Samuel Hahnemann – Wikipédia, a enciclopédia livre

Samuel Hahnemann
Samuel Hahnemann
Nascimento 10 de abril de 1755
Meissen (Sacro Império Romano-Germânico)
Morte 2 de julho de 1843 (88 anos)
former 1st arrondissement of Paris (Monarquia de Julho)
Residência Buenaventura
Sepultamento cemitério do Père-Lachaise
Cidadania Reino da Prússia
Cônjuge Mélanie Hahnemann, Johanne Henriette Leopoldine Küchler
Alma mater
Ocupação médico, homeopata, farmacologista, químico, farmacêutico, professor universitário, bibliotecário
Empregador(a) Universidade de Leipzig
Causa da morte pneumonia
Assinatura
Assinatura de Samuel Hahnemann

Christian Friedrich Samuel Hahnemann (Meißen, Saxônia, 10 de abril de 1755Paris, 2 de julho de 1843) foi um médico alemão, fundador da homeopatia em 1779.

Era filho de Christian Gottfried Hahnemann, um pintor de porcelana, considerado um mestre na sua arte. Foi o terceiro de quatro filhos do segundo casamento de seu pai, a quem considerava como seu "mestre", dada a coincidência de posições sobre a dignidade e moralidade que ambos partilhavam.

Seu pai sempre tentou fazer com que o seu filho continuasse a sua profissão, mas o jovem Hahnemann resolveu-se pela sua forte inclinação intelectual. A sua insaciável procura por conhecimento tornou-o aluno predilecto do seu professor que, após os estudos primários, convenceu o pai de Samuel a deixá-lo seguir estudos em St. Afra como aluno particular do professor Müller. Era aluno externo, pelo que residia com o professor e não pagava a escolaridade. Esta escola era frequentada por nobres locais, e tinha reputação de seriedade e qualidade de ensino.

Hahnemann foi para Leipzig em 1775, depois de terminar os estudos de liceu, estudar medicina. Leipzig era, nessa altura, a capital intelectual da Saxónia. A sua Universidade era muito famosa. A faculdade de medicina apenas contemplava disciplinas de ensino teórico, descurando o ensino perto do doente, o que acontecia em todas as faculdades de medicina da Europa. Este tendência de dar mais importância à teoria que à prática encontrar-se-ia difundida por toda a Alemanha em 1790, o que explica o atraso científico das universidades alemãs da altura. Durante a estadia em Leipzig, Samuel Hahnemann fez muitas traduções de obras no domínio da medicina e química, o que permitiu estudar em pormenor estes campos.

Em 1777 Hahnemann dirige-se para Viena, onde vai frequentar a nova escola médica de Van Swieten, que tomava como importante a observação e ensino clínico junto do doente. Durante mais de seis meses Hahnemann acompanhou e observou as visitas do Dr. Joseph Quarin ao Hospital onde era médico responsável. Este médico melhorou as condições de diversos hospitais e aperfeiçoou a clínica médica.

Depois de seis meses em Viena, Hahnemann torna-se médico privado e bibliotecário do Governador de Transilvância. Em 1779 vai para Erlangen, onde defende a sua tese de doutoramento em medicina, seguindo depois para Dessau, onde conhece o farmacêutico Haeseler e a sua filha Henriette, com quem casou.

Na sala interior da farmácia do seu sogro inicia as suas experiências de química, ao mesmo tempo que mantém a actividade médica. Continuou o seu trabalho em traduções, às quais acrescentou sempre anotações pessoais, que o ajudaram a ficar conhecido na Alemanha. Trabalhou muito na pesquisa química, publicando diversos artigos em várias revistas de química e farmácia.

Quando estava a traduzir a obra As leituras da Matéria Médica de Cullen, Hahnemann escreveu uma anotação onde criticou a opinião do autor sobre os efeitos da quina no tratamento da malária, que dizia tratar pelo seu sabor amargo. Hahnemann escreveu que não se pode considerar que a quina cure a malária por ser amarga, mas por causar os efeitos semelhantes aos da malária se tomada por alguém saudável, o que ele experimentou. Isto dá origem ao primeiro enunciado do princípio da semelhança.

Hahnemann confirmou as suas descobertas no que diz respeito à chinchona, ao observar que os trabalhadores das fábricas de quinino sofriam do envenenamento da chinchona, que era semelhante à febre intermitente. Começou então a perceber que um remédio pode provocar as condições mórbidas de doença como curá-las, quando testado em voluntários humanos saudáveis. Mais tarde teve dois casos que ajudaram a essa sua teoria. Numa família com quatro crianças, três tiveram escarlatina e apenas uma, que estava a tomar Belladona para a artrite, escapou à infecção. Numa outra família com oito crianças, três tinham escarlatina, e Hahnemann deu às outras cinco Belladona em doses muito baixas. Nenhuma das cinco crianças ficou doente.

A partir de 1796, Hahnemann volta aos seus trabalhos de tradução, apurando a sua doutrina e publicando diversos artigos em jornais de medicina prática. Nestes artigos expunha os absurdos e erros da medicina ortodoxa, a que eles chamava Alopatia. Durante anos andou inconstante, mudando de casa diversas vezes em poucos anos. Os seus recursos vinham quase exclusivamente das suas traduções.

Em 1804 mantém-se em Torgau por sete anos, praticando medicina regularmente, num longo período de estabilidade. Regressa depois a Leipzig, e muda de casa mais duas vezes. Em Köthen exerceu prática médica regular, dando. lhe finalmente alguma estabilidade financeira, sendo então o período de maturidade da doutrina homeopática. Juntaram-se-lhe a ele diversos entusiastas da prática em conjunto, testaram várias drogas com todos os cuidados possíveis para eliminar o erro. Estes testes foram meticulosamente relatados, formando o núcleo da matéria médica homeopática, compilados na clássica Matéria Médica Pura (1811).

Durante alguns anos foi estudando diversas drogas e seus efeitos e aplicações, ficando com uma profunda compreensão da patogenesia de muitas substâncias poderosas, e utilizou-as como remédios. Nesta base construiu a arte da prática homeopática. Devido aos relatos incompletos ou inadequados dos toxicologistas, patologistas e clínicos, Hahnemann não teve opção senão testar os remédios e venenos em indivíduos saudáveis, que seriam ele, a sua família e amigos.

Em 1810, Hahnemann publicou a primeira edição do famoso ORGANON da medicina racional, que foi uma ampliação do seu trabalho A medicina da experiência. Em vida publicou mais quatro edições, corrigidas e aumentadas em função das modificações da sua teoria, segundo a sua experiência. Passou a chamar-se ORGANON A Arte de Curar. Este livro se tornou um clássico em pouco tempo.

Quase todo o espólio manuscrito de Hahnemann e todas as primeiras edições são mantidas no Instituto de História da Medicina da Fundação Robert Bosch em Stuttgart.

  • Conspectus adfectuum spasmodicorum aetiologicus et therapeuticus (Dissertação). Erlangen 1779. (Disponível como reimpressão e na tradução alemã: Visão geral dos estados convulsivos de acordo com causa e cura. Bad Langensalza, Reimpressão 1779/2007, Verlag Rockstuhl, ISBN 978-3-938997-98-7.)
  • Anleitung, alte Schäden und faule Geschwüre gründlich zu heilen. Leipzig 1784, Crusius.
  • Ueber die Arsenikvergiftung, ihre Hülfe und gerichtliche Ausmittelung. Leipzig 1786, Crusius.
  • Abhandlung über die Vorurteile gegen die Steinkohlenfeuerung. Dresden 1787, Waltherische Hofbuchhaltung.
  • Unterricht für Wundärzte über die venerischen Krankheiten, nebst einem neuen Quecksilberpräparate. Leipzig 1787. Crusius. ((Texto completo no Google [1])
  • Ueber die Weinprobe auf Eisen und Blei. Leipzig 1788.
  • Freund der Gesundheit. Frankfurt 1792.
  • Apothekerlexikon. 4 Theile in 2 Bänden, Leipzig 1793–1798. (Online em zeno.org [2], 2.Volumes )
  • Striche zur Schilderung Klockenbrings während seines Trübsinns. In: Deutsche Monatsschrift, 1. Jg. (1796), S. 147–159.
  • Versuch über ein neues Princip zur Auffindung der Heilkräfte der Arzneisubstanzen, nebst einigen Blicken auf die bisherigen. In: Hufelands Journal der practischen Arzneykunde, Bd. 2 (1796), 3. Stück, S. 391–439 (texto completo no Google [3]) sowie 4. Stück, S. 465–561 (texto completo no Google [4])
  • Heilung und Verhütung des Scharlach-Fiebers. Gotha 1801.
  • Ueber die Kraft kleiner Gaben der Arzneien und der Belladonna insbesondere. In: Hufelands Journal der practischen Arzneykunde, Band 13 (1801), 2. Stück, S. 152–159.
  • Der Kaffee in seinen Wirkungen. Leipzig 1803.
  • Fragmenta de viribus medicamentorum positivis sive in sano corpore humano observatis. Leipzig 1805, Barthius.
  • Heilkunde der Erfahrung. In: Hufelands Journal der practischen Arzneykunde, Band 22 (1805), 3. Stück, S. 5–99 (texto completo no Google Livros)
  • Fingerzeige auf den homöopathischen Gebrauch der Arzneien in der bisherigen Praxis. In: Hufelands Journal der practischen Arzneykunde, Bd. 26 (1807), 2. Stück, S. 5–43. Disponível online no Google Livros.
  • Ueber den Werth der speculativen Arzneisysteme, besonders im Gegenhalt der mit ihnen gepaarten, gewöhnlichen Praxis. In: Allgemeiner Anzeiger der Deutschen (1808).
  • Auszug eines Briefes an einen Arzt von hohem Range über die höchst nöthige Wiedergeburt der Heilkunde. In: Allgemeiner Anzeiger der Deutschen (1808).
  • Organon der rationellen Heilkunde. Arnoldische Buchhandlung, Dresden 1810. (Digitalisat und Volltext im Deutschen Textarchiv); Digitalisierte Ausgabe - Universitäts- und Landesbibliothek Düsseldorf
    • Spätere, jeweils vermehrte und veränderte Auflagen unter dem Titel: Organon der Heilkunst. 2. Auflage: Dresden 1819. 3. Auflage: Dresden 1824. 4. Auflage: Dresden und Leipzig 1829. 5. Auflage: Dresden und Leipzig 1833 (texto completo no [5]). 6. Auflage (posthum): Leipzig 1921 (nach der handschriftlichen Neubearbeitung Hahnemanns hrsg. und mit Vorwort versehen von Richard Haehl); (Disponível online em zeno.org). Textkritische Ausgabe der 6. Auflage, besorgt von Josef M. Schmidt, Heidelberg 1991
  • Reine Arzneimittellehre. Theil 1–6. Leipzig, 1811–1821. Zweite, vermehrte Auflage: Leipzig 1822–1827. (Online em zeno.org [6])
    • 3. 2. Aufl. 1825
    • 4. 2., verm. Aufl. 1825
    • 5. 2. Aufl. 1826
    • 6. 2. Aufl. 1827
  • De helleborismo veterum. Leipzig 1812.
  • Die chronischen Krankheiten. Ihre eigenthümliche Natur und homöopathische Heilung, Theil 1–5. Erste Auflage: Leipzig 1828–1830. Zweite, veränderte und vermehrte Auflage: Leipzig und Dresden 1835–1839. (Online em zeno.org [7])
  • Allöopathie. Ein Wort der Warnung an Kranke jeder Art. Leipzig 1831.(texto completo no Google [8])
  • Heilung der asiatischen Cholera und Schützung vor derselben. Nürnberg 1831. Digitalisat, Uni Tübingen
  • Sicherste Ausrottung und Heilung der asiatischen Cholera. Leipzig 1831, Glück.
  • Sendschreiben über die Heilung der Cholera und die Sicherung vor Ansteckung am Krankenbette. Berlin 1831, Hirschwald. (texto completo no Google [9])
  • Zur elektronischen Volltextsuche liegt eine CD-ROM-Ausgabe der Directmedia Publishing GmbH aus dem Jahr 2005 vor. Die Ausgabe mit dem Titel: Die Geburt der Homöopathie – Samuel Hahnemanns Werke enthält die Werke: Versuch über ein neues Prinzip zur Auffindung der Arzneisubstanzen. Jena; Academische Buchhandlung 1796, Heilkunde der Erfahrung, Berlin; Wittich, 1805, Organon der Heilkunst, 5. Aufl., Dresden, Leipzig; Arnold 1833, Organon der Heilkunst. 6. Aufl., Ulm; Haug 1958, Reine Arzneimittellehre. 6 volumes, 2. u. 3. Aufl., Dresden, Leipzig; Arnold 1825–1839 und Die chronischen Krankheiten. 5 Bände, 2. Aufl., Dresden, Leipzig; Arnold 1835–1839 (ISBN 3-89853-016-7).
  • William Falconer: Versuch über die mineralischen Wasser, 1777.
  • Jean Baptiste van den Sande: Die Kennzeichen der Güte und Verfälschung der Arzneimittel, 1787.
  • Joseph Berrington: Geschichte Abälards und der Heloise, Leipzig 1789.
  • William Cullen: Abhandlung über die Materia Medika, übersetzt und mit Anmerkungen versehen von S.H. 2 volumes. Leipzig 1790.
  • D. Monro: Chemisch pharmaceutische Arzneimittellehre. Übersetzt und mit Anmerkungen versehen von S.H. 2 volumes. Leipzig 1791.
  • Neues Edinburgher Dispensatorium, Leipzig 1797/1798.

Correspondência

[editar | editar código-fonte]
  • Martin Stahl: Der Briefwechsel zwischen Samuel Hahnemann und Clemens von Bönninghausen. (Medizinische Dissertation, Göttingen 1995), Heidelberg 1997 (= Quellen und Studien zur Homöopathiegeschichte, 3)
  • Revista Literária Espírita Delfos. Catanduva (SP), ano V, ed. 2, nº 20, 2005. p. 16-17.