Insurgência do Boko Haram – Wikipédia, a enciclopédia livre
Por favor, melhore este artigo ou secção, expandindo-o. (Outubro de 2024) |
Este artigo ou seção pode conter informações desatualizadas. |
Insurgência do Boko Haram | |||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Parte de Violência religiosa na Nigéria | |||||||
Mapa da região dominada pelos insurgentes. | |||||||
| |||||||
Participantes do conflito | |||||||
Força-Tarefa Conjunta Multinacional Apoio: Milícias e vigilantes locais[10] | Boko Haram Estado Islâmico na África Ocidental (após 2015) Ansaru[11][12] Apoiados por: | ||||||
Líderes | |||||||
Goodluck Jonathan Muhammadu Buhari Bola Tinubu Ibrahim Geidam Ali Modu Sheriff Isa Yuguda Paul Biya Idriss Déby † Mahamat Déby Itno Mahamadou Issoufou | Abubakar Shekau † Abu Musab al-Barnawi Mallam Sanni Umaru[13] Mohammed Yusuf † Abu Usmatul al-Ansari Abu Jafa'ar Abubakar Adam Kambar † | ||||||
Forças | |||||||
130 000 nigerianos 20 000 camaronenses Força-Tarefa Conjunta Multinacional: 7 500 soldados (Benim, Chade e Níger) 300 militares norte-americanos | 7 000 – 10 000 militantes | ||||||
Baixas | |||||||
350 000 mortes totais, dos quais 35 000 diretamente[14] + 2 400 000 civis deslocados internamente[15][16][17] |
A Insurgência do Boko Haram é um conflito armado entre grupos militantes islâmicos jihadistas e o governo da Nigéria. Trata-se de um fenômeno social recente que contrapõe o fanatismo islâmico e o governo central nigeriano, o primeiro para a inclusão da "sharia" em todos os estados da Nigéria e de maioria não-muçulmana e o segundo pela luta contra o que consideram "avanço avassalador da violência anti-cristã".[18]
Segundo alguns relatos, a violência perpetrada pelo Boko Haram teria matado mais de 50 mil pessoas diretamente,[19] além de ter forçado milhares de pessoas a se deslocarem de suas casas pelas devastadas cidades devido a confrontos e tumultos, especialmente na parte norte da Nigéria.[15]
Causas
[editar | editar código-fonte]De acordo com um estudo sobre a demografia e a religião na Nigéria, os muçulmanos formam 50,5% da população. Eles vivem principalmente no norte do país. A maioria dos muçulmanos da Nigéria são sunitas. Os cristãos são o segundo maior grupo religioso e compõem 48,2% da população. Eles predominam no centro e no sul do país, enquanto seguidores de outras religiões constituem 1,4% .[20]
Como muçulmanos formam estritamente a maioria da população, muitos deles procuram introduzir a Sharia - lei islâmica - como principal fonte de legislação. Os 12 estados do Norte introduziram a sharia como base do executivo e do judiciário, nos anos 1999 e 2000. Nos últimos anos, o conflito sectário tem se intensificado.
Um grupo que vem ganhando destaque é o Boko Haram que já tomou mais de vinte cidades no nordeste nigeriano, sobretudo nos estados de Yobe e Borno e nas proximidades da fronteira com o norte de Camarões. O grupo extremista islâmico vem cometendo atrocidades contra cristãos, sequestram meninas e mulheres, estupram, praticam comércio de seres humanos e realizam saques.
Conflitos
[editar | editar código-fonte]As descrições dos refugiados sobre as condições em Bama no início de setembro, contradizem as alegações das forças armadas nigerianas. Os militares dizem que tropas apoiadas por helicópteros armados arrancaram a cidade e Bama do controle dos extremistas.
Moradores que fugiram de Bama para a cidade mais próxima de Maiduguri no início de setembro de 2014, dizem que o esforço governamental não é suficiente para expulsar os insurgentes do Boko Haram de algumas cidades, testemunhas e relatórios de agências independentes afirmam que os extremistas circulam livremente nas estradas do nordeste da Nigéria. De acordo com Agência Nacional de Gestão de Emergência do Governo só em setembro eram mais de 12.000 refugiados de Bama.[21] Dezenas de pequenas cidades e aldeias foram dominadas pelos terroristas em todo estado de Borno.
O governo da Nigéria tem respondido ao grupo com uma campanha de bombardeios e comprando novos equipamentos para Força Aérea. A legislação da Nigéria está atualmente considerando um empréstimo de US$ 1 bilhão para os militares.[21] Alguns dos combatentes do grupo estão acampados em prédios do governo, delegacias de polícia e prisões, mas boa parte deles vive e atua em cidades e territórios conquistados. Jacob Zenn um analista político africano alertou que as estratégias da força aérea não estão funcionando e que os extremistas podem ir para a selva se esconder dos ataques e depois voltar.[21]
Um relatório da Chatham House (Instituto Real de Assuntos Internacionais), aponta que os soldados no nordeste estão sofrendo de mau funcionamento de equipamentos, moral baixa, deserções e motins. Apesar do grande aumento de gastos do governo com o exército, pouca parte desse apoio encontrou seu caminho para as linhas de frente já que muitas das tropas que lutam contra a Boko Haram foram pagas com atraso, e por vezes, alguns soldados não receberam.[22]
Uma matéria do The Washington Post alega que o governo está perdendo o controle do nordeste do país e não se empenha tanto em combater o grupo.[23]
O Boko Haram tem erguido bandeiras sobre as cidades que invadiu, forçando qualquer morador a seguir sua versão estrita da sharia.[24]
No começo de 2015, as forças armadas nigerianas, apoiados por diversas nações da África Ocidental (como o Chade, o Níger e Camarões), lançaram diversas ofensivas, nas regiões norte e leste da Nigéria, para tentar expulsar os militantes do Boko Haram destas áreas. A estratégica cidade de Damasak foi retomada pelas tropas africadas em março, após uma semana de combates (pelo menos 200 islamitas foram mortos), marcando uma das primeiras vitórias significativas da nova aliança regional para combater o Boko Haram e seus simpatizantes.[25][26] Ao fim de março, a importante cidade de Gwoza, no noroeste da Nigéria, também conquistada pelo exército nigeriano. Este município era considerado o quartel-general do Boko Haram na região.[27]
Em abril de 2015 o exército nigeriano já havia retomado boa parte da região nordeste do país. A luta na maioria das frentes se tornou então em um confronto de guerrilha e contra-insurgência após o Boko Haram ter perdido boa parte do seu território.[28]
Desde 2016, o grupo sofria de uma disputa interna entre a facção que apoiava Abu Musab al-Barnawi (líder do Estado Islâmico da Província da África Ocidental) e o grupo que permaneceu leal a Abubakar Shekau (o Jamaat Ahlus Sunnah li Dawah wal Jihad). Os dois grupos frequentemente se digladiavam em pequenas escaramuças. Em maio de 2021, durante uma reunião, Shekau detonou um cinturão explosivo que carregava em si, matando a ele próprio e um dos comandantes de al-Barnawi, teoricamente assim encerrando o racha dentro do grupo.[29]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ Faced with Boko Haram, Cameroon weighs death penalty for terrorism. By Tansa Musa, Reuters. YAOUNDE Wed Dec 3, 2014.
- ↑ Chad armoured column heads for Cameroon to fight Boko Haram. AFP for Yahoo! News, January 16, 2015.
- ↑ a b West Africa leaders vow to wage 'total war' on Boko Haram By John Irish and Elizabeth Pineau. 17 May 2014.
- ↑ Gryboski, Michael. «US Offers to Help Find Over 200 Nigerian Schoolgirls Abducted by Boko Haram». Christian Post. Consultado em 3 de maio de 2014
- ↑ a b c Kidnapped schoolgirls: British experts to fly to Nigeria 'as soon as possible'. theguardian.com, Wednesday 7 May 2014.
- ↑ «British troops to help fight against Boko Haram as SAS target Isil». the Telegraph. 20 de dezembro de 2014
- ↑ Canada joins effort to free Nigerian schoolgirls. May 14, 2014. By Murray Brewster, The Canadian Press
- ↑ Iran ready to help Nigeria over abducted girls: Diplomat. Arquivado em 14 de julho de 2014, no Wayback Machine. Monday 19 May, 2014.
- ↑ Israel sends experts to help hunt for Nigerian schoolgirls kidnapped by Islamists. Jerusalem Post; 05/20/2014.
- ↑ «Vigilantes Settle Local Scores With Boko Haram». Voice of America. 15 de fevereiro de 2015. Cópia arquivada em 15 de fevereiro de 2015
- ↑ Sudarsan Raghavan (31 de maio de 2013). «Nigerian Islamist militants return from Mali with weapons, skills». The Washington Post
- ↑ Steve White (13 de março de 2013). «Nigerian hostage deaths: British hostage executed in error». Daily Mirror
- ↑ «Nigeria: Boko Haram Resurrects, Declares TotalJihad». allAfrica
- ↑ Northeast Nigeria insurgency has killed almost 350,000 - UN, Reuters, 24 de junho de 2021
- ↑ a b «ACLED Version 5 (1997–2014)». Armed Conflict Location & Event Data Project. Consultado em 13 de janeiro de 2015
- ↑ «Nigeria IDP Figures Analysis». Consultado em 9 de janeiro de 2019. Arquivado do original em 30 de abril de 2018
- ↑ «IOM Highlights Humanitarian Needs of 2.4 Million Displaced in Northeast Nigeria». International Organisation of Migration. Consultado em 9 de janeiro de 2019
- ↑ Ismene Zarifis (2002). «Human Rights Brief: Rights of Religious Minorities in Nigeria» (em inglês). Wcl.american.edu. Arquivado do original em 23 de dezembro de 2009
- ↑ «Boko Haram in Nigeria». Council on Foreign Relations. Consultado em 29 de setembro de 2017
- ↑ «Religious Demographic Profile Nigeria». Pewforum.org. Arquivado do original em 21 de abril de 2010
- ↑ a b c «Boko Haram Extends Control Over Northeast Nigerian City». The Wall Street Journal
- ↑ «Chatham House: Nigeria's Interminable Insurgency?» (PDF). Chatham House. Consultado em 28 de novembro de 2014
- ↑ «Nigeria losing control of northeast to Boko Haram». The Washington Post
- ↑ «The other caliphate». The Economist. Consultado em 28 de novembro de 2014
- ↑ "Moral de tropas africanas é alto após expulsarem Boko Haram de cidades da Nigéria". Reuters.com.br. Página acessada em 20 de março de 2015.
- ↑ "Nigeria launches 'final onslaught' against Boko Haram". Al Jazira. Página acessada em 20 de março de 2015.
- ↑ "Boko Haram HQ Gwoza in Nigeria 'retaken'". Página acessada em 27 de março de 2015.
- ↑ Corones, Mike (5 de maio de 2015). «Mapping Boko Haram's decline in Nigeria». Reuters. Consultado em 10 de maio de 2015
- ↑ «Grupo dissidente confirma morte de líder do Boko Haram». DW.com. Consultado em 9 de junho de 2021