Terra Indígena Massaco – Wikipédia, a enciclopédia livre
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Terra Indígena Massaco é uma terra indígena na Amazônia Legal com área de 421 895 hectares, localizada nos municípios brasileiros de Alta Floresta D'Oeste e[1][2] São Francisco do Guaporé (estado de Rondônia) fronteira com Bolívia.[1] É habitada por grupos indígenas isolados,[1][3] geralmente identificados sob o nome genérico Massaco Isolados[1] e Isolados Sirionó,[2] com uma população estimada de 600 pessoas (1998). A família linguística destes povos é presumivelmente Pano ou Aruaque.[4] Sobreposição da Rebio Guaporé.[1][2]
Área habitada por Massaco Isolados. Registrada no CRI e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU) via decreto s/n de 14/12/1998.[1]
Demarcação
[editar | editar código-fonte]Segundo a Constituição Federal do Brasil de 1988, as terras indígenas para serem regularizadas devem ser: habitadas de forma permanente; importantes para as atividades produtivas do indígena; local que preserva os recursos necessários ao seu bem-estar, e; local de reprodução física e cultural.[5] Essas regiões são demarcadas pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) conforme o processo descrito no decreto 1775/1996:[5]
- Estudos de identificação: um antropólogo elabora estudo antropológico e coordenar o grupo técnico especializado que faz a identificação da região;
- Aprovação da Funai: o relatório do estudo antropológico é aprovado na Funai, e publicado no máximo em 15 dias;
- Contestações: após a publicação do relatório os interessadas tem no máximo 90 dias para manifestação;
- Declaração dos limites: Ministro da Justiça no máximo em 30 dias declara os limites da região e, determina a demarcação física, ou desaprova a identificação oficial;
- Demarcação física: com limites da região declarados, a Funai faz a demarcação física;
- Homologação: a demarcação é ser submetido à presidência da República para homologar o decreto;
- Registro: com a região demarcada e homologada, no máximo em 30 dias após a homologação, é registrada no cartório de imóveis da comarca e na Secretaria de Patrimônio da União (SPU)
História
[editar | editar código-fonte]Em 1998 a TI Massaco foi regularizada em uma área de 421.895 hectares, fortalecendo o trabalho da Funai de localização dos indígenas isolados do arco grande iniciado na década de 1980.[6] Esta é a primeira terra indígena oficialmente demarcada pelo governo brasileiro para uso exclusivo de um povo indígena isolado.[6] Que é monitoramento pela Frente de Proteção Etnoambiental Guaporé (FPE-Guaporé), unidade da Funai que faz a proteção de direitos dos indígenas isolados.
A FPE realiza expedições de estudo regulares, onde todos os vestígios encontrados são catalogados e georreferenciados, que são analisados com a ajuda de referências de outros povos indígenas da região, atualizando periodicamente a dinâmica de ocupação do território e as características socioculturais dos isolados do arco grande, permitindo a contínua criação de estratégias de proteção.[6] Os indígenas da TI Massaco dividem-se em dois subgrupos que ocupam de forma semelhante partes distintas da terra indígena.[6]
Segundo Bruno Pereira (Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato) o trabalho feito com a TI Massaco é referência na criação de política pública indigenistas no Brasil... "As décadas de trabalho exemplar da FPE Guaporé nos permitiu construir um método de localização e proteção de índios isolados que materializa as modernas leis brasileiras de respeito a autonomia desses povos".[6]
Geografia
[editar | editar código-fonte]Município: Alta Floresta D'Oeste; área municipal: 706.702,50; área indígena: 104.319,24.[1]
Município: São Francisco do Guaporé; área municipal: 1.095.976,70; área indígena: 316.926,66.[1]
Fitofisionomia
[editar | editar código-fonte]A região é localizado na bacia hidrográfica do rio Madeira, e formada pelo bioma Amazônico; com presença de: 48,13% de floresta ombrófila aberta; 25,83% de vegetação pioneira, e; 26,04% de savana.[1]
Ameaças
[editar | editar código-fonte]A terra indígena é ameaçada por garimpeiro, madeireiro e, grileiro (especulação fundiário).[1]
Indígenas em Rondônia
[editar | editar código-fonte]De acordo com o programa Povos Indígenas no Brasil do Instituto Socioambiental (ISA), Rondônia é o quarto estado brasileiro onde moram mais povos indígenas, com 29 povos registrados.[7] E de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em Rondônia existe 21.153 indígenas (1,25% da população do Brasil).[7]
No programa do Instituto Socioambiental estão inseridos os seguintes etnias: Aikaná; Akuntsu; Amondawa; Apurinã; Arikapú; Aruá; Cinta Larga; Djeoromitxí; Ikolen; Karo; Karipuna; Karitiana; Kassupá; Kanoê; Kaxarari; Kujubim; Kwazá; Makurap; Migueleno; Nambikwara; Oro Win; Puruborá; Sakurabiat; Surui Paiter; Tupari; Uru-Eu-Wau-Wau; Wajuru; Wari, e; Zoró.[7]
As etnias estão distribuídas nas seguintes áreas protegidas: Igarapé Lage; Igarapé Lourdes; Igarapé Ribeirão; Karipuna; Karitiana; Rio Mequéns; Pacaás-Novas; Rio Branco; Rio Guaporé; Roosevelt; Sagarana; 7 de Setembro; Tubarão/Latundê; Uru-Eu-Wau-Wau; Massaco; Rio Omerê; Kwazá do Rio São Pedro; Rio Negro Ocaia, e; Kaxarari.[7]
População Tradicional
[editar | editar código-fonte]Em 2007, os povos tradicionais foram reconhecidas pelo Governo do Brasil,[8] através da política de desenvolvimento sustentável das comunidades tradicionais (PNPCT) que ampliou o reconhecimento feito parcialmente na Constituição de 1988, agregando os indígenas, os quilombolas e, outros povos tradicionais,[9] a saber: ribeirinho, castanheira, catador de mangaba, retireiro, cigano, cipozeiro, extrativista, faxinalense, fecho de pasto, geraizeiro, ilhéu, isqueiro, morroquiano, pantaneiro, pescador artesanal, piaçaveiro, pomerano, terreiro, quebradeira de coco-babaçu, seringueiro, vazanteiro e, veredeiro.[10][9] Aqueles que mantêm um modo de vida primordial ligado aos recursos naturais e ao meio ambiente em que vivem.[8]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d e f g h i j «Terra Indígena Massaco / Terras Indígenas no Brasil». TerrasIndigenas.org. Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ a b c «Relatório - Violência contra os povos indígenas no Brasil - Dados de 2015» (PDF). MPF. ISSN 1984-7645. Consultado em 21 de outubro de 2024
- ↑ Ferraz, Lucas (30 de maio de 2008). «Funai divulga fotos de índios isolados que vivem no AC». Folha de S. Paulo. Consultado em 21 de outubro de 2024
- ↑ Pereira Neto, Antônio; Aquino, Terri Vale de (18 de abril de 2000). «RESUMO DO RELATÓRIO DE IDENTIFICAÇÃO E DELIMITAÇÃO DA TERRA INDÍGENA ALTO TARAUACÁ» (PDF). Diário Oficial da União. Coletânia de Documentos da Terra Indígena Alto Tarauacá: 20-3. Consultado em 21 de outubro de 2024
- ↑ a b «Como funciona a Demarcação? | Terras Indígenas no Brasil». TerrasIndígenas.org. Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ a b c d e «Expedição da Funai em Rondônia traz novas revelações sobre índios isolados da Terra Indígena Massaco». Funai. 22 de agosto de 2019. Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ a b c d «Quem são os povos indígenas de Rondônia? Veja lista / Terras Indígenas no Brasil». TerrasIndígenas.org. Consultado em 22 de outubro de 2024
- ↑ a b «Por que tradicionais?». Instituto Sociedade População e Natureza. Consultado em 18 de julho de 2018
- ↑ a b «os faxinalenses». Consultado em 23 de janeiro de 2016. Arquivado do original em 29 de janeiro de 2016
- ↑ «Gente do campo: descubra quais são os 28 povos e comunidades tradicionais do Brasil». www.cedefes.org.br. Consultado em 12 de agosto de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- As Terras Indígenas. Funai.
- Página oficial da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
- ONU. Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. 107ª Sessão Plenária, 13 de setembro de 2007.