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Paço Municipal de Porto Alegre
Paço Municipal de Porto Alegre
Fachada do Paço Municipal
Informações gerais
Nomes alternativos Paço dos Açorianos
Prefeitura Velha
Tipo Público, governamental
Estilo dominante Eclético
Arquiteto Giovanni Colfosco
Início da construção 1898
Fim da construção 1901
Website www.portoalegre.rs.gov.br/vivaocentro
Geografia
País Brasil
Localização Praça Montevidéu, n.° 10,
Centro Histórico de Porto Alegre.
Coordenadas 30° 01′ 41″ S, 51° 13′ 43″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

O Paço Municipal de Porto Alegre, também conhecido como Prefeitura Velha ou Paço dos Açorianos, é um prédio histórico de Porto Alegre, a capital do estado brasileiro do Rio Grande do Sul, sendo um dos mais característicos e importantes marcos arquitetônicos da cidade. Inaugurado em 1901, com projeto de Giovanni Colfosco, por muito tempo sediou o gabinete do prefeito e órgãos administrativos. Tombado pelo município em 1979, depois de uma ampla reforma em 2003, passou a ceder algumas salas para exposições de arte, tendo ali também os escritórios e a reserva técnica do Acervo Artístico da Prefeitura de Porto Alegre. Em 2022, na semana de comemorações dos 250 anos de fundação da cidade, o prefeito passou o prédio para a administração da Secretaria Municipal da Cultura, que ali instalou o Museu de Arte do Paço.

O Paço Municipal foi construído para ser a sede da Intendência de Porto Alegre, que até então funcionava em diversos espaços alugados no Centro Histórico de Porto Alegre. Eleito pelo Partido Republicano em 1897, o intendente José Montaury comprometeu-se com a construção de uma sede definitiva para o Poder Executivo local. Para tal, foram necessários o aterro da Doca do Carvão e a venda de terrenos municipais a fim de levantar fundos para a obra.[1]

O primeiro projeto para a Intendência foi o do engenheiro Oscar Bittencourt, mas devido a ponderações de ordem política o projeto foi vetado e encomendou-se um novo desenho ao veneziano Giovanni Colfosco. A pedra fundamental foi lançada em 5 de abril de 1898, e a construção iniciou em 28 de setembro daquele mesmo ano. O prédio foi concluído em abril de 1901, sendo ocupado a partir de 15 de maio pelo Conselho Municipal, pela Secretaria, pela Contabilidade, pela Tesouraria e Arrecadação, além do Arquivo, da Inspetoria de Veículos, da Assistência Pública e do primeiro Posto Policial, com sua respectiva cadeia. O custo final da obra chegou a 500 contos de réis, e a maior parte dos materiais empregados proveio da própria Porto Alegre.[1]

Um dos leões do Paço Municipal

Constitui-se o primeiro prédio de caráter nitidamente positivista da cidade, e cujo partido geral da planta, em forma de H, deixou profunda influência na arquitetura oficial do período.[2] O edifício reflete o gosto pela monumentalidade vigente na época, e segue um estilo eclético derivado de padrões neoclássicos, e influenciado por diretrizes positivistas, como se percebe pela estatuária alegórica na fachada. No grupo à direita, junto à Avenida Borges de Medeiros, a figura central representa a Liberdade e a da direita, a História; o busto de Péricles, a Democracia; já a figura da esquerda representa a Ciência. A figura central do grupo colocado próximo à rua Uruguai representa a Agricultura; a da direita representa o Comércio; e a da esquerda figura a Indústria. Em acréscimo, estátuas isoladas que representam a Justiça e a República. Na fachada frontal existem bustos de José Bonifácio e do Marechal Deodoro da Fonseca. No centro encontra-se o Brasão da República.[3]

O emprego de ordens clássicas não impediu adaptações criativas e simbólicas dos padrões estilísticos tradicionais. Por exemplo, a ordem dórica no térreo representa o Poder, e a coríntia, ao alto, fala da Harmonia e da Justiça. O corpo do prédio tem volumetria movimentada, tripartida, com elementos angulares que se projetam à frente. Todas a quatro fachadas são decoradas com cuidado, embora a estatuária e maior ornamentação se concentrem na fachada principal, onde também se eleva uma pequena torre central. Janelas em edícula com tímpanos, platibandas, balaustradas, embasamento simulando pedra rústica, e grandes leões de mármore nas escadarias laterais da frente contribuem para acentuar a beleza e interesse do conjunto.[3]

O Paço Municipal passou por diversas reformas e restaurações ao longo do tempo. O ex-intendente, e agora prefeito Alberto Bins em 06 de setembro de 1932 autorizou a encomenda da reforma e novas aberturas do prédio. Essa obra foi realizada pelo portalista e artista plástico Vergílio López de Jesús, morador em Salvador, Bahia, mas nascido em Barcelona na Espanha. Os esboços e o Projeto foram criados na Cidade de Salvador, mas a obra si em madeira de lei foi montada no número 79 da Múcio Teixeira, bairro Cidade Baixa. Começando o trabalho no final de 1932 e ocorrendo a finalização da obra apenas no início de 1935. Curiosamente nessa época, Vergílio López de Jesús concluiu e entregou a porta principal da Igreja Nossa Senhora do Livramento na Cidade de Guaíba.

Perspectiva traseira do Paço Municipal

Em 1977 foi incluído pela Prefeitura no Inventário dos Bens Imóveis de Valor Histórico e Cultural e de Expressiva Tradição,[4] sendo tombado pelo município em 21 de novembro de 1979. No largo à sua frente está instalada a Fonte Talavera de La Reina, doada pela colônia espanhola em homenagem ao centenário da Revolução Farroupilha.[1]

Passou por uma reforma profunda em 2003, adaptando-se diversos espaços internos para exposições de arte e para guarda do Acervo Artístico da Prefeitura de Porto Alegre. No final de 2021 foi anunciado que o Paço Municipal deixaria de abrigar a sede administrativa da Prefeitura. No início de 2022 a Prefeitura começou sua mudança para um novo endereço, o Edifício Habitasul, na Travessa General João Manoel n° 157, e em 26 de março ocorreu a entrega do prédio para a Secretaria Municipal da Cultura, para possibilitar a instalação do Museu de Arte de Porto Alegre. A solenidade integrou as comemorações pelos 250 anos da Capital. Contudo, o gabinete do prefeito e o Salão Nobre serão reservados para utilização do Executivo.[5][6][7]

Durante a grande enchente de 2024 o prédio foi inundado, prejudicando a instalação definitiva do museu. Depois de reparos emergenciais, as atividades foram retomadas em 19 de outubro com a abertura da exposição Marco Zero. A recuperação completa do prédio histórico deve levar mais tempo.[8] Em 16 de dezembro de 2024 a Câmara de Vereadores aprovou projeto do Executivo criando oficialmente o museu, com o nome Museu de Arte do Paço. De acordo com a lei, sua missão será "preservar, pesquisar e comunicar a história e a produção das artes visuais, em especial de Porto Alegre, a partir da promoção e divulgação do seu acervo, enfatizando a história política e a arquitetura do Paço Municipal, sua sede, e local de origem das pinacotecas do município, processo histórico que o constitui, visando contribuir para o desenvolvimento sociocultural da comunidade, do Estado e do país".[9]

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Referências

  1. a b c Franco, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre. Porto Alegre: Editora da UFRGS / Prefeitura Municipal, 1988
  2. Weimer, Günter. Arquitetos e construtores no Rio Grande do Sul. Santa Maria: Editora da UFSM, 2004, 204 pp.
  3. a b Doberstein, Arnoldo Walter. Estatuária e Ideologia: Porto Alegre 1900-1920. Porto Alegre: SMC, 1992
  4. "Lei nº 4317 de 16 de setembro de 1977". Prefeitura de Porto Alegre
  5. "Prefeitura de Porto Alegre se mudará para prédio com vista para o Guaíba". Zero Hora, 25/12/2021
  6. "Prédio da nova sede administrativa será entregue à prefeitura nesta quinta-feira". Prefeitura de Porto Alegre, 03/03/2022
  7. Mendonça, Lissandra. "Paço Municipal será transformado em Museu de Arte de Porto Alegre". Prefeitura de Porto Alegre, 26/03/2022
  8. "Museu de Arte de Porto Alegre retoma atividades com exposição". Prefeitura de Porto Alegre, 19 de outubro de 2024
  9. Canto, Andressa de Bem e. "Aprovada criação do Museu de Arte do Paço". Câmara Municipal de Porto Alegre, 16 de dezembro de 2024

Ligações externas

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