Estação Ferroviária de Alverca – Wikipédia, a enciclopédia livre
Alverca | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
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a estação de Alverca em 2012, vista de nordeste | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Identificação: | 31187 ACA (Alverca)[1] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Denominação: | Estação de Concentração de Alverca | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Administração: | Infraestruturas de Portugal (até 2020: centro;[2] após 2020: sul)[3] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Classificação: | EC (estação de concentração)[1] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Tipologia: | B [2] | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Linha(s): | Linha do Norte (PK 21+810) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Altitude: | 10 m (a.n.m) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Coordenadas: | 38°53′24.01″N × 9°2′2.8″W (=+38.89;−9.03411) | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Município: | Vila Franca de Xira | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Serviços: | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
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Coroa: | Coroa 2 Navegante | ||||||||||||||||||||||||||||||||||
Conexões: | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Equipamentos: | |||||||||||||||||||||||||||||||||||
Website: |
A Estação Ferroviária de Alverca é uma interface da Linha do Norte, que serve a localidade de Alverca do Ribatejo, no município de Vila Franca de Xira, em Portugal.
Descrição
[editar | editar código-fonte]Localização
[editar | editar código-fonte]Esta interface situa-se junto à Avenida D. Pedro, em Alverca do Ribatejo.[4]
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]Em Janeiro de 2011, contava com quatro vias de circulação, com comprimentos entre os 268 e 518 m; as plataformas apresentavam todas 223 m de extensão, e 90 cm de altura.[5]
História
[editar | editar código-fonte]Antecedentes e planeamento
[editar | editar código-fonte]Antes da introdução do caminho de ferro, o concelho de Vila Franca de Xira tinha problemas de acessibilidade, devido a uma rede viária muito deficiente, sendo o principal meio de transporte a navegação ao longo do Rio Tejo.[6]
Nas bases para o concurso do Caminho de Ferro de Lisboa à Fronteira de Espanha, determinadas por um decreto de 6 de Maio de 1852, estava previsto que a primeira secção da linha, até Santarém, seguisse sempre pela margem direita do Rio Tejo, passando junto a várias povoações, incluindo Alverca.[7][8] Em 7 de Dezembro desse ano, o engenheiro Rumball concluiu o seu relatório sobre o percurso que a linha deveria ter, tendo sugerido igualmente a passagem por Alverca.[9]
Em 24 de Agosto de 1856, D. Pedro V visitou as obras da linha, que nessa altura estava quase terminada até ao Carregado, mas o comboio real parou em Alverca e não conseguiu prosseguir a viagem,[10] tendo ficado ali retido durante algum tempo até que uma locomotiva o fosse rebocar de volta para Lisboa.[11] Algum tempo depois, mas ainda durante as obras, foi organizado um outro comboio especial, desta vez para transportar a família real de Lisboa até Vila Franca de Xira, onde grassava uma epidemia de cólera, mas a locomotiva avariou pouco antes de chegar a Alverca.[11] O condutor do comboio foi até Alverca para ir buscar uma locomotiva que lá estava estacionada, enquanto que o maquinista tentou reparar a avaria, mas o rei, depois de várias horas de espera sem sucesso, voltou a pé para Lisboa.[11]
Inauguração e primeiros anos
[editar | editar código-fonte]O troço de Lisboa ao Carregado foi inaugurado em 28 de Outubro de 1856.[12][13]
Com a construção dos caminhos de ferro e a modernização da rede de estradas, verificou-se uma grande expansão das actividades industriais nas freguesias ribeirinhas de Alverca, Póvoa e Alhandra, provocando profundas alterações no tecido social e económico das povoações, e uma forte redução na navegação fluvial.[14] Durante a construção das oficinas dos caminhos de ferro em Santa Apolónia, foi empregado um grande número de operários das povoações ao longo do Tejo, incluindo Alverca, e durante algum tempo tornou-se habitual a deslocação diária de dezenas de pessoas desde as suas habitações até às estações dos caminhos de ferro, onde apanhavam os primeiros comboios até Braço de Prata e depois o "comboio operário" até Santa Apolónia, fazendo depois o percurso inverso no final do dia.[14]
Em 15 de Abril de 1890, foi duplicado o lanço de Olivais ao Carregado.[15]
Século XX
[editar | editar código-fonte]Em 1 de Dezembro de 1901, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que o edifício da estação de Alverca tinha sido reconstruído.[16] O edifício de passageiros situava-se do lado noroeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, a Campanhã).[17][18]
Em 16 de Novembro de 1940, a Gazeta dos Caminhos de Ferro relatou que tinha ocorrido recentemente um acidente numa passagem de nível perto da estação de Alverca, quando um comboio rápido colidiu com uma camioneta, provocando a morte aos dois ocupantes do veículo automóvel.[19]
Em meados do século XX, Alverca possuía uma marquise sobre a gare dos passageiros, tendo sido uma das estações onde tinham sido introduzidos novos modelos de marquises em substituição dos mais antigos, que já não ofereciam uma protecção eficiente.[20] Em 28 de Abril de 1957, foi inauguração a tracção eléctrica no lanço entre Lisboa e o Carregado.[21]
Modernização
[editar | editar código-fonte]Em finais da Década de 1980, a operadora Caminhos de Ferro Portugueses iniciou um programa de modernização dos sistemas de sinalização e controlo de tráfego em várias vias férreas, especialmente a Linha do Norte.[22] Em 1990, foi aberto o concurso para o projecto 3AS, relativo à instalação de novos equipamentos de sinalização em parte da Linha do Norte, que abrangeu a plena via e várias estações, incluindo a de Alverca.[23] Outro objectivo deste programa de modernização era a renovação e quadruplicação parcial da Linha do Norte, incluindo o lanço de Braço de Prata a Alverca, e a reconstrução desta última estação, de forma a funcionar como semitérminus.[24] O programa de modernização prosseguiu após a formação em 1997 da Rede Ferroviária Nacional, entidade que tinha sido criada para gerir as infraestruturas ferroviárias, e que construiu a nova estação de Alverca.[25] Em 2000, as automotoras 3500, de dois pisos, começaram a circular entre Alverca e o Cacém.[26]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Comboios de Portugal
- Infraestruturas de Portugal
- Transporte ferroviário em Portugal
- História do transporte ferroviário em Portugal
Referências
- ↑ a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
- ↑ a b Diretório da Rede 2021. IP: 2019.12.09
- ↑ Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
- ↑ «Alverca». Comboios de Portugal. Consultado em 26 de Março de 2015
- ↑ «Linhas de Circulação e Plataformas de Embarque». Directório da Rede 2012. Rede Ferroviária Nacional. 6 de Janeiro de 2011. p. 71-85
- ↑ LOURENÇO, 1995:46-47
- ↑ «Há Oitenta e Três Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 47 (1149). 1 de Novembro de 1935. p. 446. Consultado em 8 de Fevereiro de 2014
- ↑ ABRAGÃO, Frederico de Quadros (1 de Março de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 68 (1637). p. 115-120. Consultado em 15 de Outubro de 2017
- ↑ ABRAGÃO, Frederico de Quadros (16 de Março de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1638). p. 131-138. Consultado em 15 de Outubro de 2017
- ↑ AGUILAR, Busquets de (1 de Junho de 1949). «A Evolução História dos Transportes Terrestres em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1475). p. 383-393. Consultado em 3 de Novembro de 2014
- ↑ a b c ABRAGÃO, Frederico de Quadros (16 de Maio de 1956). «No Centenário dos Caminhos de Ferro em Portugal: Algumas notas sobre a sua história» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1642). p. 217-222. Consultado em 15 de Outubro de 2017
- ↑ CAPELO et al, 1994:221
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1681). p. 9-12. Consultado em 26 de Março de 2015
- ↑ a b LOURENÇO, 1995:49
- ↑ «Troços de linhas férreas portuguesas abertas à exploração desde 1856, e a sua extensão» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 69 (1652). 16 de Outubro de 1956. p. 528-530. Consultado em 15 de Outubro de 2017
- ↑ «Efemérides» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 51 (1227). 1 de Fevereiro de 1939. p. 111-114. Consultado em 17 de Novembro de 2013
- ↑ (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
- ↑ Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
- ↑ SABEL (16 de Novembro de 1940). «Ecos e Comentários» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 52 (1270). p. 772. Consultado em 9 de Março de 2018
- ↑ NUNES, José de Sousa (16 de Junho de 1949). «A Via e Obras nos Caminhos de Ferro em Portugal» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 62 (1476). p. 418-422. Consultado em 15 de Outubro de 2017
- ↑ REIS et al, 2006:125
- ↑ MARTINS et al, 1996:158
- ↑ MARTINS et al, 1996:159
- ↑ MARTINS et al, 1996:208
- ↑ REIS et al, 2006:233
- ↑ REIS et al, 2006:202
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- CAPELO, Rui Grilo; RODRIGUES, António Simões; et al. (1994). História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores, Lda. 480 páginas. ISBN 972-42-1004-9
- LOURENÇO, António Dias (1995). Vila Franca de Xira: Um concelho do país. Vila Franca de Xira: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. 284 páginas
- MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas
- REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP - Comboios de Portugal e Público - Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X