Estação Ferroviária de Vila Real – Wikipédia, a enciclopédia livre

Vila Real
Estação Ferroviária de Vila Real
a estação de Vila Real após o encerramento
Identificação: 14266 VRE (Vila Real)[1]
Denominação: Estação de Vila Real
Administração: Infraestruturas de Portugal (norte)[2]
Classificação: E (estação)[1]
Linha(s): Linha do Corgo (PK 25+069)
Altitude: 425 m (a.n.m)
Coordenadas: 41°17′38.85″N × 7°44′18.96″W

(=+41.29413;−7.7386)

Mapa

(mais mapas: 41° 17′ 38,85″ N, 7° 44′ 18,96″ O; IGeoE)
Município: Vila RealVila Real
Conexões:
Ligação a autocarros
Ligação a autocarros
3
Inauguração: 12 de maio de 1906 (há 118 anos)
Encerramento: 25 de março de 2009 (há 15 anos)
Website:
 Nota: Este artigo é sobre a antiga estação na Linha do Corgo. Se procura a actual estação na Linha do Algarve, veja Estação Ferroviária de Vila Real de Santo António. Se procura a antiga estação na Linha do Algarve, veja Estação Ferroviária de Vila Real de Santo António - Guadiana.

A Estação Ferroviária de Vila Real é uma interface encerrada da Linha do Corgo, que servia a cidade de Vila Real, em Portugal. Foi inaugurada em 12 de Maio de 1906,[3] e fechada em 25 de Março de 2009.[4]

Estação de Vila Real, em 1993.

Caraterização física

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O edifício de passageiros situava-se do lado nornoroeste da via (lado esquerdo do sentido ascendente, para Chaves).[5][6]

Ver artigo principal: História da Linha do Corgo

Durante o mandato de António Cardoso Avelino como Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria (1871-1876), o industrial alemão Maximiliano Schreck apresentou uma proposta para uma via férrea entre Vila Real e Viseu, passando pelo Peso da Régua, Lamego, que no entanto não teve seguimento.[7] Também na década de 1870, o empresário e político Oliveira Martins planeou a continuação da Linha da Póvoa, que partia da cidade do Porto, até Chaves e Vila Real.[8]

Vista da estação, em 1996

Planeamento e inauguração

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Quando as bases para o concurso de construção e exploração da Linha do Corgo foram publicadas pelo governo, em 24 de Maio de 1902, a linha foi dividida em cinco secções, sendo a primeira entre o Peso da Régua e a futura estação de Vila Real, e a segunda a partir deste ponto até Vila Pouca de Aguiar.[9] A estação que iria servir Vila Real deveria ser instalada na zona do Monte da Raposeira, junto à cidade.[10] A Linha do Corgo foi construída pela Divisão do Minho e Douro dos Caminhos de Ferro do Estado,[11] tendo as obras principiado em 24 de Agosto de 1903.[12] Em Maio de 1904, a Gazeta dos Caminhos de Ferro noticiou que as obras no troço até à estação de Vila Real estavam num estado adiantado.[13] O comboio chegou pela primeira vez à estação em 1 de Abril de 1906,[14] mas a estação só foi inaugurada em 12 de Maio de 1906, como terminal provisório da Linha do Corgo.[15] Foi realizado um comboio especial para a cerimónia de inauguração, rebocado por uma locomotiva da Série E161 a E170.[16]

Para ligar a ponte metálica à estação, foi instalada uma avenida, que depois da inauguração passou a denominar-se de Avenida D. Carlos; após a Implantação da República Portuguesa, o nome foi alterado para Avenida 5 de Outubro.[17]

Chegada de D. Carlos a Vila Real, em 14 de Julho de 1907.

Continuação até Pedras Salgadas

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Em 1 de Março de 1905, já estavam a decorrer as obras para o troço seguinte, até Pedras Salgadas.[18]

Em 14 de Julho de 1907, o Rei D. Carlos I percorreu a Linha do Corgo para inaugurar o troço até Pedras Salgadas, e quando passou na gare de Vila Real foi recebido por dois grupos distintos, um a favor da monarquia, e outro contra a ditadura de João Franco.[19] Este troço entrou ao serviço no dia seguinte.[15]

Em 5 de Setembro de 1909, Bernardino Machado visitou a localidade de Vila Real, tendo sido recebido na estação por republicanos daquela localidade, de Sabrosa e Santa Marta de Penaguião.[20] Em 26 de Setembro de 1910, o governador civil emitiu um ofício para as entidades locais de Vila Real, pedindo que comparecessem na gare ferroviária, para preparar a futura visita do Rei D. Manuel II à vila.[21] Esta viagem era para ter sido feita em 5 de Outubro desse ano, mas não chegou a ser realizada devido à revolução republicana.[21]

Vista do edifício da estação.

Primeira República

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Em 1913, existia uma carreira de diligências ligando a gare de Vila Real a Sabrosa.[22]

Em 21 de Abril de 1917, o Batalhão do Regimento de Infantaria n.º 13, baseado em Vila Real, partiu para Lisboa em dois comboios especiais, para depois embarcar com destino à França.[23] Em 6 de Janeiro de 1919, chegou à Régua a coluna do major Alberto Margaride da Junta Militar do Norte, com o propósito de conquistar Vila Real.[24] A resistência republicana foi comandada pelo coronel Ribeiro de Carvalho, que ordenou que fosse suspensa a circulação dos comboios no troço entre a Régua e Vila Real.[24] Em 25 de Janeiro, os monárquicos causam vários distúrbios na vila, pelo que o inspector Francisco d'Almeira Guimarães retirou o material circulante para Vidago, para dificultar o avanço realista sobre Chaves.[25]

Automotoras da Série 9700 na estação, em 1996.

Em Outubro de 1921, o corpo de António Granjo, que tinha sido assassinado durante a revolta de 19 de Outubro, foi transportado por caminho de ferro até Chaves.[26] Quando o comboio funerário passou pela estação de Vila Real, o comércio na vila fechou as portas em sua homenagem.[26] Durante a Revolução de 28 de Maio de 1926, a estação ferroviária foi um dos edifícios ocupados pelo Regimento de Infantaria 13 em Vila Real.[27]

Detalhe de um aparelho de mudança de via.

Transição para a Companhia Nacional

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Em 1927, os Caminhos de Ferro do Estado foram integrados na Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, que por sua vez os arrendou a outras companhias, tendo a Companhia Nacional de Caminhos de Ferro sido encarregue da exploração da Linha do Corgo.[28] Em 3 de Junho de 1928, duas companhias do Regimento de Infantaria 13 partiram da estação de Vila Real num comboio especial, com destino a Lisboa.[29] Em 14 de Setembro de 1929, o Presidente da República, Óscar Carmona, partiu para Pedras Salgadas durante uma visita ao distrito, tendo sido recebido por uma grande multidão quando passou por Vila Real, apesar das condições climatáticas adversas.[30] Em 21 de Junho de 1931, Óscar Carmona visitou Vila Real, tendo sido recebido por um grande número de pessoas na estação, seguindo depois num cortejo até à Câmara Municipal.[31]

Em 1939, a Companhia Nacional fez obras na estação de Vila Real, tendo reparado o edifício principal, os dormitórios e os anexos de Via e Obras, modificado a oficina de ferreiro, e calcetado o pátio do cais da estação.[32]

Carruagens abandonadas na estação, em 1996

Declínio e encerramento

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O lanço da Linha do Corgo entre Chaves e Vila Real foi encerrado em 2 de Janeiro de 1990, como parte de um programa de reestruturação da empresa Caminhos de Ferro Portugueses.[33][34]

Em 25 de Março de 2009, foi suspensa a circulação dos comboios entre a Régua e Vila Real, alegadamente para a realização de obras,[4] acabando por ser definitivamente encerrada pela Rede Ferroviária Nacional em Julho de 2010.[35][36]

Referências

  1. a b (I.E.T. 50/56) 56.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50 : Rede Ferroviária Nacional. IMTT, 2011.10.20
  2. Diretório da Rede 2025. I.P.: 2023.11.29
  3. MARTINS et al, 1996:252
  4. a b CARDOSO, Almeida (3 de Abril de 2011). «Exigem regresso dos comboios». Correio da Manhã. Consultado em 8 de Março de 2013 
  5. (anónimo): Mapa 20 : Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1985), CP: Departamento de Transportes: Serviço de Estudos: Sala de Desenho / Fergráfica — Artes Gráficas L.da: Lisboa, 1985
  6. Diagrama das Linhas Férreas Portuguesas com as estações (Edição de 1988), C.P.: Direcção de Transportes: Serviço de Regulamentação e Segurança, 1988
  7. SERRÃO, 1986:238
  8. SOUSA, José Fernando de (1 de Junho de 1938). «O Problema Nacional Ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 50 (1211). p. 264-270. Consultado em 4 de Setembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  9. «Parte Official» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 15 (348). 16 de Junho de 1902. p. 181-182. Consultado em 8 de Março de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  10. «Há Quarenta Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 48 (1159). 1 de Abril de 1936. p. 201. Consultado em 8 de Março de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  11. REIS et al, 2006:54
  12. «Há 50 Anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 69 (1642). 16 de Maio de 1956. p. 229. Consultado em 19 de Outubro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  13. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1594). 16 de Maio de 1954. p. 130-131. Consultado em 28 de Dezembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  14. MACHADO, 2000:360
  15. a b TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 70 (1684). p. 91-95. Consultado em 8 de Março de 2013 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  16. MARTINS et al, 1996:88
  17. AIRES, 2010:63
  18. «Há 50 anos» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 67 (1613). 1 de Março de 1955. p. 477. Consultado em 13 de Janeiro de 2016 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  19. AIRES, 2010:15
  20. AIRES, 2010:16
  21. a b AIRES, 2010:19-21
  22. «Serviço de Diligencias». Guia official dos caminhos de ferro de Portugal. Ano 39 (168). Outubro de 1913. p. 152-155. Consultado em 22 de Abril de 2018 – via Biblioteca Digital de Portugal 
  23. AIRES, 2010:32
  24. a b AIRES, 2010:37
  25. AIRES, 2010:39
  26. a b AIRES, 2010:43-44
  27. AIRES, 2010:46
  28. REIS et al, 2006:62
  29. AIRES, 2010:49
  30. AIRES, 2010:57
  31. AIRES, 2010:59
  32. «O que se fez em caminhos de ferro no ano de 1939» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. Ano 52 (1249). 1 de Janeiro de 1940. p. 35-40. Consultado em 4 de Setembro de 2015 – via Hemeroteca Digital de Lisboa 
  33. «CP encerra nove troços ferroviários». Diário de Lisboa. Ano 69 (23150). Lisboa: Renascença Gráfica. 3 de Janeiro de 1990. p. 17. Consultado em 10 de Dezembro de 2020 – via Casa Comum / Fundação Mário Soares 
  34. CARDOSO, José António (27 de Dezembro de 2010). «Linha do Corgo parada e sem obras vítima da crise». Diário de Notícias. Consultado em 28 de Março de 2013. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015 
  35. CIPRIANO, Carlos (8 de Julho de 2010). «Refer trava a fundo e reduz investimento de 800 para apenas 200 milhões de euros». Público. Consultado em 8 de Março de 2013 
  36. «Antigo ferroviário oferece-se para recolocar os carris na Linha do Corgo». Jornal de Notícias. 30 de Outubro de 2011. Consultado em 8 de Março de 2013 
  • AIRES, Joaquim (2010). Vila Real: Roteiros Republicanos. Matosinhos: Quidnovi, Edição e Conteúdos, S. A. 128 páginas. ISBN 978-989-554-737-1 
  • MACHADO, Júlio (2000). Crónica da Vila Velha de Chaves. Chaves: Câmara Municipal de Chaves. 448 páginas 
  • MARTINS, João; BRION, Madalena; SOUSA, Miguel; et al. (1996). O Caminho de Ferro Revisitado: O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996. Lisboa: Caminhos de Ferro Portugueses. 446 páginas 
  • REIS, Francisco; GOMES, Rosa; GOMES, Gilberto; et al. (2006). Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. Lisboa: CP-Comboios de Portugal e Público-Comunicação Social S. A. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X 
  • SERRÃO, Joaquim (1986). História de Portugal: O Terceiro Liberalismo (1851-1890). [S.l.]: Verbo. 423 páginas 
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Ligações externas

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