Bauxita – Wikipédia, a enciclopédia livre
A bauxita (em português brasileiro) (o -xi- é pronunciado -chi-)[1] ou bauxite (em português europeu) é uma mistura natural de óxidos de alumínio considerada mineral. Seus principais componentes são a gibbsita Al(OH)3, boehmite γ-AlOOH e o diásporo α-AlO (OH), misturado com os dois óxidos de ferro (goethita e a hematita), além de caulinita, argila mineral e pequenas quantidades de TiO2 anatase. A bauxita é classificada de acordo com a aplicação comercial: abrasivos, cimento, produtos químicos, metalúrgicos e material refratário, entre outros.
A maior parte da extração mundial de bauxita (aproximadamente 85%) é usada como matéria-prima para a fabricação de alumínio, por lixiviação química, método conhecido como processo Bayer. Subsequentemente, a maioria da alumina produzida neste processo de refinamento é empregada como a matéria-prima para a produção de alumínio metálico pela redução eletrolítica da alumina em um banho de criolita natural ou sintética fundida (Na3AlF6), método conhecido como processo Hall-Héroult.
Bauxita é a matéria-prima mais usada na produção de alumina em escala comercial. Outras matérias-primas, como anortosito, alunita, rejeitos de carvão e petróleo de xisto, oferecem fontes potenciais adicionais de alumina. Embora pudessem requerer tecnologia nova, a alumina destes materiais não bauxíticos poderia satisfazer a demanda para metal primário, refratários, substâncias químicas de alumínio, e abrasivos. Mullita sintética é produzida de cianita e sillimanita, substitutos para refratários bauxíticos. Embora mais caros, carbeto de silício e alumina-zircônia substituem abrasivos bauxíticos.[2]
Em sua composição, as bauxitas se associam à da gibbsita, entretanto, em sua maior parte formam uma mistura, contendo impurezas como: sílica, óxido de ferro, titânio e outros elementos. Tendo como consequência, não sendo considerada uma espécie mineral e numa classificação rígida, o nome bauxita dever se usado em alusão à rocha (bauxita). A formação básica dessa rocha constitui-se em: a gibbsita, a bohemita, e a diásparo, cujas principais características são relativas a gêneses dos depósitos.
Se fosse um mineral, a bauxita seria o terceiro mineral mais abundante na natureza e mesmo assim tornou-se um recurso natural muito valorizado. 90% do minério extraído destina-se à fabricação de alumínio, mas o processo continua sendo muito caro, pois são necessárias 5 toneladas de bauxita para produzir 1 tonelada de alumínio.
Antigamente se considerava a Bauxita um mineral, em sua composição era constatado 73,9% de alumina e 26,1% de água.[3]
História
[editar | editar código-fonte]O termo bauxita é derivado do nome da aldeia Les Baux-de-Provence na França meridional, onde foi descoberta em 1821 pelo geólogo Pierre Berthier. Durante a segunda metade do século XIX, grande parte da produção de bauxita era realizada na França e utilizado para fins não metalúrgicos, enquanto a produção alumina era direcionada como mordente na indústria têxtil. Devido ao esgotamento de suas minas de bauxita, a França cessou quase completamente a sua exploração em 1991. As minas francesas eram localizadas em Var, Bouches-du-Rhône e Herault.[4]
Produção e reservas
[editar | editar código-fonte]Em 2007, a Austrália foi um dos maiores produtores de bauxita, com quase um terço da produção mundial, seguidos pela China, Brasil, Guiné e Índia. Embora a demanda de alumínio esteja aumentando rapidamente, as reservas conhecidas de seu minério de bauxita são suficientes para atender às demandas mundiais de alumínio por muitos séculos. O aumento da reciclagem de alumínio, que tem a vantagem de reduzir o custo de energia elétrica na produção de alumínio, vai preservar consideravelmente as reservas mundiais de bauxita.[5]
País | Produção | Reservas | Base de Reservas | |
---|---|---|---|---|
2019 | 2020 | |||
Austrália | 105,000 | 110,000 | 5,100,000 | x |
China | 70,000 | 60,000 | 1,000,000 | x |
Guiné | 67,000 | 82,000 | 7,400,000 | x |
Brasil | 34,000 | 35,000 | 2,700,000 | x |
Índia | 23,000 | 22,000 | 660,000 | x |
Indonésia | 17,000 | 23,000 | 1,200,000 | x |
Jamaica | 9,020 | 7,700 | 2,000,000 | x |
Cazaquistão | 5,800 | 5,800 | 160,000 | x |
Rússia | 5,570 | 6,100 | 500,000 | x |
Arábia Saudita | 4,050 | 4,000 | 190,000 | x |
Vietnã | 4,000 | 4,000 | 3,700,000 | x |
Malásia | 900 | 500 | 170,000 | x |
Outros países | 12,000 | 11,000 | 4,900,000 | x |
Total mundial (arredondado) | 358,000 | 371,000 | 30,000,000 | x |
Impactos ambientais
[editar | editar código-fonte]Três características do solo são principalmente afetadas com a degradação: perda da camada superficial, alteração da estrutura e perda da matéria orgânica.
A extração de minério, a exemplo de algumas outras atividades de exploração de recursos da natureza, causa o ônus, evidenciando em seus canteiros de obras um rastro da intensa alteração do ambiente, tanto com referência à paisagem local como em profundidade física e temporal. Os solos das áreas degradadas pela extração de Bauxita, costumam ter como característica níveis baixos de nutrientes e com propriedades físico-químicas diferenciadas, quando comparadas ao solo original[7].
A exploração da Bauxita gera derrogação da vegetação, realizando alterações radicais a paisagem o que prejudica a todo ecossistema. No processo de identificação dos impactos ambientais tem que se levar em conta que todos os trabalhos envolvendo mineração tem relação direta com escavação e movimentação de terra. Resultante dessas atividades estão o desflorestamento, a mudança da superfície topográfica da paisagem, a destruição ou deterioração das camadas superficiais do solo, a instabilização de encostas e terrenos em geral, erosão e assoreamento[8].
Referências
- ↑ Neves, Maria Helena de Moura (1 de janeiro de 2003). Guia de uso do português: confrontando regras e usos. [S.l.]: Editora UNESP. ISBN 9788571394575
- ↑ ERDÓCIA, Félix Anderson Barros. Difração de raios X em minerais de bauxita e análise através de refinamento pelo método de Rietveld. 2011. 80 f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Belém, 2011. Programa de Pós-Graduação em Física
- ↑ Encyclopædia Britannica. Londres: Britannica. 2011
- ↑ MONTE, M. B. M. e ADAMIAN, R. (1994). Aspectos tecnológicos e econômicos da indústria do alumínio. Série Estudos e Documentos, n.22,. CETEM.
- ↑ 1. Debney DM. Alumina production by Alcoa of Australia Ltd in Western Australia. In: Woodcock JT, Hamilton JK, eds. Australasian Mining and Metallurgy—the Sir Maurice Mawby Memorial Volume. 2nd ed. Melbourne, Australia: The Australasian Institute of Mining andMetallurgy; 1993:758–763.
- ↑ «Bauxita e alumina» (PDF). Consultado em 31 de março de 2021
- ↑ MOREIRA, Paulo Roberto. Manejo do solo e recomposição da vegetação com vistas a recuperação de áreas degradadas pela extração de bauxita, Poços de Caldas, MG. 2004. xv, 139 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2004. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/100645>.
- ↑ MOREIRA, Paulo Roberto. Manejo do solo e recomposição da vegetação com vistas a recuperação de áreas degradadas pela extração de bauxita, Poços de Caldas, MG. 2004. xv, 139 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro, 2004. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/100645>.