Renato Freitas – Wikipédia, a enciclopédia livre

Renato Freitas
Renato Freitas
Freitas em 2023
Deputado Estadual do Paraná
No cargo
Período 1º de fevereiro de 2023
a atualidade
Legislatura 20ª (2023–2027)
Vereador por Curitiba
Período
  • 10 de outubro de 2022
    até 31 de janeiro de 2023
  • 1º de janeiro de 2021
    até 5 de agosto de 2022
Legislatura 18ª (2021–2023)
Dados pessoais
Nascimento 12 de dezembro de 1983 (41 anos)
Sorocaba, SP
Nacionalidade brasileira
Alma mater Universidade Federal do Paraná
Partido PSOL (2007-2018)
PT (2018-presente)
Profissão Advogado e político

Renato de Almeida Freitas Junior (Sorocaba, 12 de dezembro de 1983) é um jurista, político, ativista e ex-líder estudantil brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).[1][2] Atualmente exerce o cargo de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Paraná.[3]

Freitas alcançou repercussão internacional após a polêmica gerada por sua participação em um protesto pelo assassinato de Moïse Kabagambe. O ato, que iniciou-se em uma rua de Curitiba, migrou para o interior da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito e foi interpretado como profanação por parte da sociedade brasileira.[4][5] O episódio dividiu a opinião pública[6][7][8][9] e culminou com a cassação do mandato de Freitas pela Comissão de Ética da Câmara dos Vereadores de Curitiba,[10] mesmo após a Arquidiocese de Curitiba se manifestar contrária à cassação.[11] A decisão da Câmara dos Vereadores de Curitiba foi revertida pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 23 de setembro de 2022.[12][13]

Declaradamente socialista e marxista, Renato Freitas é considerado membro da ala mais à esquerda do Partido dos trabalhadores, sendo um forte crítico do programa econômico adotado por Fernando Haddad no terceiro mandato de Luís Inácio Lula da Silva e de Joaquim Levy no segundo mandato de Dilma Rousseff[14].

Infância e vida pessoal

[editar | editar código-fonte]

Renato nasceu na cidade de Sorocaba, no interior paulista. Sua mãe era retirante da cidade paraibana de Princesa Isabel, que decidiu juntar-se à sua irmã mais velha em Sorocaba. Renato estava no ventre de sua mãe quando seu pai foi preso e transferido para o Paraná.[carece de fontes?]

Sua mãe mudou-se para a Vila Macedo, em Piraquara, para viabilizar as visitas ao companheiro aprisionado. Após alguns anos sustentando sozinha os filhos como empregada doméstica, a mãe de Renato descobriu que seu companheiro, mesmo encarcerado, possuía uma outra família.[carece de fontes?] Mudou-se então então com os filhos para a Paraíba, onde residiu em diferentes municípios, retornando ao Paraná após encontrar dificuldades para se estabelecer no outro estado.

Aos onze anos, Freitas passou a estudar em Curitiba graças aos empregadores de sua mãe, que pagavam a sua passagem de ônibus. Em 1994, ao escutar uma fita de rap pela primeira vez, Renato afirma ter observado uma inédita coesão em seus pensamentos.[carece de fontes?] Aos catorze anos a família muda-se para Pinhais, município vizinho a Piraquara, pois seu irmão estava sofrendo ameaçadas na cidade.[carece de fontes?] Em razão do fraco desempenho escolar causado pela baixa frequência, Renato concluiu o ensino fundamental através pelo regime supletivo. Enquanto cursava o ensino médio, seu pai saiu da prisão e foi morto em seguida.[carece de fontes?]

Freitas em 2022

Renato começou a frequentar a Biblioteca Pública do Paraná durante o tempo que flanava pelo centro de Curitiba. Ocasionalmente pegou gosto pelo xadrez e aos poucos começou a competir em torneios municipais, estaduais e nacionais. Renato ingressou no curso de ciências sociais na Universidade Federal do Paraná (UFPR), [quando?] mas evadiu o curso pois os horários não o permitiam trabalhar. Em 2007, enquanto estudava visando ingressar no curso de direito, Renato teve que lidar com o súbito assassinato de seu irmão, João, durante um assalto à empresa no qual trabalhava.[15]

Freitas é graduado e mestre em Direito pela UFPR. Sua dissertação de mestrado utilizou elementos da própria biografia para demonstrar que "quebrada e a prisão são espaços interseccionais, produtos de um campo simbiótico cada vez mais central para se compreender os fenômenos da miséria, exclusão, encarceramento, violência e extermínio de determinada parcela da população."[16]

Em seu currículo na Câmara de Curitiba, diz ter trabalhado na Defensoria Pública do Paraná e também como professor universitário e advogado popular.[17]

Renato possui uma filha chamada Aurora.[17]

Carreira política

[editar | editar código-fonte]

Nas eleições municipais de 2016, disputou uma das vagas para a Câmara Municipal de Curitiba pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). Nas eleições gerais do biênio seguinte, já pelo Partido dos Trabalhadores (PT), foi candidato a deputado estadual, quando obteve 15 mil votos. Na terceira candidatura consecutiva, novamente a vereador de Curitiba, conquistou uma das cadeiras com 5 097 votos.

Segundo Renato, nas três campanhas eleitorais de que participou foi vítima de agressões por parte de agentes de segurança pública. Na de 2018, diz ter levado dois tiros de bala de borracha disparados por um guarda municipal durante uma ação de panfletagem.[18]

No final de 2020, logo após ter sido eleito ao cargo de vereador, foi flagrado pichando a palavra "racista" em um toldo do supermercado Carrefour durante protesto de repúdio ao assassinato de João Alberto de Freitas, em uma unidade da loja em Porto Alegre. Um advogado local o denunciou nas redes socais, criticando por dar "péssimo exemplo, vandalizando sua cidade e estimulando atos de vandalismo e violência".[19] Em entrevista a Tribuna do Paraná, Renato disse que a ação do advogado era uma "tentativa de prejudicá-lo publicamente como líder de classe que batalha contra o racismo." Em nota à reportagem, disse ainda que questionava aqueles que se preocupavam mais com a "superfície dos cinquenta centímetros de lona azul do Carrefour“ do que com a vida de uma pessoa inocente assassinada.[19] Posteriormente, comentando o incidente, lembrou-se que "teve policial que disse que a morte seria uma punição justa para mim pela pichação”.[18]

Logo após tomar posse, em janeiro de 2021, o vereador denunciou nas redes sociais a presença de homens armados circulando sua casa e perguntando para vizinhos onde ele morava. Renato registrou boletim de ocorrência 8º Distrito Policial de Curitiba. Foi a segunda instância de vereadores recém-eleitos ameaçados; anteriormente, Carol Dartora (PT) também recebera ameaças de morte.[20]

Freitas em 2023

No dia 4 de junho de 2021, o vereador foi preso por agentes da Polícia Militar do Paraná enquanto participava de uma partida de basquetebol e escutava música na Praça 29 de Março, em Curitiba. Em um vídeo compartilhado em suas redes sociais, os policiais anunciam a voz de prisão a um homem por perturbação do sossego a também dão voz de prisão ao parlamentar por “atrapalhar o trabalho da polícia”. Na sequência, os dois são levados à viatura. Logo após a voz de prisão eles foram pegos à força, pelos braços, e empurrados pelos policiais até uma viatura. Em nota, a equipe do vereador disse:[21]

Renato acompanhou uma abordagem policial realizada de forma inadequada, ferindo direitos fundamentais do cidadão em questão. O vereador questionou o método, que é corriqueiramente aplicado pela Polícia Militar. Entretanto, em total desrespeito às prerrogativas inerentes à sua posição, mesmo tendo se identificado como Advogado e Vereador, Renato foi levado preso ao Batalhão da Polícia Militar, em condições absolutamente desproporcionais e inadequadas com relação à sua dignidade.

O vereador foi novamente preso, em 23 de julho do mesmo ano. Freitas estava em uma barraca do PT montada na Praça Rui Barbosa, convocando a população para um ato contra o presidente Jair Bolsonaro. Um apoiador do presidente tentou remover à força um megafone utilizado pelo vereador e uma confusão foi deflagrada. No entanto, apenas o vereador foi preso. Um vídeo divulgado pela imprensa mostra o vereador sendo jogado ao chão, algemado e arrastado até o porta-malas de uma viatura da Guarda Municipal de Curitiba. O vídeo também mostra os agentes debochando e rindo de Renato durante a ação. A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, repudiou a abordagem truculenta dos guardas municipais através do Twitter.[22][23]

Tentativa de cassação

[editar | editar código-fonte]

No dia 24 de janeiro de 2022 o imigrante congolês Moïse Mugenyi Kabagambe foi espancado até a morte por três homens em um quiosque na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. O linchamento só foi noticiado no dia 29 de janeiro[24] e resultou em protestos no Brasil e em outros países como Inglaterra, Estados Unidos[25] e Alemanha[26], bem como uma nota da Anistia Internacional[27]. Poucos dias após a disseminação dessa notícia, Durval Teófilo Filho, negro, 38 anos, foi assassinado dentro do condomínio onde morava em São Gonçalo após ter sido "confundido com um assaltante" por um vizinho.[28]

Manifestação

[editar | editar código-fonte]
Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito de Curitiba

O Coletivo Núcleo Periférico, movimento popular paranaense, realizou no dia 5 de fevereiro de 2022 um ato de repúdio aos recentes assassinatos de homens negros que dominavam os noticiários naquela semana.[29] O local escolhido para o protesto foi o centro histórico de Curitiba, especificamente o largo situado em frente à Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito. O local do ato fora escolhido pela relação histórica que possui com a população negra na cidade: a Igreja, inaugurada em 1737, foi construída por e para pessoas escravizadas, uma vez que negros e negras não poderiam entrar em outras igrejas da cidade. Há relatos históricos de que negros eram açoitados ali em frente – a poucos metros da porta, onde hoje há um chafariz.[29]

Segundo o Padre Luiz Haas, pouco antes das 18 horas, por causa do barulho dos manifestantes, ele encerrou uma missa e foi até a escadaria da Igreja, o religioso chega a perguntar para os paroquianos antes de encerrar as celebrações “Vocês acham correto isso?” e afirma que o protesto tinha o "propósito de atrapalhar".[30][31] Na escadaria, o vigário discutiu com alguns manifestantes e reclamou que tivera de encerrar a celebração, perguntando "se não poderiam fazer aquele protesto em outro horário", recebendo de volta um coro de vozes que o chamava de racista.[30][31] Em vídeo, o padre é gravado fazendo um sinal de positivo com a mão e no mesmo momento é recolhido para dentro da igreja, sendo a porta principal fechada no mesmo instante; Luiz Haas afirma em entrevista para o jornal "Meio dia Paraná" que "eles foram para a porta lateral e invadiram a igreja", mas ressalta que "não destruíram nada, não sujaram e isto tem de estar bem claro".[31]

O padre afirma que não sabia do teor da manifestação e de que foi pego numa confusão como bode expiatório, quando manifestantes "entraram lá, começaram a gritar e fizeram discurso"[30]. Segundo o deputado, na época vereador de Curitiba, a porta da igreja estava aberta quando os manifestantes entraram e seis viaturas da Guarda Municipal que estavam estacionadas do lado de fora não os impediram por não haver crime, sendo verdade que a porta lateral estava aberta, mas a principal havia sido fechada momentos antes.[30][31] Nos dias seguintes, imagens recortadas da manifestação dentro da igreja viralizaram nas redes sociais, dando a entender que a missa havia sindo invadida, entretanto Luiz Haas observou que os manifestantes “não profanaram nada, apenas usaram o espaço para seu protesto e foram embora” e negou que a missa houvesse sido invadida.[8]

Repercussão e críticas

[editar | editar código-fonte]

A Arquidiocese de Curitiba se manifestou sobre o caso, repudiou o acontecido e disse que na ação do grupo houve "agressividades e ofensas". De acordo com a arquidiocese, a ação tratou-se de profanação injuriosa, e a "lei e a livre cidadania foram agredidas".[32] Os vereadores Éder Borges (PSD), Pier Petruziello (PTB) e Pastor Marciano Alves (Republicanos), opositores políticos do vereador, protocolaram representações por quebra de decoro contra Renato Freitas, após o petista participar do protesto dentro da igreja.[33] O Presidente da República Jair Bolsonaro criticou a invasão da igreja, salientando o fato de que o vereador pertence ao Partido dos Trabalhadores, principal oposição ao presidente. “Acreditando que tomarão o poder novamente, a esquerda volta a mostrar sua verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo. Se esses marginais não respeitam a casa de Deus, um local sagrado, e ofendem a fé de milhões de cristãos, a quem irão respeitar?”, escreveu Bolsonaro no Twitter.[34] Sérgio Moro (União) classificou o ato como uma "absurda e revoltante invasão".[7]

Desculpas e injúrias raciais

[editar | editar código-fonte]

Renato Freitas pediu desculpas às pessoas que eventualmente sentiram-se ofendidas pelo ato, salientando o fato de que ele também é cristão.[35] “Eu sou cristão e muitos ali são cristãos. A porta estava aberta e nós entramos. Tinha seis viaturas da Guarda Municipal de Curitiba, que não entrou [SIC] atrás, porque não havia crime. Era uma manifestação por vidas negras", acrescentou. O ex-vereador diz que fez em frente ao altar uma pequena “homilia”, lembrando que Deus condena a discriminação de pessoas, e depois gritou vivas à vida.[8] Renato recebeu ameaças e sofreu injúria racial após a polêmica. A mais significativa partiu do e-mail de um outro parlamentar, Sidnei Toaldo (Patriota), contendo frases como "A Câmara de vereadores de Curitiba não é seu lugar, Renato", "Volta para a senzala" e "Vamos branquear Curitiba e a região Sul, queira você ou não, seu negrinho".[7] Carol Dartora (PT), vereadora negra que também participava da manifestação mas que não participou do ato no interior da igreja, também sofreu injúria racial. As mensagens recebidas por ela a chamam, por exemplo, de "macaca fedorenta" e "preta safada". Os autores dos ataques afirmam ainda que a parlamentar "merecia estar na cadeia" e que ela "vai pagar pelo que fez".[35] Outra parlamentar de Curitiba relatam que as características físicas de Renato geram desconforto e estranhamento entre alguns membros da Câmara. Djiovanni Marioto, cientísta político da Universidade Federal do Paraná, atribui essa aversão de outros vereadores à cultura gentrificada da cidade de Curitiba e a uma tradicional ausência de pessoas negras nos espaços de poder.[7]

Defesa pela igreja

[editar | editar código-fonte]
Freitas em 2022

A Arquidiocese de Curitiba chegou a apresentar ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara de Vereadores (CMC), em março de 2022, um documento pedindo que o vereador não fosse cassado:

A movimentação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja. Percebe-se na militância do vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito.[11]

Cassação do mandato

[editar | editar código-fonte]

Após meses de deliberação, no dia 5 de agosto de 2022, Renato Freitas teve o mandato cassado. A proposta de cassação foi aprovada pela maioria absoluta dos vereadores da Câmara Municipal de Curitiba, em dois turnos.[10] A cassação também o tornou inelegível ao cargo de deputado estadual, posição pleiteada por Renato nas eleições a serem realizadas no dia 2 de outubro de 2022.

Reversão da cassação

[editar | editar código-fonte]

A defesa do parlamentar impetrou recurso junto ao Tribunal de Justiça do Paraná, mas tal recurso foi negado.

A defesa também havia entrado com pedido de medida cautelar. No dia 23 de setembro de 2022, o Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso restabeleceu o mandato de Renato Freitas:

"A cassação do vereador em questão ultrapassa a discussão quanto aos limites éticos de sua conduta, envolvendo debate sobre o grau de proteção conferido ao exercício do direito à liberdade de expressão por parlamentar negro voltado justamente à defesa da igualdade racial e da superação da violência e da discriminação que sistematicamente afligem a população negra no Brasil"

A liminar deferida foi justificada por Barroso com base nos princípios de racismo estrutural e impacto desproporcional [en]:[36]

24. Como fenômeno intrinsecamente relacionado às relações de poder e dominação, esse racismo estrutural não deixa de se manifestar no âmbito político. Não por acaso, o protesto pacífico em favor das vidas negras feito pelo vereador reclamante dentro de igreja motivou a primeira cassação de mandato na história da Câmara Municipal de Curitiba. Não à toa, a população afrodescendente é sub-representada no legislativo local: são apenas 3 vereadores negros em um universo de 38 parlamentares (em uma cidade em que 24% da população é negra)[8]. Também decorre desse caráter estrutural do racismo a desconsideração do fato de que a igreja escolhida para a manifestação foi justamente a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, instituição construída para acolher e abrigar a fé da população negra escravizada, que não podia frequentar as outras igrejas da cidade[9]. Tampouco se pode olvidar que a própria Arquidiocese de Curitiba, apesar de entender que houve algum tipo de excesso, posicionou-se de forma contrária à cassação, reconhecendo que “[a] movimentação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja”[10]. 25. Justamente porque o racismo está inserido nas estruturas políticas, sociais e econômicas, é necessário atuar sobre o modo “invisível” de funcionamento das instituições e engrenagens sociais, de modo a evitar a reprodução e a perpetuação das desigualdades raciais. Essa percepção conduz à necessidade de uma atuação reforçada de combate ao racismo onde quer que ele se encontre: inclusive quando ele está refletido na aplicação equivocada de normas procedimentais supostamente neutras. Trata-se de potencial caso de discriminação indireta, relacionado à teoria do impacto desproporcional (disparate impact)[11], que revela que procedimentos e normas pretensamente neutros (i.e., compatíveis com a igualdade formal) podem produzir efeitos práticos sistematicamente prejudiciais a grupos marginalizados, de modo a violar o princípio da igualdade em sua vertente material.

O advogado Guilherme Gonçalves, que atua na defesa de Freitas, afirmou saber que em algum momento "injustiça seria corrigida". "A decisão não reconhece só a ilegalidade da cassação do Renato Freitas, a liminar reconhece a injustiça, a inconstitucionalidade, e a inexistência de qualquer quebra de decoro de um menino jovem, negro, periférico, que ousa superar o apartheid social e se eleger vereador", disse. Com a suspensão da cassação, Renato retomou sua elegibilidade para as eleições de 2022.[13]

No momento em que Barroso decidia pela suspensão da cassação do mandato de Freitas, o parlamentar encontrava-se na Itália para uma audiência com o Papa Francisco.[37]

Freitas reassumiu o mandato em 10 de outubro de 2022, uma semana depois de ser eleito deputado estadual com 57 mil votos.[38][39]

Deputado estadual

[editar | editar código-fonte]

Em 2024, foi um dos 13 parlamentares que votaram contra o projeto do governador Ratinho Júnior que privatiza a gestão das escolas públicas do Paraná.[40][41]

Desempenho eleitoral

[editar | editar código-fonte]
Ano Eleição Cargo Partido Coligação Votos % Resultado
2016 Municipal de Curitiba Vereador PSOL Frente de Esquerda

(PSOL, PCB)

3 455 0,39% Não eleito
2018 Estadual do Paraná Deputado estadual PT PT 15 663 0,27% Não eleito
2020 Municipal de Curitiba Vereador PT 5 097 0,64% Eleito
2022 Estadual do Paraná Deputado estadual Federação Brasil da Esperança

(PT, PCdoB e PV)

57 880 0,95% Eleito

Referências

  1. «Renato Freitas — Portal da Câmara Municipal de Curitiba». www.curitiba.pr.leg.br. Consultado em 24 de maio de 2023 
  2. Paraná, Assembleia Legislativa do. «Assembleia Legislativa do Paraná | Renato Freitas». Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Consultado em 24 de maio de 2023 
  3. «Deputados estaduais eleitos no Paraná nas Eleições 2022». Tribuna do Paraná. 2 de outubro de 2022. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  4. Lima, Eduardo (11 de abril de 2022). «Archdiocese sides with politician accused of desecrating church in Brazil». cruxnow.com (em inglês). Consultado em 24 de setembro de 2022 
  5. «Renato Freitas: entenda a cronologia do caso sobre a cassação do vereador em Curitiba». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  6. Povo, Gabriel de Arruda Castro, especial para a Gazeta do. «Por que a eventual cassação de Renato Freitas não poderá ser atribuída ao racismo». Gazeta do Povo. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  7. a b c d «'Volta pra senzala': as ofensas ouvidas por vereador de Curitiba». noticias.uol.com.br. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  8. a b c «A verdadeira história da cassação do vereador negro de Curitiba». revista piauí. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  9. «Vereador do PT invade igreja em Curitiba para fazer protesto». R7.com. 8 de fevereiro de 2022. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  10. a b «Câmara de Curitiba confirma cassação de vereador em segundo turno — Portal da Câmara Municipal de Curitiba». www.curitiba.pr.leg.br. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  11. a b «"Cassação de Renato Freitas é insustentável e ilegal", dizem advogados do vereador». Revista Fórum. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  12. «Barroso aponta racismo estrutural e restabelece mandato do vereador Renato Freitas (PT)». Folha de S.Paulo. 24 de setembro de 2022. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  13. a b «Barroso restabelece mandato de Renato Freitas e anula ato que decretou cassação». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  14. https://iclnoticias.com.br/atg/renato-freitas-artigo/
  15. Junior, Freitas; Almeida, Renato de (2017). «Prisões e quebradas : o campo em evidência». Consultado em 24 de setembro de 2022 
  16. Freitar Júnior 2017, p. 6
  17. a b «Renato Freitas — Perfil e legislatura de que participou». Portal da Câmara Municipal de Curitiba. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  18. a b «Polêmicas, pichação, mestrado e carreira. Conheça o vereador eleito Renato Freitas». Tribuna do Paraná. 4 de dezembro de 2020. Consultado em 24 de setembro de 2022. Arquivado do original em 24 de setembro de 2022 
  19. a b Gustavo Marques (23 de novembro de 2020). «Recém eleito, vereador de Curitiba é flagrado pichando toldo de mercado em protesto». Tribuna do Paraná. Consultado em 20 de dezembro de 2023. Arquivado do original em 15 de agosto de 2022 
  20. «Vereador Renato Freitas denuncia ameaça de morte em Curitiba. "Não vou ficar esperando acontecer"». Tribuna do Paraná. 17 de janeiro de 2021. Consultado em 24 de setembro de 2022. Arquivado do original em 17 de agosto de 2022 
  21. «Vereador Renato Freitas é preso na Praça 29 de Março, em Curitiba». Tribuna do Paraná. 4 de junho de 2021. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  22. «Vereador Renato Freitas (PT), de Curitiba, é preso pela segunda vez em menos de 2 meses; veja vídeo». Revista Fórum. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  23. «Vereador Renato Freitas é preso, em Curitiba, por protestar contra Bolsonaro». CUT - Central Única dos Trabalhadores. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  24. «Polícia investiga morte de congolês em quiosque na Barra da Tijuca». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  25. joaomalar. «Caso Moïse: ato no Rio acontece em frente a quiosque onde congolês foi morto». CNN Brasil. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  26. «Protesto em Berlim pede justiça por Moïse – DW – 06/02/2022». dw.com. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  27. Comunicação, Tom. «"A morte de Moïse Kabamgabe é inaceitável", afirma a Anistia Internacional Brasil». Anistia Internacional. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  28. «Pai, amigo e brincalhão: quem era Durval Teófilo, o homem morto por um vizinho que o confundiu com um ladrão». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  29. a b «Renato Freitas: entenda a cronologia do caso sobre a cassação do vereador em Curitiba». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  30. a b c d Rosa, Guilherme (8 de fevereiro de 2022). «'Isso é de propósito para atrapalhar a missa', disse padre sobre manifestação antes de invasão à Igreja; veja vídeo». Banda B. Consultado em 21 de outubro de 2024 
  31. a b c d Meio Dia Paraná - Curitiba | Padre que celebrava missa interrompida por protesto fala sobre o caso | Globoplay, consultado em 21 de outubro de 2024 
  32. «Grupo que pedia justiça pela morte de Moïse invade igreja e interrompe missa durante manifestação, diz padre; vereador que participava disse que ato foi pacífico». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  33. «Vereadores de Curitiba citam quebra de decoro e representam contra parlamentar que interrompeu missa em igreja durante ato em memória de Moïse». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  34. «Bolsonaro sobre invasão de igreja católica: "Marginais"». Poder360. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  35. a b «Vereador que participou de invasão em igreja durante protesto, em Curitiba, pede desculpas: 'Não foi intenção ofender o credo de ninguém'». G1. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  36. «Barroso restabelece mandato do vereador Renato Freitas, de Curitiba». Supremo Tribunal Federal. Consultado em 2 de outubro de 2022 
  37. «Renato Freitas encontra Papa Francisco após ser cassado». Jornal Plural. Consultado em 24 de setembro de 2022 
  38. «Após cassação, Renato Freitas (PT) é eleito deputado estadual pelo Paraná». UOL. Consultado em 3 de outubro de 2022 
  39. «Renato Freitas retoma mandato na segunda-feira; Câmara entra com recurso no STF». Bem Paraná. Consultado em 9 de outubro de 2022 
  40. «Paraná aprova projeto que privatiza gestão de 200 colégios estaduais». Nexo. 3 de junho de 2024 
  41. «Por 39 votos a 13, Alep aprova em 1º turno projeto que quer terceirizar gestão de escolas públicas do Paraná; veja como cada deputado votou». G1. 3 de junho de 2024 

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]
Outros projetos Wikimedia também contêm material sobre Renato Freitas:
Commons Categoria no Commons
Wikidata Base de dados no Wikidata