquia ou pela república, Pedro Gastão foi um dos mais empenhados na campanha pela monarquia. Mas com a derrota da causa, o príncipe afastou-se do país e desautorizou a iniciativa de alguns correligionários de fundar um partido monarquista no Brasil.

Com o avanço da idade, Pedro Gastão retirou-se para a propriedade de sua esposa, em Villamanrique, próximo de Sevilha, na Espanha.

Os últimos anos de vida do casal foram passados na propriedade da Infanta, onde ambos faleceram. Pedro Gastão morreu na madrugada do dia 27 de dezembro de 2007, aos 94 anos de idade, e foi sepultado no dia seguinte, na capela de Villamanrique de la Condesa.

Títulos e honrarias

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Títulos e estilos

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Na sua vida teve pretensão aos seguintes estilos de tratamento:

  • 19 de fevereiro de 1913 – 29 de janeiro de 1940: Sua Alteza Real, o Princípe Pedro Gastão de Orléans e Bragança
  • 29 de janeiro de 1940 – 27 de dezembro de 2007: Sua Alteza Real, o Princípe Títular de Orléans e Bragança
Império do Brasil Império do Brasil
Ordre national de la Croix du Sud Grã-Cruz da Imperial Ordem do Cruzeiro do Sul (1946)[7]
Ordre de Pierre Ier Grã-Cruz da Imperial Ordem de Pedro Primeiro (1946)[7]
Ordre de la Rose Grã-Cruz da Imperial Ordem da Rosa (1946)[7]
Reino das Duas Sicílias
Ordre de Saint-Janvier Cavaleiro da Ordem de São Januário (1960)[7]
Ordre sacré et militaire constantinien de Saint-Georges Grã-Cruz da Sagrada e Militar Ordem Constantiniana de São Jorge[7]
Reino de Espanha
Real Maestranza de Caballería de Séville Cavaleiro da Real Maestranza de Caballería de Sevilha[7]
Reino da Grécia
Ordre du Sauveur Grã-Cruz da Ordem do Salvador[7]
Ordem de Malta
Ordre souverain militaire hospitalier de Saint-Jean de Jérusalem, de Rhodes et de Malte Grã-Cruz de Honra e Devoção da l'Ordem Soberana de Malta (1966)[7]
Reino de Portugal
Ordre du Christ Grã-Cruz da Ordem de Cristo[7]

Descendência

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Pedro Gastão e Maria da Esperança tiveram seis filhos:[8]

  • Pedro Carlos de Bourbon de Orléans e Bragança (31 de outubro de 1945 (79 anos)), casou-se por três vezes, a primeira em 1975, com Rony Kuhn da Suza. Viúvo, casou-se em segundo, em 1981, com Patricia Alexandra Brascombe. Viúvo, casou-se em terceiro, em 2021, com Patrícia Alvim Rodrigues, com descendência apenas do primeiro e segundo.[9]
  • Maria da Glória de Bourbon de Orléans e Bragança (13 de dezembro de 1946 (77 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1972, com Alexandre Karađorđević, Príncipe Herdeiro da Iugoslávia, de quem se divorciou em 1985. No mesmo ano, Maria da Glória casou-se com Ignacio de Medina y Fernández de Córdoba, Duque de Segorbe e Grande de Espanha, com descendência dos dois casamento.[10]
  • Afonso Duarte de Bourbon de Orléans e Bragança (25 de abril de 1948 (76 anos)) casou-se por duas vezes, a primeira com Maria Parejo em 1973, de quem se divorciou em 1998. No mesmo ano, casou-se com Sylvie Amélie de Hungria Machado, com descendência apenas do primeiro.[11]
  • Manuel Álvaro de Bourbon de Orléans e Bragança (17 de junho de 1949 (75 anos)), casou-se em 1977, com Margarita Haffner y Lancha, filha de Oskar Haffner, de quem se divorciou em 1995, com descendência.[12]
  • Cristina Maria de Bourbon de Orléans e Bragança (16 de outubro de 1950 (74 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1980, com o Príncipe Jean-Paul Sapicha-Rozanski, e de quem se divorciou em 1992. No segundo casamento, casou-se com José Carlos Calmon de Brito, de quem também se divorciou em 1996, com descendência apenas do primeiro.[12]
  • Francisco Humberto de Bourbon de Orléans e Bragança (9 de dezembro de 1956 (67 anos)), casou-se por duas vezes, a primeira em 1978, com Christina Schmidt Peçanha, filha de Gaubert Schmidt e Alice Peçanha, posteriormente eles se divorciaram e Francisco casou-se em segundo lugar em 1980, com Rita de Cássia Pires, com descendência dos dois casamento.[12]

Notas

  1. O termo "dita", talvez seja inadequado já que existe documento oficial, um decreto presidencial de 1981, que oficializa o título à referida cidade. Decreto Presidencial Nº 85.849, de 27 de março de 1981 - Atribui à cidade de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro, o título de Cidade Imperial, e dá outras providências. O referido decreto está no Diário Oficial da União - seção 1, edição de 27/3/1981.

Referências

  1. a b c d Bodstein, Astrid (2006). «The Imperial Family of Brazil». Royalty Digest Quarterly (3). Consultado em 28 de dezembro de 2007. Cópia arquivada em 16 de outubro de 2007 
  2. DIÁRIO DE SÃO PAULO. 22 abr. 1938. Apud: SANTOS, Armando Alexandre dos. op. cit., 1988, p. 79
  3. MONTJOUVENT, Philippe de (1998) (em Francês). Le comte de Paris et sa Descendance. Charenton: Éditions du Chaney, p. 97. ISBN 2-913211-00-3.
  4. «Home». Casa Imperial do Brasil. Consultado em 2 de novembro de 2022 
  5. Oazinguito Ferreira (18 de maio de 2008). «Jornais do interior em Petrópolis». Petrópolis no Século XX. Consultado em 4 de janeiro de 2018 [ligação inativa]
  6. «Dom Francisco de Orleans e Bragança». Mapa de Cultura do Rio de Janeiro. Consultado em 4 de janeiro de 2018 
  7. a b c d e f g h i «Brazil4». www.royalark.net. Consultado em 6 de maio de 2019 
  8. «A Casa Imperial do Brasil». www.gabriel.soledade.nom.br. Consultado em 17 de novembro de 2017 
  9. «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022 
  10. «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022 
  11. «Época». O GLOBO. Consultado em 3 de julho de 2023 
  12. a b c «Person Page». www.thepeerage.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2022