Dolomita – Wikipédia, a enciclopédia livre
Dolomite | |
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Dolomite (branco) | |
Categoria | Carbonatos |
Cor | Branco, cinza a rosa, branco avermelhado, branco acastanhado; incolor na luz transmitida |
Fórmula química | CaMg(CO3)2 |
Propriedades cristalográficas | |
Sistema cristalino | Trigonal |
Hábito cristalino | Cristais tabulares, frequentemente com faces curvas, mas também colunar, estalactítico, granular ou massivo. |
Classe de simetria | Romboédrico (3) símbolo H-M: (3) |
Macla | Comum como simples geminação de contacto |
Propriedades ópticas | |
Índice refrativo | nω = 1.679–1.681 nε = 1.500 |
Birrefringência | δ = 0.179–0.181 |
Propriedades físicas | |
Peso específico | 2.84–2.86 |
Dureza | 3.5 a 4 |
Solubilidade | Fracamente solúvel em HCl diluído |
Clivagem | 3 direcções de clivagem sem ser em ângulos rectos |
Fratura | Concoidal |
Tenacidade | Quebradiço |
Brilho | Vitroso a perolado |
Outras | Pode apresentar fluorescência branca a rosada sob UV; triboluminescente; valores de Ksp variam entre 1x10−19 e 1x10−17 |
Referências | [1][2][3][4][5] |
Dolomita (português brasileiro) ou dolomite (português europeu)[6] é um mineral anidro de carbonato de cálcio e magnésio, com fórmula ideal CaMg(CO3)2, muito abundante na natureza sob a forma de rochas sedimentares dolomíticas. Este mineral é utilizado como fonte de magnésio e, sobretudo, para a fabricação de materiais refratários.
Descrição
[editar | editar código-fonte]- História
O mineral dolomite foi provavelmente descrito pela primeira vez por Carl Linnaeus em 1768.[7] Na página 41 daquela obra, Linnaeus descreve o mineral (em latim) como: «Marmor tardum - Marmor paticulis subimpalpabilibus album diaphanum. Hoc simile quartzo durum, distinctum quod cum aqua forti non, nisi post aliquot minuta & fero, effervescens», o que pode ser traduzido por «Mármore lento - Mármore, branco e transparente com partículas quase imperceptíveis. É tão duro quanto o quartzo, mas é diferente por não efervescer, a menos que após alguns minutos em aqua forti».
Em 1791, foi também descrito como uma rocha pelo naturalista e geólogo Déodat Gratet de Dolomieu (1750 –1801), inicialmente a partir de pedras existentes em edifícios da antiga Roma e depois a partir de amostras recolhidas nas montanhas alpinas que agora são conhecidas como Dolomiti, no norte da Itália. Nicolas-Théodore de Saussure deu o primeiro nome ao mineral (em homenagem a Dolomieu) em março de 1792.[8] O nome do mineral é assim uma homenagem ao geólogo francês Dolomieu[9]
- Composição e propriedades
A dolomite é um mineral anidro de carbonato de cálcio e magnésio, com fórmula ideal CaMg(CO3)2,, fazendo dele um carbonato duplo, com um arranjo estrutural alternado de iões de cálcio e magnésio.
Ocorrem soluções sólidas entre a dolomite, a ankerite (um mineral dominado por ferro) e a kutnohorite (um mineral dominado pelo manganês).[10] Pequenas quantidades de ferro na estrutura dão aos cristais uma tonalidade amarela a acastanhada. A susbtituição iónica por manganês na estrutura pode atingir cerca de três por cento de MnO. Um alto teor de manganês dá aos cristais uma cor rosada. Por vezes, o chumbo, o zinco e o cobalto também substituem o magnésio na estrutura. O mineral dolomite está intimamente relacionado com huntite (Mg3Ca(CO3)4). Em termos gerais, a dolomite pode ser encarada como um termo de uma solução sólida entre o magnésio e o ferro, cujo extremo em ferro é a siderite e o extremo em magnésio é a magnesite.
O mineral dolomite é constituído por cristais brancos, castanhos, cinza ou rosa, mais frequentemente de cor cinza com raias brancas, de brilho vítreo. Cristaliza no sistema trigonal, geralmente em romboedros. A menos que esteja na forma de pó fino, não se dissolve rapidamente ou apresente efervescência em ácido clorídrico diluído a frio, como ocorre com calcite.[11] A froamção de maclas é comum, em geral por simples geminação por contacto. Tem dureza entre 3,5 e 4,0 na escala de Mohs. A sua densidade varia entre 2,84 e 2,86.
Como a dolomite pode ser dissolvida por água ligeiramente ácida, as áreas ricas em dolomitos são importantes como aquíferos e contribuem para a formação de terrenos cársticos.[12]
- Formação
Foram propostos vários modelos para a origem da dolomite, indo desde os processos hidrotermais, com fluidos vindos de grandes profundidades através de falhas geológicas também muito profundas, a modelos de origem a partir de interação microbial em ambientes hipersalinos e a modelos de misturas de águas doce e salgada.
Esta documentado que a formação de dolomite moderna ocorre sob condições de anaerobiose em lagoas salinas supersaturadas ao longo da costa do Rio de Janeiro (Brasil), nomeadamente, na Lagoa Vermelha e no Brejo do Espinho. Postula-se frequentenebte que a dolomite se desenvolve apenas com a ajuda de bactérias redutoras de sulfato (como Desulfovibrio brasiliensis).[13]
No entanto, a dolomite de baixa temperatura pode ocorrer em ambientes naturais ricos em matéria orgânica e superfícies de células microbianas,[14] como resultado da complexação de magnésio por grupos carboxila associados à matéria orgânica.[15]
Vastos depósitos de dolomite estão presentes no registo geológico, mas o mineral é relativamente raro em ambientes modernos. Sínteses inorgânicas de baixa temperatura de dolomite e magnesite, consideradas como comprovadamente reproduzíveis, foram publicadas pela primeira vez em 1999. Essas experiências laboratoriais mostraram como a precipitação inicial de um "precursor" metaestável (como calcite de magnésio) evoluirá gradualmente para a fase mais estável (como dolomite ou magnesite) durante intervalos periódicos de dissolução e re-precipitação. O princípio geral que governa o curso desta reação geoquímica irreversível foi considerado como uma quebra das estapas da regra de Ostwald.[16]
Existem algumas evidências da ocorrência de dolomite biogénica. Um exemplo é a formação de um urólito de dolomite na bexiga de um cão, possivelmente como resultado de uma doença ou infecção.[17]
Usos
[editar | editar código-fonte]A dolomite é usada como uma pedra ornamental, para a preparação de agregantes para betões e como fonte de óxido de magnésio, especialmente no processo de Pidgeon para a produção de magnésio. É também parte importante das rochas dolomíticas, as quais por sua vez são importantes na formação de reservatórios geológicos de petróleo e servem como rocha hospedeira para grandes depósitos carbonatados de chumbo-zinco delimitados por estratos de dolomite (conhecidos como do tipo Vale do Mississippi ou MVT), com elevadas quantidades de minérios de metais de base como chumbo, zinco e cobre.
Onde o calcário de calcite é incomum ou muito caro, a dolomita é por vezes usada em sua substituição como fundente para a produção de ferro e aço. Grandes quantidades de dolomita processada são usadas na produção de vidro float (ou seja vidro plano fabricado pelo processo de flutuação).
Em horticultura, dolomite e calcário dolomítico são adicionados aos solos e misturas de envasamento sem solo como tampão de pH e como fonte de magnésio. A dolomite também é usada como substrato em aquários marinhos (aquários de água salgada) para ajudar a amortecer as mudanças no pH da água.
Dolomite calcinada também é usada como um catalisador para a destruição de alcatrão na gaseificação de biomassa a altas temperaturas.[18]
Na investigação em matéria de física das partículas têm sido construídos detectores de partículas sob camadas de rochas dolomíticas para permitir que os detectores detectem um maior número de partículas. Como a dolomite contém quantidades relativamente pequenas de materiais radioativos, pode isolar contra a interferência dos raios cósmicos sem aumentar os níveis de radiação de fundo.[19]
Além de ser um mineral industrial, a dolomite é muito valorizada por colecionadores e museus quando forma grandes cristais transparentes. Os exemplares que aparecem na pedreira de magnesite explorada em Eugui, Esteribar (em Navarra) são considerados entre os melhores do mundo.[20]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Dolomitização – processo geológico que conduz à formação de dolomite
- Evaporito – mineral sedimentar solúvel em água formado por evaporação de uma solução aquosa
- Lista de minerais – lista de minerais
- Dolomites – grupo de montanhas dos Alpes italianos
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Deer, W. A., R. A. Howie and J. Zussman (1966) An Introduction to the Rock Forming Minerals, Longman, pp. 489–493. ISBN 0-582-44210-9.
- ↑ Dolomite Arquivado em 2008-04-09 no Wayback Machine. Handbook of Mineralogy. (PDF) . Retrieved on 2011-10-10.
- ↑ Dolomite Arquivado em 2005-08-27 no Wayback Machine. Webmineral. Retrieved on 2011-10-10.
- ↑ Dolomite Arquivado em 2015-11-18 no Wayback Machine. Mindat.org. Retrieved on 2011-10-10.
- ↑ Krauskopf, Konrad Bates; Bird, Dennis K. (1995). Introduction to geochemistry 3rd ed. New York: McGraw-Hill. ISBN 9780070358201. Cópia arquivada em 26 de fevereiro de 2017
- ↑ Dicionário Priberam da Língua Portuguesa. «Dolomite»
- ↑ Linnaeus, C. (1768), Systema naturae per regnum tria naturae, secundum classes, ordines, genera, species cum characteribus & differentiis. Tomus III. Laurentii Salvii, Holmiae, 236 p.
- ↑ Zenger, D. H., Bourrouilh-Le Jan, F. G. and Carozzi, A. V.. Dolomites - A volume in honor of Dolomieu. Purser, B., Tucker, M., & Zenger, D. (ed.), 1994. pp. 21–28.
- ↑ Der Namensgeber der Dolomiten[ligação inativa].
- ↑ Klein, Cornelis and Cornelius S. Hurlbut Jr., Manual of Mineralogy, Wiley, 20th ed., p. 339-340 ISBN 0-471-80580-7
- ↑ «Dolomite Mineral - Uses and Properties». geology.com
- ↑ Kaufmann, James. Sinkholes Arquivado em 2013-06-04 no Wayback Machine. USGS Fact Sheet. Retrieved on 2013-9-10.
- ↑ Vasconcelos C.; McKenzie J. A.; Bernasconi S.; Grujic D.; Tien A. J. (1995). «Microbial mediation as a possible mechanism for natural dolomite formation at low temperatures». Nature. 337 (6546): 220–222. Bibcode:1995Natur.377..220V. doi:10.1038/377220a0
- ↑ Snyder, Glen T.; Matsumoto, Ryo; Suzuki, Yohey; Kouduka, Mariko; Kakizaki, Yoshihiro; Zhang, Naizhong; Tomaru, Hitoshi; Sano, Yuji; Takahata, Naoto; Tanaka, Kentaro; Bowden, Stephen A. (5 de fevereiro de 2020). «Evidence in the Japan Sea of microdolomite mineralization within gas hydrate microbiomes». Scientific Reports (em inglês). 10 (1): 1876. ISSN 2045-2322. PMC 7002378. PMID 32024862. doi:10.1038/s41598-020-58723-y
- ↑ Roberts, J. A.; Kenward, P. A.; Fowle, D. A.; Goldstein, R. H.; Gonzalez, L. A.; Moore, D. S. (1980). «Surface chemistry allows for abiotic precipitation of dolomite at low temperature». Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. 110 (36): 14540–5. Bibcode:2013PNAS..11014540R. PMC 3767548. PMID 23964124. doi:10.1073/pnas.1305403110 Verifique o valor de
|name-list-format=amp
(ajuda) - ↑ Deelman, J.C. (1999): "Low-temperature nucleation of magnesite and dolomite" Arquivado em 2008-04-09 no Wayback Machine, Neues Jahrbuch für Mineralogie, Monatshefte, pp. 289–302.
- ↑ Mansfield, Charles F. (1980). «A urolith of biogenic dolomite – another clue in the dolomite mystery». Geochimica et Cosmochimica Acta. 44 (6): 829–839. Bibcode:1980GeCoA..44..829M. doi:10.1016/0016-7037(80)90264-1
- ↑ A Review of the Literature on Catalytic Biomass Tar Destruction Arquivado em 2015-02-04 no Wayback Machine National Renewable Energy Laboratory.
- ↑ Short Sharp Science: Particle quest: Hunting for Italian WIMPs underground Arquivado em 2017-05-17 no Wayback Machine. Newscientist.com (2011-09-05). Retrieved on 2011-10-10.
- ↑ Calvo M.; Sevillano, E. (1991). «The Eugui quarries, Navarra, Spain». The Mineralogical Record. 22: 137–142
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Media relacionados com Dolomita no Wikimedia Commons