Octávio Frias de Oliveira – Wikipédia, a enciclopédia livre

Octávio Frias de Oliveira

Conhecido(a) por Compra do jornal Folha de S.Paulo
Nascimento 5 de agosto de 1912
Rio de Janeiro
Morte 29 de abril de 2007 (94 anos)
São Paulo
Nacionalidade brasileiro
Ocupação Jornalista, editor e empresário

Octávio Frias de Oliveira (Rio de Janeiro, 5 de agosto de 1912São Paulo, 29 de abril de 2007) foi um jornalista, editor e empresário brasileiro. Notabilizou-se por transformar a Folha de S.Paulo – comprada por ele em agosto de 1962, em sociedade com Carlos Caldeira Filho – em um dos mais influentes veículos de comunicação do país. Frias fez do jornal a base do conglomerado que hoje abrange ainda o UOL, maior portal de internet do país, o jornal Agora São Paulo, o instituto Datafolha, a editora Publifolha, o selo Três Estrelas e a Plural Editora e Gráfica, entre outros empreendimentos.[1]

Penúltimo dos nove filhos do casal Luís Torres de Oliveira e Elvira Frias, Octavio nasceu no bairro de Copacabana, numa família tradicional carioca. Seu bisavô fora o barão de Itambi, político influente no Segundo Reinado.[2]

Em 1918, seu pai, que era juiz de direito em Queluz (SP), licenciou-se para trabalhar com o industrial Jorge Street. A família mudou-se para São Paulo, e Frias foi estudar no Colégio São Luís. Antes de completar oito anos, Frias perdeu a mãe. Em seguida, com a quebra da indústria de Street, a família passou a viver apuros financeiros. Frias abandonou os estudos aos 14 anos para começar a trabalhar.[2]

O primeiro emprego de Frias, em 1926, foi como office-boy na Companhia de Gás de São Paulo, que pertencia, como boa parte dos serviços públicos da época, a empresários ingleses. Em três meses foi promovido a mecanógrafo (operador de máquinas de contabilidade).[2]

Em 1930, aceitou um posto na Secretaria da Fazenda do governo paulista, a fim de organizar a confecção mecânica dos tributos. Para aumentar a renda, vendia rádios à noite. Em 1940, já era diretor do Departamento Estadual do Serviço Público, respondendo pela diretoria de Contabilidade e Planejamento.[2]

Posteriormente, alistou-se nas tropas da Revolução Constitucionalista, que eclodiu em julho de 1932. Permaneceu dois meses em Cunha, na região do Vale do Paraíba, onde passou o aniversário na trincheira, participou de escaramuças e viu companheiros serem mortos.[2]

Frias passou a se dedicar à atividade empresarial a partir do início da década de 40. Em 1945, foi um dos acionistas-fundadores do Banco Nacional Imobiliário (BNI), mais tarde Banco Nacional Interamericano, liderado por Orozimbo Roxo Loureiro. Como diretor da carteira imobiliária, construiu mais de uma dezena de prédios, entre eles o Copan, edifício projetado por Oscar Niemeyer que viria a se tornar um dos símbolos de São Paulo.[2] Em 1953, Frias fundou uma empresa própria, a Transaco (Transações Comerciais), uma das primeiras firmas especializadas na venda de ações diretamente ao público. Traduziu para o português o livro "Do Fracasso ao Sucesso na Arte de Vender", clássico comercial do norte-americano Frank Bettger, e organizou cursos de vendas inéditos no Brasil para uma equipe que chegou a contar com 500 vendedores. Nesse período, Frias, já viúvo, casou-se novamente, com Dagmar de Arruda Camargo, que já tinha uma filha de casamento anterior, Maria Helena, e com quem teve três filhos (Otavio Frias Filho (1957-2018), Luiz Frias e Maria Cristina Frias).[2]

Em 1954, o empresário comprou um pequeno sítio nas proximidades de São José dos Campos, interior de São Paulo, que logo se transformou em granja e depois em um empreendimento avícola de porte. A Granja Itambi chegou a manter um plantel de 2 milhões de aves; atualmente, dedica-se apenas à pecuária.[2]

Em 1961, sócio do empresário Carlos Caldeira Filho, Frias fundou a Estação Rodoviária de São Paulo, a primeira do gênero, também conhecida como Rodoviária da Luz, que funcionou até 1982, quando foi inaugurado o Terminal Rodoviário do Tietê, na zona norte da cidade.[2]

Em 13 de agosto de 1962, Frias e Caldeira compraram a Folha de S.Paulo, que disputava com o "Diário Popular" a posição de segundo jornal da capital paulista (o primeiro era “O Estado de S.Paulo”) e que atravessava período de dificuldades financeiras. Como praticamente toda a grande imprensa brasileira, a Folha apoiou o golpe militar que se instaurou no país em 1964.[3][4]

Em 1965, comprou também os jornais populares "Última Hora" e "Notícias Populares" e ainda um terço da TV Excelsior, então líder de audiência, e dois anos depois, foi relançada a "Folha da Tarde" e surgiu o "Cidade de Santos", enquanto os dois sócios assumiam o controle administrativo da Fundação Cásper Líbero.[4] Depoimentos de jornalistas que trabalhavam na empresa na época e documentos do Deops mencionam tanto a existência de membros da guerrilha de oposição à ditadura quanto a infiltração de policiais na redação.[5][6]

Jornalistas e guerrilheiros que atuaram nos anos 1960 e 1970 afirmam que carros da Folha foram usados em missões clandestinas do DOI-Codi, órgão de repressão da ditadura. Não há fotografias nem documentos conhecidos que atestem tal colaboração, negada pelo órgão policial. O então diretor da “Folha da Tarde”, Antônio Aggio, admite o empréstimo de carro do jornal para que um militar participasse de reunião antes do golpe militar, mas nega cessões posteriores e as atribui à posição editorial agressiva da FT contra os movimentos de esquerda. Do lado da Folha, a direção não nega a possibilidade de carros terem sido usados, mas sem o conhecimento da empresa.[7][8][9]

A partir do final de 1983, a Folha liderou entre os veículos de comunicações do país a campanha Diretas-Já. Em 1986, tornou-se o jornal diário de maior circulação no país.[10][11]

Em meados da década de 80, Frias começou a transferir a operação executiva para seus filhos Luiz e Otavio, respectivamente presidente e diretor editorial do Grupo Folha.[2]

Em 1991, Frias e Caldeira decidiram dissolver a sociedade que mantinham, cabendo ao primeiro a empresa de comunicações e ao segundo os demais negócios e imóveis em comum. Em 1995, um ano depois de ultrapassar a marca de um milhão de exemplares aos domingos, a Folha inaugurou o Centro Tecnológico Gráfico-Folha, moderno parque gráfico orçado em 120 milhões de dólares. Em 1996, o Grupo Folha lançou o Universo Online (UOL), um dos maiores provedor de conteúdo e de acesso à internet do país.[12]

Em 2004, Frias concedeu sua única entrevista a um veículo de comunicação fora do Grupo Folha, o portal AOL (America Online). Ao jornalista Jorge Félix, o empresário criticou a intenção do governo de conceder empréstimos, por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), ao setor de comunicação.[13]

Homenagens e morte

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O então presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva, durante o velório de Octavio.

No 79º aniversário da Folha, em fevereiro de 2000, Frias foi homenageado pela Câmara dos Deputados, em sessão solene. Em 2002, a Fiam (Faculdades Integradas Alcântara Machado) inaugurou a cátedra Octavio Frias de Oliveira, com programação de seminários mensais, e deu ao publisher da Folha o título de professor honoris causa.

Em setembro de 2006, o governo paulista condecorou Frias com a Ordem do Ipiranga, a mais elevada honraria do Estado. Em novembro de 2006, como decorrência de uma queda doméstica, o empresário foi submetido a cirurgia para remoção de hematoma craniano. Após alta hospitalar na passagem do ano, suas condições clínicas pioraram, levando a um quadro de insuficiência renal grave. Frias morreu em São Paulo, em 29 de abril de 2007, aos 94 anos.[14]

A Ponte Octávio Frias de Oliveira, em São Paulo, que leva o nome do empresário.

Após a morte de Frias, a Prefeitura de São Paulo batizou com seu nome a ponte estaiada que liga a avenida Jornalista Roberto Marinho à Marginal Pinheiros, na zona sul de São Paulo, aberta ao trânsito em maio de 2008.[15] No mesmo mês, o governo do Estado inaugurou o Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, o maior centro oncológico da América Latina, na zona oeste paulistana.[carece de fontes?]

Referências

  1. «Conheça o Grupo Folha». Folha de S.Paulo - Grupo Folha. Consultado em 21 de agosto de 2018 
  2. a b c d e f g h i j «Empresário foi obstinado por independência e novidades». Folha de S.Paulo. Uol. 30 de abril de 2007. Consultado em 16 de abril de 2017 
  3. «Editorial:1964». Folha de S.Paulo. 30 de março de 2014. Consultado em 31 de março de 2014 
  4. a b Oscar Pilagallo (19 de fevereiro de 2011). «Os 90 anos da Folha em 9 atos». Folha de S.Paulo. Consultado em 30 de março de 2014 
  5. José Maria Mayrink (30 de abril de 2007). «Morre Octavio Frias de Oliveira, publisher do Grupo Folha». O Estado de S. Paulo. Consultado em 29 de março de 2014 
  6. Marina Amaral (9 de fevereiro de 2012). «Conversas com o Mr. Dops». Agência Pública. Consultado em 29 de março de 2014 
  7. «Livro resgata a história da Folha durante a ditadura». Folha online 
  8. Oscar., Pilagallo, (2011). História da imprensa paulista : jornalismo e poder de D. Pedro a Dilma. São Paulo, SP: Três Estrelas. ISBN 9788565339018. OCLC 805831641 
  9. 1965-, Pinto, Ana Estela de Sousa,. Folha. São Paulo, SP: [s.n.] ISBN 9788579143717. OCLC 864757735 
  10. «Folha.com - Folha 90 anos - Grupo Folha triplica faturamento em dez anos e consolida liderança - 19/02/2011». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  11. http://www.ivcbrasil.org.br, IVC -. «IVC Brasil». www.ivcbrasil.org.br. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  12. «História - Sobre UOL». sobreuol.noticias.uol.com.br. Consultado em 28 de agosto de 2018 
  13. «A singeleza de um furo». Observatório da imprensa. Consultado em 16 de abril de 2017 
  14. Márcio Chaer (2 de maio de 2007). «Saiba quem foi o empresário Octavio Frias de Oliveira». Consultor Jurídico. Consultado em 16 de abril de 2017 
  15. José Ernesto Crendio e Fábio Takahashi. «Com 138 m de altura, ponte estaiada é aberta». Folha de S.Paulo. Uol. Consultado em 16 de abril de 2017 

Ligações externas

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